quarta-feira, 18 de maio de 2016

X-Men: Apocalipse - Crítica

Amor e ódio. Eis os sentimentos mais comuns entre os cinéfilos fãs de histórias em quadrinhos, e suas adaptações para as telonas, em relação à 20th Century Fox. De fato, o estúdio adora matar de amores alguns e de raiva outros com seus filmes baseados em HQs no universo Marvel. As produções do “Quarteto Fantástico” de 2005 e 2007, assim como a nova adaptação lançada ano passado, ”X-Men: O Confronto Final” e os longas-metragens solo do Wolverine, são alguns exemplos de como a Fox pode ser mal vista por muitos, mesmo sendo o estúdio um dos principais responsáveis pela evolução do cinema de entretenimento, iniciando, assim, uma nova era de “filmes de super-heróis” com o primeiro “X-Men”, de 2000. Nem é preciso comentar “X-Men 2”, “Primeira Classe”, “Dias de Um Futuro Esquecido” e “Deadpool” para justificar os momentos de amor pela Fox sentido pelo público. A questão é que o estúdio cinematográfico, mesmo que você o odeie ou ame, foi, de fato, responsável pela super (ou, nesse caso, mutante) disseminação da cultura pop no cinema.

 “X-Men: Apocalipse” é um claro exemplo dessa relação “amor x ódio” dos fãs pela Fox, assim como pelo diretor Bryan Singer, outra figura injustiçada no meio nerd e geek. Haverá quem gostar do filme, da mesma maneira como o longa-metragem terá seus haters. Existem boas razões para gostar ou não do mais novo filme dos Filhos do Átomo, o terceiro do arco “Xavier, Magneto e Mística”, que é finalmente fechado para dar espaço à nova equipe que é apresentada de maneira primorosa.

 Em “X-Men: Apocalipse”, os filhos do átomo enfrentam o mais antigo dos mutantes, En Sabah Nur (Oscar Isacc), conhecido por vários nomes, principalmente Apocalipse. Para impedir que o vilão crie uma nova ordem mundial, construindo sobre a humanidade um mundo melhor, o Professor Charles Xavier (James McAvoy) deverá contar com a ajuda de Mística (Jennifer Lawrence) e da equipe de jovens X-Men para impedir que os humanos sejam destruídos, além de salvar irmãos mutantes, principalmente Magneto (Michael Fassbender), de um falso Deus.

 O filme começa em grande estilo, explicando a origem do vilão En Sabah Nur, o Apocalipse, no antigo Egito, numa sequência de abertura bem dirigida e diferente de qualquer outra cena mostrada nos filmes dos mutantes. O longa, então, segue para 1983, apresentando novos personagens e seguindo a premissa apresentada no início, envolvendo o primeiro mutante e o seu retorno que trará para a humanidade um fim apocalíptico. Quanto ao roteiro, furos e situações no mínimo forçadas não foram evitadas, o que pode não ser digerido por alguns fãs. Porém, em matéria de enredo, o filme acerta em cheio adaptando a história de um dos vilões mais poderosos do universo X-Men, mesmo com algumas alterações, principalmente em relação ao visual (altamente criticado no início e com razão), mas nenhuma distorção quanto ao personagem no quesito de história e nível de perigo.
Oscar Isaac, intérprete de Em Sabah Nur, consegue disfarçar o sofrível visual do vilão interpretando-o de maneira convincente. Talvez um problema que muita gente perceba em Apocalipse seja a motivação não tão clara do antagonista, que acaba criando situações previsíveis. Além do personagem título, o filme também conta na categoria de vilões com seus 4 cavaleiros. Magneto é mais uma vez interpretado pelo brilhante Michael Fassbender e, como esperado, é o personagem antagonista que mais chama atenção em todo o filme, pelo fato deste ter uma motivação que, mesmo distorcendo de certa forma da natureza do personagem, é compreensível. Tempestade e Anjo, respectivamente interpretados por Alexandra Shipp e Ben Hardy parecem estar apenas marcando presença; a Tempestade, porém, consegue ter seu momento, mesmo sendo um pouco tarde, diferente do Anjo que praticamente acrescenta em nada à trama e não convence. Psylocke, interpretada por Olivia Munn, é uma personagem de poucas palavras e sem motivações, mas consegue surpreender tanto no visual quanto nas cenas de ação. Talvez o excesso de personagens tenha causado essa participação tão reduzida, quase que completamente inútil, de três dos quatro cavaleiros de Apocalipse.

 Ainda falando sobre os personagens, temos a volta de James McAvoy como o Professor X, incrivelmente mais parecido com Patrick Stewart, tanto na atuação quanto na caracterização, em determinado momento do filme, Jennifer Lawrence como Mística, que convence ao explicar o verdadeiro motivo para não aparecer muito sob seu verdadeiro eu, Nicholas Hoult (Fera) e Lucas Till (Destrutor). A nova equipe é formada pelos ótimos talentos de Sophie Turner, que rouba a cena interpretando a jovem Jean Grey, sendo uma das melhores personagens do filme, Tye Sheridan, que faz o jovem e ingênuo Ciclope, cuja participação está começando a ficar a altura do clássico personagem, Kodi Smit-McPhee, o incrível (de fato, mais incrível do que esperava) Noturno e aquele personagem que todos estavam esperando desde o último filme, para dar mais um show de descontração e cenas memoráveis, o Mercúrio do excelente Evan Peters. Nem todos, porém, possuem o mesmo brilho; a Jubileu, interpretada por Lana Condor, está mais para uma figurante fazendo uma mera participação especial, sendo completamente descartada da trama, infelizmente.

 Em matéria de cenas de ação e efeitos visuais, o filme acerta em cheio na primeira, mas escorrega na segunda. O CGI é necessário, isso é um fato, mas seu excesso acaba por tornar algumas cenas confusas, ou animadas tal quais efeitos de jogos.  Porém, isso não impede que a ação do filme seja empolgante.

  Recheado de fan services, para a alegria de alguns, referências e elementos que fãs dos mutantes da Marvel e do bom cinema de ação gostam de ver nas telas, o filme se divide entre erros e acertos. No geral, “X-Men: Apocalipse” não é melhor que os antecessores e nem mesmo inferior, apenas possui erros que não o impede de ser mais um grande filme da série que foi reformulada em 2011 com “Primeira Classe”. Mas, claro que haverá quem associe a frase de Jean Grey, a respeito de “O Retorno de Jedi”, ao novo filme: “O terceiro sempre é o pior”.

Filme: X-Men: Apocalipse (X-Men: Apocalypse)

Direção: Bryan Singer

Duração: 144 minutos

Censura: 12 anos

Elenco: Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, James McAvoy, Nicholas Hoult, Oscar Isaac, entre outros.

Nota: 4/5

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