terça-feira, 13 de novembro de 2012

Matéria Especial: Vanguardas Européias

   Introdução:

   Na Europa, não houve uma arte moderna uniforme, mas um conjunto de tendências artísticas com propostas específicas, como o desejo de romper com o passado, a expressão da subjetividade, o sentimento de liberdade criativa e um certo irracionalismo.

   Nesse período, a Europa estava em clima de contentamento diante dos progressos industriais, dos avanços tecnológicos, das descobertas científicas e médicas, como: eletricidade, telefone, rádio, telégrafo, vacina anti-rábica, os tipos sanguíneos, cinema, RX, submarino, produção do fósforo. Ao mesmo tempo, a disputa pelos mercados financeiros (fornecedores e compradores) ocasionou a Primeira Guerra Mundial.

  O clima estava propício para o surgimento das novas concepções artísticas sobre a realidade. Surgiram inúmeras tendências na arte, principalmente manifestos advindos do contraste social: de um lado a burguesia eufórica pela emergente economia industrial e, de outro lado, a marginalização e descontentamento da classe proletária e a intensificação do desemprego (especialmente após a queda da bolsa de Nova Iorque em 1929).


Vanguardas:

  As Vanguardas foram movimentos artísticos que se espalharam pela Europa nas primeiras décadas do século XX, provocando a "quebra" com a tradição cultural do século XIX, como o Simbolismo.
Do francês "avant-garde", a palavra vanguarda significa "o que marcha pela frente". A partir do século XX, então, o termo passou a ser empregado para designar aqueles que, no campo artístico e ideológico, estavam à frente de seu tempo, como se tivessem "antenas" que captam tendências do futuro, que mais tarde seria o senso comum.

Vejamos, a seguir, os principais movimentos de vanguardas:


1- CUBISMO
 
    O primeiro movimento de vanguarda teve início na França, em 1907, com o quadro do pintor espanhol Pablo Picasso, Les demoiselles d'Avignon. O Cubismo nasceu a partir das obras de Paul Cézanne, Picasso e Georges Braque, desenvolvendo-se principalmente na pintura e artes plásticas onde caracterizou-se pela quebra da perspectiva e objetividade. Valorizava as formas geométricas, mostrando determinada figura em vários âgulos, com objetivo de "ver melhor o objeto".

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Les demoiselles d'Avignon




   Pode ser dividido, quanto à pintura, em Analítico e Sintético.

   Analítico - Caracterizado pela fragmentação da obra, sendo feita em partes. As principais cores usadas eram: Preto, branco, cinza e tons de castanho e ocre.O Cubismo Analítico tinha como obetivo produzir uma imagem conceitual de um objeto, em vez da sua imagem perceptiva ou visual.

Guernica, de Pablo Picasso

   Sintético - Ao contrário do Analítico, usava cores mais fortes e as formas eram geralmente vistas de um âgulo apenas. As obras eram feitas através de colagens (por isso, o Cubismo Sintético também é chamado de Colagem) realizadas com letras, palavras, números, pedaços de madeira, vidro, metal, pequenas partes de jornal ou até mesmo objetos inteiros.



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Os Três Músicos, de Pablo Picasso


   Quanto à literatura, o Cubismo caracterizou-se pela quebra da linearidade narrativa e da sintaxe.




2 - FUTURISMO

   Originou-se em 1909, quando o italiano Felippo Tommaso Marinetti lançou o Manifesto Futurista, publicando-o no jornal parisiense Le Figaro, provocando muitas reações, como esperava seu autor. Entre as propostas futuristas, destacam-se o progresso, a exaltação da máquina, da vida moderna, da eletricidade, do automóvel, da velocidade, a "imaginação sem fio" e as "palavras em liberdade". Era um movimento otimista. Seu objetivo consistia em romper com o tema, repudiando a linguagem convencional e subverter os modelos do passado.

   Em 1912, surge o Manifesto Técnico da Literatura Futurista, que propôs a ruptura com a sintaxe, dispondo os substantivos ao acaso, o uso de símbolos matemáticos ou musicais e o menosprezo pelo ajdetivo, advérbio e a pontuação.

  Dois grandes representantes da pintura futurista foram: Giacomo Balla e Fortunato Depero.


Bambina che corre sul balcone, de Balla





Ciclista Attraversa la Citta, de Depero



3 - EXPRESSIONISMO

    Desenvolvido na Alemanha, é, principalmente, caracterizado pela quebra do realismo anatômico. É uma hipérbole plástica e visual que serviu de exteriorização dos horroes e da extrema tristeza da guerra, ocorrendo, assim, a "desumanização" do homem. Caracteriza-se também pelo uso de cores fortes e a distorção violenta de suas imagens, mostrando retratando figuras humanas sem traços bem definidos, com corpos e rostos distorcidos, semelhantes a máscaras. As emoções de dor, angústia, desespero e ansiedade eram manifestadas por meio do choque entre as características: cores vibrantes, exageros e distoções de formas.

   Quanto à literatura, os texttos expressionistas apresentavam forte caráter pessimista, denunciando um universo em crise e a sensação do homem preso em um mundo "sem alma".

   No Brasil, o Expressionismo não foi marcado pela literatura, apenas pela pintura. Como na Europa o principal tema abordado era o horro da guerra, no Brasil o tema foi a seca. O quadro Retirantes, de Cândido Portinari, é o que melhor mostra o Expressionismo no Brasil. Além disso, temo também como grande exemplo a exposição de Anita Malfatti, em 1914, que recebeu diversar críticas de Monteiro Lobato.


Retirantes, de Cândido Portinari.
   Provavelmente, a mais conhecida obra do Expressionismo europeu é O Grito, de Edward Munch, na qual mostra um indivíduo com aparência bastante distorcida, com as mãos no rosto e boca aberta, simbolizando um grito de horror; atrás dele, há uma paisagem desfigurada e duas pessoas afasntando-se ou andando em sua direção.

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O Grito, de Munch.
                          


4 - ABSTRACIONISMO

     Caracterizado pela quebra da figuração e pela imitação do mundo. ou seja, o Abstracionismo não representa objetos próprios da realidade concreta. Em vez disso, utiliza relações formais entre cores, linhas, variadas formas geométricas para compor a realidade da obra, de uma maneira "não representacional".

    Na verdade, a arte abstrata existiu desde o princípio da civilização, passando por algumas fases de maior ou menor aceitação. Hoje a expressão é mais usada para nomear o movimento de Vanguarda do século XX. O Abstracionismo existe apenas nas artes plásticas e pode ser dividido em Lírico e Geométrico.

  Lírico - Também chamado de "Expressivo", foi influenciado pelo Expressionismo, sendo também uma reação a Primeira Guerra Mundial. Para constituir uma arte imaginária, inspirava-se no instinto, on inconsciente e na intuição. O jogo de formas orgânicas e as cores vibrantes não eram muito patentes, mas a linha de contorno sobressaía nesta arte que era muito figurativa. Wassily Kandinsky foi o principal artista representante do Abstracionismo Lírico.

Batalha, de Wassily Kandinsky



  Geométrico - Recebeu influências do Cubismo e Futurismo. Ao contrário do Abstracionismo Lírico, foca a racionalização que depende da análise intelectual e científica. O Abstraccionismo Geométrico divide-se em: Suprematismo (Rússia) e Neoplasticismo (Holanda). No Brasil, o abstracionismo teve suas primeiras representações na década de 40.


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Composição, de Pieter Cornelis Mondrian.



5 - DADAÍSMO

   Também surgiu durante a Primeira Guerra Mundial, em 1916. É mais radical e menos compreensível das Vanguardas. Também chamado de Dadá, foi originado pelo romeno Tristan Tzara. É caracterizado pela quebra da beleza, pois na Europa em guerra, a beleza não mais existia.

    Criado a partir do clima de tensão, instabilidade e revolta provocada pela guerra, o movimento seria uma resposta à nítida decadência da civilização representada pelo conflito. O movimento Dadá deu à arte um caráter de espontaneidade total, devido ao rompimento com a lógica e a organização, além da beleza. Apesar de ser uma arte, o Dadaísmo é considerado uma anti-arte.

    Os dadaístas usavam métodos intencionalmente incompreensíveis para demonstrar seu esforço em negar todos os valores estéticos e artísticos correntes. Trabalhavam, também com o lúcido e o irônico. Um dos principais artístas plásticos desse movimento foi Marcel Duchamp.

Fonte, de Marcel Duchamp

   Na literatura, além da falta de lógica e espontaneidade, é caracterizado pela agressividade, improvisação, desordem, rejeição a qualquer tipo de racionalização e equilíbrio, pela livre associação de palavras e pela invenção de palavras considerando-se apenas sua sonoridade.


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Roda de Bicicleta, de Marcel Duchamp.



6 - SURREALISMO

   Movimento nascido no período entre as duas grandes guerras mundiais e originado pela iconoclastia dadaísta, o Surrealismo teve como líder André Breton, que, em 1924, publicou em Paris o Manifesto do Surrealismo. Os surrealistas não aceitavam a destruição e ação demolidora do Dadaísmo e queriam abrir caminhos para a expressão do psiquismo humano. Assim, o Surrealismo valorizava a imaginação e foi principalmente caracterizado pela quebra da lógica. Ao contrário do Dadaísmo, o Surrealismo mantém a beleza. Um dos principais representantes da pintura surrealista foi o artista espanhol Salvador Dalí.

   Na literatura, a libertação do consciente deve ser alcançada com auxílio da escrita automática. No Brasil, Murilo Mendes e Mári de Andrade foram os principais representantes da literatura surrealista, construindo imagens que trazem à tona o misterioso inconsciente.


A Persistência da Memória, de Salvador Dalí.




Sonho Causado pelo Voo de uma Baelha em Torno de uma Romã, de Salvador Dalí.






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