A produtora de cinema britânica Hammer, conhecida pelos seus filmes estilo góticos e terrores B entre os anos 50 e 70, após seu apogeu nos anos 60 com os filmes de "Drácula", "Frankenstein" e múmias, veio a decair nas últimas décadas do século XX. Em 2008, a produtora voltou à ativa, lançado filmes do gênero terror à moda antiga, porém não adquirindo muito sucesso. Mas com o lançamento de A Mulher de Preto (The Woman in Black), o mais recente trabalho da Hammer, mostra que a indústria conseguiu realizar um terror à nível dos consagrados clássicos da sua era de ouro.
Assim como todos os filmes de terror à moda antiga, algo que realmente está voltando para ficar, A Mulher de Preto é um longa que não se preocupa somente com a história, mas com o ambiente em que esta passa. Visual extremamente caprichado e idêntico aos filmes de época, aglomerado de exageros de um bom e velho filme de terror dos anos 50, cenas de susto às vezes até cômicas e acompanhadas sempre de um fundo musical repentino e grave, porém há outras bastante assustadoras. O trabalho de fotografia no filme é algo realmente elegante e competente quanto ao assunto tratado na temática, assim como o posicionamento de câmeras e os vários tons atribuídos. Direção de arte e figurino fazem jus à época, provavelmente final do século XIX e início do século XX.
Fugindo um pouco dos recursos técnicos, vamos falar da história. O filme é baseado no romance da escritora Susan Hill, lançado em 1983 e de mesmo nome, este conta a história de um jovem advogado, Arthur Kipps que precisa viajar a trabalho para uma pequena cidade amaldiçoada pelo espírito de uma mulher vingativa que mata as crianças locais. O roteiro fraco, porém de desenvolvido razoável, é o principal problema do longa. Por outro lado, este problema não afeta na qualidade do filme, por incrível que pareça. Não que o roteiro não signifique nada, mas vem a ser o interesse terciário no filme. Em segundo lugar, vem a interpretação do jovem ator Daniel Radcliffe. Famoso pela saga Harry Potter, Radcliffe parece se esforçar para o seu papel e consegue. Após suas pontos altos e baixos na franquia do jovem bruxo, o ator aprendeu que carreira vai muito além de ser o "menino que sobreviveu". Porém, em diversas partes do filme, pode-se notar algumas mas poucas semelhanças com o seu famoso personagem, ora fazendo gestos semelhantes ou expressões faciais. Mas nada disso impede de Radcliffe atuar bem no seu novo filme, assim como todos os atores secundários, incluindo Ciarán Hinds que também trabalhou no último filme da franquia do bruxo.
Um filme de terror à moda antiga não pode deixar de ter seus aglomerados de clichês, sendo esses até sendo perfeitamente empregados no longa, ainda de forma assustadora e interessante. O diretor James Watkins fez um bom trabalho ao pregar o terror clássico da Hammer e desenvolve-lo de forma adequada e aceitável, sobrando até espaço para melancolizar os personagens e explorar seus lados psicológicos.
Apesar de ser estrelado por um astro que virou ícone da cultura infanto-juvenil, é bom saber que A Mulher de Preto é algo completamente diferente de qualquer história do Harry Potter. Aos fãs mais jovens do bruxinho, fiquem claros de que Daniel Radcliffe não pode repetir para sempre o mesmo papel e que seu novo filme se trata de uma história adulta e é preciso maturidade para encarar as cenas que te faz pular da poltrona. Não foi muito agradável a sessão que assisti, muitas crianças gritando e jovens reclamando com o barulho. Assistam ao filme se tiverem mais de 14 anos ou maturidade.
Porém, na minha opinião, acho que o fãs da saga Harry Potter farão da Mulher de Preto virar um sucesso de bilheteria, até porque é a estréia pós Potter do Radcliffe e sua entrada no cinema sobrenatural mais maduro.
Nota: 8,0
Nenhum comentário:
Postar um comentário