Indiana Jones e o
Reino da Caveira de Cristal (2008) marcou o retorno do mais famoso arqueólogo
da cultura pop aos cinemas 19 anos depois de seu último filme. Apesar de todos
esses anos, há quem considere o longa-metragem uma verdadeira perda de tempo,
ou desperdício deste uma vez que havia nas mãos de Steven Spielberg e George
Lucas um projeto de extrema responsabilidade. Em resumo, toda a espera para um retorno
triunfal de Indiana se perdeu, como lágrimas na chuva.
Talvez vocês estejam
se perguntando por qual motivo citei o quarto filme de uma das franquias mais
importantes da história do cinema (e o porquê de minha pessoa ter feito
referência a “Blade Runner”). A questão é: “Mad Max: Estrada da Fúria” também é
o quarto longa-metragem de uma importante saga cinematográfica, dirigida pelo mesmo
realizador dos filmes anteriores – o brilhante George Miller – e que demorou um
bom tempinho para ser lançado, mais precisamente 30 anos. A diferença (além da
mudança do ator principal, claro) é que o novo Mad Max, já considerado por mim
como um futuro clássico, marcou a volta do ex-policial solitário, problemática
e de poucas palavras da maneira mais triunfal possível!
“Mad Max: Estrada da
Fúria” começa com o personagem título, agora interpretado pelo competente Tom
Hardy (A Origem, Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge), atormentado pelos
fantasmas de seu passado e lutando, ao mesmo tempo, contra eles e um grupo de “garotos
de guerra”, liderados pelo tirano Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne, o vilão
Toecutter, do primeiro filme), que sequestram Max para usá-lo como uma bolsa de
sangue para alimentar o exército do ditador. Porém, quando consegue “escapar”,
o ex-policial se vê responsável por guiar parideiras de Immortan Joe a um
refúgio. Lideradas pelas Imperatriz Furiosa (Charlize Theron), as mulheres não
são típicas donzelas em apuros. É aí que entra a tal “polêmica” que muitos
afirmam o filme abordar.
Há quem diga que “Mad
Max: Estrada da Fúria” peca por ser uma propaganda feminista, uma vez que as
mulheres do filme lutam não apenas pela sobrevivência, mas pela liberdade, sem
falar que são fortes e nos moldes de Sarah Connor (O Exterminador do Futuro) e Ellen
Ripley (Alien), principalmente a Imperatriz Furiosa que é de longe a melhor
personagem do filme. A tal “propaganda feminista” é apenas uma desculpa criada
por quem está acostumado a assistir filmes de super-heróis ou ações em que
acontece uma relação amorosa entre o herói e a heroína, ou em que a história do
herói (na maioria das vezes a única do filme) tem mais destaque. Mad Max, na
minha visão crítica e de fã da sétima arte, não é feminista, e sim inovador.
Sim, o gênero feminino tem destaque no filme, mas é aí que a história, que é
muito bem bolada – podia ter sido melhor aproveitada em alguns momentos, porém.
Minha única crítica quanto à trama -, se desenvolve, sem o auxílio de clichês
tão batidos. Eu me pergunto... um filme pode nem mais ser diferente que já vai
ser considerado polêmico, feminista, machista, conservador, esquerdista, o
diabo que for?!
Ainda falando sobre
os personagens do longa, Tom Hardy, como já disse anteriormente, encara com
responsabilidade o papel vivido por Mel Gibson na trilogia, interpretando o
mesmo sobrevivente frio e problemático que prefere viajar sozinho. Outro grande
destaque é Nux, vivido por Nicholas Hoult (X-Men: Dias de um Futuro Esquecido),
um “garoto de guerra” que muda de lado, ajudando Max e Furiosa a escapar de
Immortan Joe. Quanto aos vilões, todos são muito bem trabalhados e de visual
impecável, talvez o único problema seja a falta de tempo para explorar cada um
além do antagonista principal – Immortan Joe -.
Acredito que temos
que agradecer a George Miller por ter aproveitado tão bem esses 30 anos em um
dos maiores filmes de 2015 até o momento. Apesar da produção turbulenta (foram
mais de 5 anos para tirar o filme do papel), Miller e sua produção conseguiram
repetir com sucesso a fórmula dos filmes anteriores, principalmente de Mad Max
2, considerado pelo público e crítica especializada o melhor da trilogia. Estrada
da Fúria possui a mesma ambientação apocalíptica de futuro oitentista, que
muitos consideram “brega”, mas, para mim e muitos amantes do design de filmes
da década de 70 e 80, é algo realmente clássico. O trabalho de fotografia
também está impecável, nos fazendo sentir calor durante o dia escaldante no
deserto e frio à noite.
Quanto às cenas de
ação, perseguições de veículos surreais, carros explodindo, motos em extrema
velocidade, máquinas de guerras, sequências realmente loucas e absurdas como um
lindo dia... tudo isso tem de sobra no filme, e extremamente bem trabalhadas,
dosando na medida certa efeitos visuais “reais” e CGI.
Em um ano que clássicas
franquias cinematográficas retornarão (Exterminador do Futuro, Jurassic Park,
Star Wars), Mad Max: Estrada da Fúria é a primeira prova de que 2015 é o ano
perfeito para o retorno das grandes sagas. Para quem ainda não teve a
oportunidade de presenciar a bela distopia futurística do novo Mad Max nos
cinema, peço apenas que “testemunhem” essa bela obra!
Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road)
Direção: George Miller
Produção: Doug Mitchell, P.J. Voeten e George Miller
Roteiro: George Miller, Brendan McCarthy e Nico Lathouris
Trilha Sonora: Junkie XL e Hans Zimmer
Elenco: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult, Hugh Keays-Byrne, Zoë Kravitz, Rosie Huntington-Whiteley, entre outros.
EUA, 2015 - 2h
Nota: 8,5
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