terça-feira, 19 de abril de 2016

Mogli - O Menino Lobo - Crítica

Na época que fora anunciado, a adaptação que mistura live-action e efeitos computadorizados de Mogli – O Menino Lobo (The Jungle Book) não chamou atenção, ainda mais depois dos decepcionantes “Oz – Mágico e Poderoso” e “Malévola”, ambos também da Disney. Ano passado, com “Cinderela”, uma gota de esperança no filme de Mogli ressurgiu; e, quando lançado o primeiro trailer, o belíssimo visual do longa-metragem encantou e animou a todos.

Adaptado do livro de Rudyard Kipling e da animação de 1967, última com Walt Disney na produção (que veio a falecer antes do lançamento), o filme conta a história do órfão Mogli (Neel Sethi), “filhote de homem” criado pelos lobos, que se encontra em perigo quando é ameaçado pelo tigre Shere Khan (voz de Idris Elba), que odeia os humanos e considera o garoto um perigo para a selva. Cabe então à pantera Bagheera (voz de Bem Kingsley) escoltar Mogli até a aldeia dos homens, onde acredita que o menino ficará seguro. Porém, Mogli encontra o necessário para viver no caminho.

 Assim como na animação de 1967, o filme não tem medo em misturar os encantos e fofuras de uma produção da casa do Mickey Mouse com situações de perigo. A sensação de perseguição, assim como a violência no mundo animal, é perfeitamente explorada nesse novo longa-metragem, mas sem tirar o encanto nostálgico que fará muitos adultos relembrarem os bons tempos de VHS. Talvez, algumas passagens de alívio cômico e personagens que foram reduzidos ou cortados no filme façam falta para algumas pessoas que cresceram assistindo ao clássico Disney. Porém, o filme acerta em cheio ao abortar um elemento fiel à obra original de Kipling que é o funcionamento da vida selvagem, focando no sistema organizacional e até mesmo em “golpes de poder”.

 Apesar de não conseguir escapar de típicos clichês, o roteiro se mostra bem escrito e perfeitamente desenvolvido, principalmente quando se trata dos personagens; não estamos falando de suas caracterizações altamente realistas, criadas a partir da Weta Digital e da Pixar Animation Studios, mas de seus papeis desempenhados na trama. A alcateia dos lobos, chefiada por Akela (voz de Giancarlo Esposito), tem um grande destaque no desenrolar do filme, principalmente a mãe adotiva de Mogli, a loba Raksha, cuja belíssima voz de Lupita Nyong’o transmite uma incrível tranquilidade e responsabilidade materna. O urso Baloo, cuja caracterização não teria sido a mesma se não fosse a hilária dublagem de Bill Murray, diverte e é o principal ícone do filme que transmite a tão adorada sensação de nostalgia. A cobra Kaa, que tem a hipnotizante voz de Scarlett Johansson, aparece pouco, mas em uma ótima sequência digna de uma participação significativa da personagem. O gigantesco e bizarro Rei Louie, dublado pelo talentoso Christophen Walken, parece mais “monstruoso” que na animação, mas também dá ao público uma calorosa dose de nostalgia, além de ser um dos personagens mais bem construídos tecnologicamente. Falando em talento, não podemos deixar de fora as grandes vozes de Idris Elba, que desempenha o perverso tigre Shere Khan, e Bem Kingsley, que empresta sua voz ao mal humorado e protetor Bagheera. Não podemos esquecer também do jovem Neel Sethi, que é bem simpático diante das câmeras e consegue segurar o filme, sendo o único personagem humano.


 No mais, Mogli – O Menino Lobo possui elementos primordiais, como uma belíssima fotografia, trilha sonora que irá deixar muitos com os olhos cheios d’água, efeitos visuais com uma realidade impressionante e somente o necessário para que a Disney realizasse um de seus trabalhos mais grandiosos.

Filme: Mogli - O Menino Lobo (The Jungle Book)

Direção: Jon Favreau

Duração: 105 minutos

Censura: 10 anos

Elenco: Nell Sethi, Bill Murray, Ben Kingsley, Lupita Nyong'o, Idris Elba, entre outros.

Nota: 9 de 10