quinta-feira, 24 de maio de 2012

Matéria Especial: Ed Wood, o pior dos piores?

Edward D. Wood Jr.
  Nesta matéria especial, vou falar um pouco do diretor de cinema Ed Wood, famoso por ser considerado por muitos críticos o pior cineasta de todos os tempos, afirmação na qual discordo um pouco.

 Edward Davis Wood Jr. nasceu em 10 de outubro de 1924, em Poughkeepsie, Nova York. Aos 7 anos de idade, assistiu seu primeiro filme, que coincidentemente era do gênero "terror", Drácula (1931) do diretor Tod Browning, onde o ator Béla Lugosi (que mais tarde veio a ser a maior admiração de Wood) desempenhava o papel do vampiro. A partir daí, Wood virou um cinéfilo, completamente apaixonado pela sétima arte, principalmente por filmes de terror e western, e aos 11 anos ganhou sua primeira câmera dos seus pais e começou a "produzir" e "dirigir" seus próprios curtas, que muitas vezes eram dos gêneros policial e comédia. Aos 17 anos, se alistou nos "marines" e participou da Campanha do Pacífico, ganhando condecorações como "Silver Star", "Bronze Star" e "Purple Heart". Nesse momento de sua vida, Wood descobriu outra coisa pelo qual tinha prazer: Vestir-se com roupas femininas. Era tão obcecado por isso, que, durante a gurra, ia para o campo de batalha com lingerie por baixou do uniforme de soldado. Apesar de se vestir como mulher e até mesmo imitá-las, nunca foi homossexual ou pelo menos nunca assumiu ser ou não ser. Dizem que foi por influência da mãe que o diretor ganhou essa mania, quando ela o vestia com roupas de menina, até a sua adolescência.

 Após o término da guerra, Ed Wood mudou-se para Hollywood onde se tornou um dos primeiros diretores independentes que emergiram após o Consent Drecree (Decreto de Conssentimento) de 1948, que promoveu a quebra do monopólio do principal estúdio de cinema da época. Em agosto daquele mesmo ano, Wood roteirizou e dirigiu seu primeiro filme profissional, o western The Crossroads of Laredo, onde contou com a colaboração de Ray Flin, diretor de fotografia dos filmes de seu maior ídolo, Orson Welles.
Durante sua carreira de cineasta, Ed produziu e dirigiu muitos longas de terror, ficção científica e até filmes eróticos, destacando-se pela inventividade frente aos poucos recursos disponíveis, chamando-se atualmente de "defeitos especiais".

 Talvez, um dos acontecimentos mais importantes de sua "carreira" cinematográfica foi conhecer o ator Bela Lugosi, seu grande ídolo. Na época, Lugosi estava praticamente esquecido e muitos achavam que estava morto, o ator também enfrentava uma crise financeira e problemas de saúde, devido ao seu vício por morfina. Ed não admitia ver um grande ator como o Bela Lugosi naquele estado deprimente. Além de querer ajudar o eterno Drácula, oferecendo-lhe trabalho nas próximas produções, Wood queria um ator famoso para estrelar seus filmes, algo que poderia atrair o público. Lugosi aceitou trabalhar nos filmes de Wood e se tornaram melhores amigos até sua morte, em 1956.

Wood em "Glen ou Glenda?"
 A primeira "pérola" de Ed Wood foi o filme Glen ou Glenda? (Glen or Glenda?), de 1953. O longa, escrito, dirigido e estrelado por Wood, tem as participações de Bela Lugosi e da atriz Dolores Fuller, namorada do diretor na época. Apesar de ser considerado um dos piores filmes da história do cinema, o longa ganhou, com o tempo, a fama de cult. O filme, que é uma mistura de drama com documentário, aborda temas referentes ao travestimento masculino e transsexualidade, com uma narrativa tolerante aos fenômenos, embora intercale as falas e os fatos científicos com as intervenções sinistras e sobrenaturais do personagem de Lugosi, não atribuído sentido algum. Ao ler o roteiro, Dolores Fuller ficou horrorizada com a temática abordada e ainda descobriu a mania de Wood vestir-se de mulher. Quando assistiu o filme, Fuller disse que sentiu-se humilhada com a experiência.

 Apesar do grande fracasso obtido pelo filme, sendo bastante criticado negativamente e transformado em alvo de gozações na época, Wood não desistiu de continuar trabalhando e tinha uma série de projetos em mente que precisava colocar nas telonas. Foi aí que surgiu sua maior produção, intitulada A Noiva do Monstro (Bride of the Monster). O filme, que mistura os gêneros ficção científica e horror, foi escrito, produzido e dirigido por Wood e estrelado por Lugosi, no papel do cientísta louco, e Tor Johnson como o monstro. Este pode ser dito com um dos grandes clássicos de Ed. Em certa ocasião, sua equipe teve que roubar um polvo gigante mecanizado de um estúdio, mas esqueceram a alma do polvo, deixaram o motor no estúdio e Bela Lugosi teve que se debater com um polvo aparentemente sem vida em um lago frio.

 Após o lançamento do filme, que também não foi visto com bons olhares na época, Wood gravou diversas cenas de Bela Lugosi, antes de sua morte em 16 de agosto de 1956. A morte de seu ator principal não impediu Ed de continuar a trabalhar no projeto que veio a ser sua maior "obra-prima", Plan 9 from Outher Space (Plano 9 do Espaço Sideral).

 Considerado por Wood como seu "Cidadão Kane", referência ao clássico filme de Orson Welles, Plano 9 do Espaço Sideral foi o filme que colocou o nome de seu diretor na galeria dos mais famosos de Hollywood. O filme foi gravado em 1956, porém estreou nos cinemas americanos apenas em 1959 e trata-se de alienígenas que criam raios capazes de trazer os mortos de volta a vida, com intenção de fazê-los dominar os vivos, tal fato evitaria a destruição de todo o sistema solar por uma bomba chamada solobonite, que, segundo os extraterrestes o homem desenvolveria em um futuro próximo, ameaçando assim todos os planetas. O filme ganhou o prêmio de Pior filme de todos os tempos, levando em conta seus péssimos efeitos visuais e atuações.

 Por outro lado, o filme conta com uma temática bastante interessante e criativa. Apesar das dificuldades de conseguir uma produtora que aceitasse a realização de seu filme e das negativas críticas que recebia, Wood não desistiu e lutou até colocar sua criação nas telonas. Isso prova que Ed Wood poderia ser ruim de serviço, porém jamais o pior diretor de todos os tempos. Ele não desistia de seus trabalhos e tinha uma certa criatividade quanto às temáticas de seus filmes. Plano 9 é considerado por especialista de cinema como um cult movie.

Johnny Depp como Ed Wood
 Ed Wood não viveu o suficiente para ver o seu anti-sucesso. Seus últimos trabalhos foram filmes de baixíssimo orçamento e eróticos sobrenaturais. Wood vivia no estado próximo a miséria, tornou-se alcoólatra e sua saúde só piorava, estava num período de depressão. Ed Wood deixou este mundo em 7 de dezembro de 1978, aos 54 anos. Dois anos depois, seria considerado o "Pior Diretor de Todos os Tempos". Muito pode ser aprendido sobre Ed Wood numa cinebiografia dirigida por Tim Burton e estrelada por Johnny Depp. O filme, intitulado Ed Wood, recebeu dois prêmios Oscar e influenciou o interesses de jovens no excêntrico diretor. Atualmente, Ed Wood tem uma legião de fãs e admiradores e suas obras servem de inspiração para muitos cineastas que realizam produções do gênero terror.










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