Amor e ódio. Eis os sentimentos mais comuns entre os
cinéfilos fãs de histórias em quadrinhos, e suas adaptações para as telonas, em
relação à 20th Century Fox. De fato, o estúdio adora matar de amores alguns e
de raiva outros com seus filmes baseados em HQs no universo Marvel. As
produções do “Quarteto Fantástico” de 2005 e 2007, assim como a nova adaptação lançada
ano passado, ”X-Men: O Confronto Final” e os longas-metragens solo do
Wolverine, são alguns exemplos de como a Fox pode ser mal vista por muitos,
mesmo sendo o estúdio um dos principais responsáveis pela evolução do cinema de
entretenimento, iniciando, assim, uma nova era de “filmes de super-heróis” com
o primeiro “X-Men”, de 2000. Nem é preciso comentar “X-Men 2”, “Primeira Classe”,
“Dias de Um Futuro Esquecido” e “Deadpool” para justificar os momentos de amor
pela Fox sentido pelo público. A questão é que o estúdio cinematográfico, mesmo
que você o odeie ou ame, foi, de fato, responsável pela super (ou, nesse caso,
mutante) disseminação da cultura pop no cinema.
“X-Men: Apocalipse” é
um claro exemplo dessa relação “amor x ódio” dos fãs pela Fox, assim como pelo
diretor Bryan Singer, outra figura injustiçada no meio nerd e geek. Haverá quem
gostar do filme, da mesma maneira como o longa-metragem terá seus haters.
Existem boas razões para gostar ou não do mais novo filme dos Filhos do Átomo,
o terceiro do arco “Xavier, Magneto e Mística”, que é finalmente fechado para
dar espaço à nova equipe que é apresentada de maneira primorosa.
Em “X-Men: Apocalipse”, os filhos do átomo enfrentam o mais
antigo dos mutantes, En Sabah Nur (Oscar Isacc), conhecido por vários nomes,
principalmente Apocalipse. Para impedir que o vilão crie uma nova ordem
mundial, construindo sobre a humanidade um mundo melhor, o Professor Charles
Xavier (James McAvoy) deverá contar com a ajuda de Mística (Jennifer Lawrence)
e da equipe de jovens X-Men para impedir que os humanos sejam destruídos, além
de salvar irmãos mutantes, principalmente Magneto (Michael Fassbender), de um
falso Deus.
O filme começa em
grande estilo, explicando a origem do vilão En Sabah Nur, o Apocalipse, no
antigo Egito, numa sequência de abertura bem dirigida e diferente de qualquer
outra cena mostrada nos filmes dos mutantes. O longa, então, segue para 1983,
apresentando novos personagens e seguindo a premissa apresentada no início,
envolvendo o primeiro mutante e o seu retorno que trará para a humanidade um
fim apocalíptico. Quanto ao roteiro, furos e situações no mínimo forçadas não foram
evitadas, o que pode não ser digerido por alguns fãs. Porém, em matéria de
enredo, o filme acerta em cheio adaptando a história de um dos vilões mais
poderosos do universo X-Men, mesmo com algumas alterações, principalmente em relação
ao visual (altamente criticado no início e com razão), mas nenhuma distorção
quanto ao personagem no quesito de história e nível de perigo.
Oscar Isaac, intérprete de Em Sabah Nur, consegue disfarçar
o sofrível visual do vilão interpretando-o de maneira convincente. Talvez um
problema que muita gente perceba em Apocalipse seja a motivação não tão clara
do antagonista, que acaba criando situações previsíveis. Além do personagem
título, o filme também conta na categoria de vilões com seus 4 cavaleiros.
Magneto é mais uma vez interpretado pelo brilhante Michael Fassbender e, como
esperado, é o personagem antagonista que mais chama atenção em todo o filme, pelo
fato deste ter uma motivação que, mesmo distorcendo de certa forma da natureza
do personagem, é compreensível. Tempestade e Anjo, respectivamente interpretados
por Alexandra Shipp e Ben Hardy parecem estar apenas marcando presença; a
Tempestade, porém, consegue ter seu momento, mesmo sendo um pouco tarde,
diferente do Anjo que praticamente acrescenta em nada à trama e não convence.
Psylocke, interpretada por Olivia Munn, é uma personagem de poucas palavras e
sem motivações, mas consegue surpreender tanto no visual quanto nas cenas de
ação. Talvez o excesso de personagens tenha causado essa participação tão
reduzida, quase que completamente inútil, de três dos quatro cavaleiros de
Apocalipse.
Ainda falando sobre
os personagens, temos a volta de James McAvoy como o Professor X, incrivelmente
mais parecido com Patrick Stewart, tanto na atuação quanto na caracterização,
em determinado momento do filme, Jennifer Lawrence como Mística, que convence ao
explicar o verdadeiro motivo para não aparecer muito sob seu verdadeiro eu,
Nicholas Hoult (Fera) e Lucas Till (Destrutor). A nova equipe é formada pelos
ótimos talentos de Sophie Turner, que rouba a cena interpretando a jovem Jean
Grey, sendo uma das melhores personagens do filme, Tye Sheridan, que faz o
jovem e ingênuo Ciclope, cuja participação está começando a ficar a altura do
clássico personagem, Kodi Smit-McPhee, o incrível (de fato, mais incrível do
que esperava) Noturno e aquele personagem que todos estavam esperando desde o
último filme, para dar mais um show de descontração e cenas memoráveis, o
Mercúrio do excelente Evan Peters. Nem todos, porém, possuem o mesmo brilho; a
Jubileu, interpretada por Lana Condor, está mais para uma figurante fazendo uma
mera participação especial, sendo completamente descartada da trama,
infelizmente.
Em matéria de cenas
de ação e efeitos visuais, o filme acerta em cheio na primeira, mas escorrega
na segunda. O CGI é necessário, isso é um fato, mas seu excesso acaba por
tornar algumas cenas confusas, ou animadas tal quais efeitos de jogos. Porém, isso não impede que a ação do filme
seja empolgante.
Filme: X-Men: Apocalipse (X-Men: Apocalypse)
Direção: Bryan Singer
Duração: 144 minutos
Censura: 12 anos
Elenco: Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, James McAvoy, Nicholas Hoult, Oscar Isaac, entre outros.
Nota: 4/5