terça-feira, 27 de maio de 2014

Festival de Cannes 2014 - Vencedores

  Foi divulgada no último sábado (24) a lista de vencedores da 67ª edição do Festival de Cannes.

  A Palma de Ouro, prêmio principal do festival, foi para o longa-metragem Winter Sleep, de Nuri Bilge Ceylan, cineasta já conhecido em Cannes por ter lavado prêmios com o Grande Prêmio do Júri por Era uma Vez na Anatólia (2011) e Distante (2002), além de melhor direção por Os Três Macacos (2008).

  Julianne Moore venceu na categoria de Melhor Atriz, por Maps to the Stars, e o britânico Timothy Spall foi eleito a Melhor ator, por Mr. Turner. Bennett Miller levou o prêmio de Melhor Diretor, por Foxcatcher.

Veja a lista completa, abaixo:

Competição Oficial:

Palma de Ouro
Winter Sleep (Kis Uykusu), de Nuri Bilge Ceylan

Grand Prix
The Wonders (Le Meraviglie), de Alice Rohrwacher

Melhor diretor
Bennett Miller, por Foxcatcher

Melhor ator
Timothy Spall, por Mr. Turner

Melhor atriz
Julianne Moore, por Maps to the Stars

Prêmio do júri
Mommy, de Xavier Dolan, e Adieu au langage, de Jean-Luc Godard

Melhor roteiro
Andrey Zvyagintsev e Oleg Negin, por Leviathan

Camera d'Or (para diretores estreantes)
Party Girl, de Marie Amachoukeli, Claire Burger e Samuel Theis

Melhor curta
Leidi, de Simon Mesa Soto

Melhor curta - menção honrosa
Aissa, de Clement Trehin-Lalanne

Prêmio do júri ecumênico
Timbuktu, de Abderrahmane Sissako


Mostra Un Certain Regard:

Prêmio Un Certain Regard
White God, de Kornel Mundruczo

Prêmio do júri
Force Majeure, de Ruben Ostlund

Prêmio especial do júri
The Salt of the Earth, de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado

Melhor elenco
Party Girl

Melhor ator
David Gulpilil, de Charlie's Country


Quinzena dos Realizadores:

Prêmio Art Cinema Award
Les Combattants, de Thomas Cailley

Prêmio da Society of Dramatic Authors and Composers Prize
Les Combattants

Europa Cinemas Label
Les Combattants


Semana da Crítica:

Grande Prêmio
The Tribe, de Myroslav Slaboshpytskiy

Prêmio Visionário
The Tribe

Prêmio da Society of Dramatic Authors and Composers Prize
Hope, de Boris Lojkine


FIPRESCI - Federação Internacional de Críticos de Cinema:

Competição
Winter Sleep

Un Certain Regard
Jauja, de Lisandro Alonso

Quinzena dos Realizadores
Les Combattants

terça-feira, 20 de maio de 2014

Godzilla - Crítica

  Quando vi a notícia de que o “Rei dos Monstros” estaria de volta às telas de cinema em um remake Hollywoodiano, fiquei primeiramente preocupado; mas, após lembrar-me que nada ficaria pior que o Godzilla de Roland Emmerich, filme que deveras envergonha o clássico japonês de 1954 e demais derivados, de 1998, percebi que não havia motivos para preocupação. Porém, para mim, também não havia motivos para esperar um longa-metragem digno, que superasse todas as expectativas, até porque eu não possuía uma sequer. Tudo isso mudou quando comecei a acompanhar mais a divulgação do Godzilla de Gareth Edwards. Trailers, imagens, comerciais e vídeos promocionais pareciam mostrar de pouco a pouco o que estaria por vir em um dos filmes que, graças à ótima publicidade, tornou-se um dos mais esperados do ano.

 Tal divulgação, porém, ao mesmo tempo fora positiva e negativa em relação ao filme. O lado bom da publicidade foi deixar o público extremamente curioso para conferir o novo filme, esperando ver muita pancadaria entre monstros, cenas de ação e mares de clichês à lá Círculo de Fogo e Transformers; o lado ruim é também justamente esse que acabei de falar. Muita gente que espera assistir ao Godzilla de Edwads esperando ver um filme de ação, onde o monstro aparece constantemente e participa de forma ativa nas cenas de destruição do filme, pode se decepcionar, pois o longa é, antes de mais nada, uma homenagem ao clássico de 1954, dirigido por Ishirô Honda. Tanto a construção da criatura como a trama envolvendo o pesadelo nuclear são notavelmente fieis à obra japonesa de 60 anos atrás.

  O novo longa prefere mostrar além da conhecida história do Godzilla, que envolve testes nucleares e a irresponsabilidade do homem com a natureza, dramas familiares que, apesar da pouca exploração deste, conta com uma “monstruosa” atuação do ator Bryan Cranston (o eterno Walter White, de Breaking Bad), que, no filme, após perder a esposa em um “acidente” na fábrica na qual trabalhava, fica obcecado para descobrir o que realmente causou a morte da mulher e o abandono por radiação da cidade em que morava, além de um equilíbrio adequado entre tais dramas e a história que aborda a temática científica, onde temos o ator asiático Ken Watanabe no papel do cientista japonês Ishiro Serizawa (referência clara ao personagem Daisuke Serizawa-hakase, cientista do primeiro filme, interpretado por Akihiko Hirata) que foi incluído na trama com a finalidade de dar um ar oriental, ou seja, familiar ao filme, além de ter, mais ou menos, a mesma sacada que Steven Spielberg teve em Contatos Imediatos de Terceiro Grau: a de colocar um cientista estrangeiro no meio da história, que tem interesse em estudar as criaturas e não destruí-las. Não se pode deixar de notar a atuação um tanto teatral e espantada de Watanabe, que resulta em de seus melhores trabalhos.

 Falando em Steven Spielberg, é evidente que Gareth Edwards teve total influência do veterano diretor em seu novo filme. Pode-se fazer inúmeras associações de Godzilla com, além de Contatos Imediatos, Tubarão, onde a criatura que dá título ao filme vai aparecendo aos poucos até se revelar e participar do momento clímax do longa-metragem, o que acontece exatamente com o filme de Edwards. Não só o Rei dos Monstros, como as outras duas criaturas com quem Gojira confronta (dois monstros chamados Mutos, que se reproduzem por meio de energia nuclear) vão se revelando aos poucos com o decorrer do filme e da maneira mais peculiar possível. Não vemos aparições longas e imediatas dos monstros, mas estes são mostrados ao público de maneira nova e interessante, como em reflexos de vidros e aparelhos de TV. A cada cena de revelação das criaturas, o clímax fica mais intenso, até chegar, finalmente, onde muita gente estava esperando: no quebra pau! Mas nada disso, para mim, importou, e sim a beleza que cada sequência em que os monstros aparecem aos poucos traz. Edwards tem, deveras, um potencial gigantesco para explorar bestas gigantes nas telas, sem falar em criar um ambiente pós-apocalíptico extremamente bem feito e saber dosar de forma adequada e sem exageros os efeitos visuais que, obviamente, são belos de se ver. O que não funciona, infelizmente, é a tecnologia em terceira dimensão; há muitas cenas escuras no filme que não caem bem quando vistas em 3D. Porém, assistir a primeira aparição do Godzilla em IMAX, assim como as já mencionadas revelações do monstro de pouco a pouco, dá uma certa “grandeza” ao longa-metragem.

 Ainda sobre os recursos visuais, o fotógrafo Seamus McGarvey (Os Vingadores) não poupou uma monstruosa cinematografia, destacando a sequência do halo-jump que já pode ser considerada memorável para os gêneros ficção científica e “filmes-catástrofe”. Também não posso deixar de mencionar a trilha sonora do compositor francês Alexandre Desplat à lá John Williams, que acompanha a tensão do filme e se intensifica a medida que o longa se desenvolve. Quanto aos tão “polêmicos” cortes repentinos no momento em que acontece o confronto entre os monstros e não é mostrado, saibam que quando algo é realmente bom, claro que fica para o final. Particularmente, achei a falta de ação envolvendo o monstro que dá título ao filme necessário por duas coisas: Primeiro, para, digamos, aumentar o nível de curiosidade de quem já conhece os filmes antigos da criatura e quer muito vê-lo em ação num momento realmente digno ou, até mesmo, inesperado; segundo, para evitar os tão irritantes clichês de filmes de ação, que, como já mencionei, igualaria o filme, que é a reinvenção de um clássico, a outros longas-metragens atuais de sucesso turbinados de cenas de ação e efeitos visuais enjoativos, onde nada além de vultos computadorizados podem ser vistos.
 
  Apesar de Godzilla fugir do clichê da pancadaria, o filme não consegue deixar de ter aquela clássica repetição de melodramas familiares, presentes em quase todos os filmes-catástrofes. A intenção do roteiro era, provavelmente, por em foco as histórias dos personagens humanos, mostrando cada um com sua “luta” quando os monstros aparecem. Muitos pensam que Bryan Cranston é o foque principal do drama, porém a aparição do ator, apesar de ser memorável, é curta e quem tenta esforçadamente roubar a cena é o ator Aaron Taylor Johnson, que interpreta o filho do personagem de Cranston. A princípio, vemos o personagem de Johnson, um tenente desarmador de bombas, relacionar-se com sua esposa e filho. Tal relação, porém, consegue ser no mínimo água com açúcar e não faria diferença em estar no filme ou não (de preferência não, para evitar as mesmices de “reencontro” familiar após apocalipse, no final). Johnson, porém, em cenas de ação, consegue participar ativamente e de certa forma que o faz dividir o cargo de “herói” do filme com o próprio Godzilla.

  Uma das diferenças da nova versão para a antiga é, por incrível que pareça, a tonalidade mais “leve” do terror; por exemplo, na versão clássica, há uma cena em que uma mãe está abraçada aos filhos, no meio da cidade que está prestes a ser destruída por Gojira e, chorando, a mulher fala às crianças que “logo elas se encontrarão com o pai”. Tal fato, porém, não torna o filme menos aterrorizante em alguns momentos. Quanto ao roteiro, claro que há falhas, algo praticamente inevitável em filmes do gênero, porém nada que comprometa no bom desenvolvimento do longa.

  Godzilla de Gareth Edwards foi, definitivamente, um filme realizado para os verdadeiros fãs do monstrengo e não tenho certeza se o longa irá atrair novos admiradores que estão nunca assistiram ao original ou a uma das tantas sequências. Creio que os japoneses sentirão, finalmente, orgulho e podem até pensar na possibilidade de perdoar Hollywood pela catástrofe que foi a versão de 1998. Enfim, o novo longa-metragem nos volta com os ensinamentos que a série do Rei dos Monstros proporciona ao público, mas, desta vez, com as belas palavras do personagem de Ken Watanabe: "O erro do homem é achar que ele controla a natureza e não o contrário.".

Godzilla (Godzilla/Gojira)
Direção: Gareth Edwards
Produção: Jon Jashni, Mary Parent, Brian Rogers e Thomas Tull
Roteiro: Max Borenstein
Trilha Sonora: Alexandre Desplat
Elenco: Aaron Taylor-Johnson, Bryan Cranston, Elizabeth Olsen, Ken Watanabe, Juliette Binoche, David Strathairn, Sally Hawkins, entre outros.
EUA, Japão, 2014 – 2h 03 minutos

Nota: 8/10

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Interstellar - Filme de Christopher Nolan ganha trailer

 A ficção-científica Interstellar, novo filme de Christopher Nolan (Amnésia, Trilogia O Cavaleiro das Trevas, A Origem), acaba de ganhar seu primeiro trailer completo.

  Escrito por Christopher e Jonathan Nolan, baseado nas teorias científicas desenvolvidas por Kip Thorne, físico do Instituto de Tecnologia da Califórnia especialista em Teoria da Relatividade, o filme mostra as aventuras de um grupo de exploradores que usam um "buraco-de-minhoca" no espaço para superar as limitações das viagens espaciais humanas e conquistar vastas distâncias em viagens interestelares.

 Confira o trailer:



Veja também um pôster do filme:


Interstellar teaser poster


 O elenco do filme é composto por: Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Jessica Chastain, Bill Irwin,John Lithgow, Casey Affleck, David Gyasi, Wes Bentley, Mackenzie Foy, Timothée Chalamet, Topher Grace, David Oyelowo, Ellen Burstyn e Michael Caine.

 Nolan, que produz o filme junto com Emma Thomas e Linda Obst, afirmou que 2001: Uma Odisseia no Espaço (Stanley Kubrick) e Star Wars (George Lucas), são as maiores influências para Interstellar.

 A nova ficção de Nolan estreia em 6 de novembro, com lançamento no formato IMAX.

Paul McCartney lança novo clipe

 O eterno Beatle Paul McCartney lançou o vídeo-clipe da música "Appreciate", do seu mais novo disco, New. O vídeo, que poder visto abaixo, mostra o músico cantando e dançando ao lado de um robô japonês em um museu.



 New tem produção de Mark Ronson, responsável pelo álbum Back to Black, de Amy Winehouse, e vencedor do prêmio Emmy pelo trabalho. Também colaboraram Paul Epworth, Giles Martin (filho do produtor dos Beatles, George Martin) e Ethan Johns(do Kings of Leon).




quarta-feira, 7 de maio de 2014

O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro - Crítica

Sempre foi complicado para mim o dever de realizar uma resenha crítica sobre um filme de super-heróis, ainda mais se for um herói que acompanho desde que me entendo por gente. “É complicado”, como diz o Cabeça de Teia em um dos diálogos à lá “500 Dias com Ela” (especialidade do diretor Marc Webb) presente em O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro, mas, no meu caso, não é manter uma relação com alguém, mas escrever uma análise da nova aventura do herói aracnídeo. Portanto, meu texto provavelmente terá uma leve mistura de opiniões referentes à sétima arte e ao universo dos quadrinhos, ou seja, apontarei os pontos positivos e negativos de O Espetacular Homem-Aranha 2 como filme e os mesmos como adaptação.

 Há uma divisão entre os fãs do Cabeça de Teia: aqueles que preferem as histórias clássicas e os que apreciam as versões alternativas. Os admiradores do universo original tendem a preferir os filmes d Sam Raimi, que, apesar de alguns erros, é notável a semelhança com as primeira histórias do Aranha. Marc Webb, diretor dos novos filmes, parece cada vez mais querer misturar elementos das versões Clássicas e Ultimate, coisa que por um lado é positivo e, por outro, negativo. Positivo, pois nada melhor que uma exploração mais abrangente do super-herói mais influente da Marvel, algo que qualquer fã deseja ver nas telonas; negativo, pelo fato da produção simplesmente não seguir o ensinamento de Bem Parker, o tio falecido e “guia espiritual” do herói (ou, pelo menos, costumava ser): “Um grande poder requer uma grande responsabilidade”.

 Em O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro a história segue o que fora introduzido no primeiro filme. O começo da nova aventura mostra com mais detalhes e (vários) mistérios o que aconteceu com os pais de Peter (Andrew Garfield) e qual era o envolvimento de Richard Parker (Campbell Scott) com a OsCorp, companhia de Norman Osborn (Chris Cooper). No desenrolar da trama, Peter , ainda atormentado pelo seu passado, decide procurar mais respostas a respeito da ligação do seu pai com a empresa de Osborn e, como se não bastasse, outra coisa decide lhe atormentar: a promessa que fizera para o pai de Gwen Stacy (Emma Stone), sua namorada, antes deste ser morto pelo Lagarto. A preocupação que tem Peter de que algo aconteça a sua amada o faz afastar-se dela. Para completar, quando Harry Osborn (Dane DeHaan), herdeiro da OsCorp e amigo de infância de Peter, retorna à cidade e descobre que precisa urgentemente do DNA do aracnídeo, o herói fica numa complicada situação, porém, não pior que a outra que surge quando o engenheiro eletricista Max Dillon (Jamie Fox) sofre um acidente de trabalho e passa a absorver eletricidade e controla-la, tornando-se, assim o Electro.

 Como muitos esperam, o vilão em destaque do filme é o Electro. Gostaria poder dizer que isso era verdade. Sinceramente, ainda não entendi o motivo do subtítulo do filme ser “A Ameaça de Electro”, se o personagem não consegue ser realmente a tal ameaça que todos estavam esperando. A caracterização de Fox como o icônico inimigo do Homem-Aranha, apesar de peculiar (voltando-se mais para o visual do vilão na versão Ultimate), ficou muito boa, porém, não adianta colocar um personagem visualmente bem feito em um filme se não souber aproveitá-lo. Primeiramente, Electro não possui qualquer motivo, tampouco objetivo para tornar-se um super vilão, a não ser o fato (extremamente clichê) de querer aparecer ou ser alguém. Para piorar a situação do personagem, que devia ter sido o mais importante e, por conseguinte, o melhor do longa, este acaba se tornando uma espécie de marionete de Harry Osborn para recuperar a OsCorp após um golpe e extrair dos laboratórios da empresa a substância que o transformará no também icônico vilão Duende Verde.

 Tenho que admitir que, no começo, durante a divulgação dos trailers e imagens do filme, fiquei receoso com a possibilidade do visual do novo Duende ser alvo de piadas; porém, quando você assiste ao filme, percebe que a caracterização do novo vilão ficou nem um pouco da maneira como imaginávamos: Visualmente, o vilão está digno! Porém, o mesmo problema do Electro acontece com o Duende, isto é, a falta de exploração do personagem. Não vimos nem metade do potencial do jovem ator Dane DeHaan de interpretar o vilão, que ficou preso no seu papel ora bom, ora mimado e irritante, de Harry Osborn; quando, finalmente, a personagem de DeHaan começa a ficar realmente interessante, seu momento é apenas um, porém, um momento baseado numa passagem clássica dos quadrinhos que muitos fãs do Aranha irão gostar. Particularmente, tal passagem fora utilizada de maneira inadequada nos cinemas, por ter sido muito rápida e sem a emoção, ou a tonalidade épica, que merecia. Agora, só nos resta esperar que o Duende Verde apareça nos próximos filmes e que a produção procure ter o mínimo de respeito com o clássico vilão. Além do Electro e do Duende, outro clássico vilão é introduzido na trama: o terrorista russo Aleksei Mikhailovich (Paul Giamatti) que, mais tarde, se tornará Rino (no filme, talvez o personagem seja baseado na versão Ultimate, que se chama R.H.I.N.O); este, porém, só aparece no momento em que o público sequer lembra de sua participação no início do filme e de suas motivações, nem mesmo tem um grande momento, o que aconteceu, apesar dos pesares, com Electro e Duende Verde. Porém, tudo indica que o personagem aparecerá num terceiro filme, até pelo fato de este ser um integrante do Sexteto Sinistro, grupo de super vilões que, provavelmente, será mostrado nos próximos filmes, para a alegria de muitos fãs.

 Deixando agora de lado minha frustração com o modo como grandes vilões foram tratados no filme, falarei agora do roteiro que, infelizmente, ainda não sei decidir se foi tão fraco, ou até mesmo pior, que o do primeiro filme. Incrível como essas duas novas produções cinematográficas do Homem-Aranha, que tinham tudo (ou quase) para dar certo, justamente pelo fato de seguir a linha das antigas HQs misturando vários elementos dos novos universos, consegue aproveitar a história de modo tão imprudente. Na trama, tudo parece se ligar até um único ponto (mata logo a OsCorp), o que deixa a história com uma certa crise criativa, sem falar na notável história de amor indie à lá Marc Webb entre Peter Parker e Gwen Stacy, forçada ao extremo, porém com alguns momentos até agradáveis. O problema é que um romance de comédia romântica como 500 Dias com Ela (de Webb) não encaixa em filmes de subgênero “super-herói”. Não que a comédia romântica de Webb seja ruim, muito pelo contrário, mas percebemos esta forçada em Homem-Aranha pelo fato de não se encaixar no gênero do filme. A química entre Peter e Gwen funciona em alguns momentos, mas exagera no decorrer do filme. Além da relação amorosa do personagem título, há também a convivência com os coadjuvantes; nesse segundo filme, a relação entre Peter e Tia May (Sally Field) está bem mais desenvolvida e emotiva. O que faltou, porém, foi um personagem que servisse de guia, ou inspiração, para Peter Parker, como o seu Tio Bem e o Dr. Connors no primeiro filme.

 Talvez o maior (ou até mesmo o único) ponto positivo no filme tenha sido seus recursos técnicos. A fotografia está deveras excelente, inclusive nas cenas de acrobacia e nas lutas com o Electro que mostra muito a utilização da cor azul. Os efeitos visuais estão bem distribuídos em cenas de ação que, apesar das inúmeras cambalhotas dos personagens, são bem nítidas, com ótimas cenas de câmera lenta e tudo mais. Não tive a oportunidade de assistir o filme em 3D, mas garanto que em cenas de captura slow motion, os efeitos em terceira dimensão estão impecáveis.

 Eis, então, meu veredito para O Espetacular Homem-Aranha: A Ameaça de Electro: decepcionante como filme e adaptação, porém, ao mesmo tempo, divertido como ambos. Talvez minha fúria com o filme seja pelo fato de este ter uma melhor aproximação com as HQs, diferente dos filmes de Sam Raimi, mas, infelizmente, não aproveitar tal façanha. É justamente o inverso dos filmes de Raimi, que, apesar de não seguir bem os parâmetros das histórias em quadrinhos, conseguia fazer menções honrosas a essas. Outro problema dos novos filmes do Aranha é a imagem completamente distorcida de Peter Parker: Andrew Garfield pode até ser um ótimo Homem-Aranha, isto é, brincalhão e “tirador de onda”, como sempre foi, mas não consegue desempenhar bem a identidade secreta do herói; o Peter de Garfield não é aquela imagem de qualquer garoto nerd ou perdedor que o personagem sempre foi, tal imagem que é um dos maiores pontos positivos do herói fora do uniforme, pois qualquer adolescente, ou até mesmo adulto, consegue se identificar como um Peter Parker da vida.

 Concluindo, deixo claro que o filme não é ao todo ruim. Ora supera o primeiro, ora se iguala e ora decai em relação ao antecessor. Há um grande poder nas mãos da Sony Pictures, isto é, as adaptações para o cinema de um dos super-heróis mais populares e queridos de todos os tempos. Mas, cadê a responsabilidade?

O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro (The Amazing Spider-Man 2: Rise of Electro)
Direção: Marc Webb
Produção: Avi Arad e Matt Tolmach
Roteiro: Alex Kurtzman, Roberto Orci e Jeff Pinkner (Baseado nas obras de Steve Ditko e Stan Lee)
Trilha Sonora: Hans Zimmer
Elenco: Andrew Garfield, Emma Stone, Jamie Foxx, Dane DeHaan, Chris Cooper, Paul Giamatti, Sally Field, entre outros.
EUA, 2014 – 2h 22 minutos
Nota: 5/10