domingo, 25 de março de 2012

O Poderoso Chefão - Crítica Especial pelos 40 anos

 Atenção: A publicação a seguir estava para ser postada no dia 15 de março, data da comemoração dos 40 de O Poderoso Chefão. Porém, devido a problemas técnicos e, principalmente, quanto ao tempo do redator (este estava em período de provas escolares), só foi possível publicar a crítica hoje (25/03). Peço aos leitores que compreendam e que considerem o texto como se estivesse postado há 10 dias atrás. Boa leitura.


 15 de março de 1972. Este dia histórico no mundo das artes foi marcado pela estreia do filme mais prestigiado e aclamado de todos os tempos: O Poderoso Chefão (The Godfather). O filme, dirigido por Francis Ford Coppola e escrito por Mario Puzo, baseado no livro escrito pelo mesmo, conta a épica história da família mafiosa Corleone.

 Francis Ford Coppola fora escolhido para dirigir o filme após um conturbado processo de escolha do diretor. Anteriormente, o cineasta italiano Sergio Leone (Era uma Vez no Oeste) havia recebido pelos estúdios da Paramount uma oferta para dirigir o longa, porém recusou para trabalhar na direção do também clássico Era uma Vez na América. A Paramount também ofereceu propostas para Peter Bogdanovich e Costa-Gavras, mas ambos recusaram. Como podem ver, por incrível que pareça, o filme foi uma proposta quase que recusável. Inicialmente, Coppola também não queria dirigir o filme por temer que a máfia  e a violência se glorificassem. Quando o então jovem diretor chegou a conclusão de que o filme poderia ser uma metáfora para o capitalismo americano, aceitou dirigi-lo. Assim, tomou uma das decisões mais importantes da história da sétima arte. Na verdade, quem convenceu Coppola a dirigir O Poderoso Chefão foi ninguém menos que George Lucas, criador da saga Star Wars. Na época, Coppola havia produzido o primeiro filme de Lucas, THX 1138, e estava em altas dívidas com o estúdio da Warner devido ao estouros no orçamento do filme.

 Na época, houveram grandes discussões entre a Paramount e Coppola, com ele sendo quase despedido em várias ocasiões. A Paramount afirma que o ceticismo se deu devido ao começo difícil da produção, embora Coppola afirme que as primeiras semanas foram muito boas. O estúdio achou que ele não conseguiria seguir o cronograma e gastava muito dinheiro com coisas desnecessárias. Dois grandes produtores tentaram convencer outro diretor a assumir o lugar de Coppola. Mesmo com toda a pressão, ele foi capaz de defender suas decisões e se manter no emprego.

 Sinceramente, nenhum outro diretor realizaria uma obra de arte semelhante a de Coppola. A direção competente, bem equilibrada e, acima de tudo, deslumbrante, são marcas registradas de um grande diretor que realizou seu trabalho não só pelos lucros ou pelo sucesso, mas por amor. Um amor que todos os grandes cineastas sentem em relação ao seu trabalho artístico. Mesmo possuindo uma das melhores direções cinematográficas de todos os tempos, O Poderoso Chefão não levou o Oscar de Melhor direção em 1973. Porém, venceu um Globo de Ouro nesta categoria.

 O Poderoso Chefão liderou nas indicações ao Oscar, em 1973, assim como o longa Cabaret, de Bob Fosse. Das 11 indicações (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator - Marlon Brando, Melhor Ator Coadjuvante - Al Pacino, Melhor Ator Coadjuvante - Robert Duvall, Melhor Ator Coadjuvante - James Caan, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição, Melhor Figurino, Melhor Mixagem de Som e Melhor Trilha Sonora), o filme ganhou apenas em 3 categorias: Melhor Filme, Ator e Roteiro Adaptado. Seu maior concorrente levara quase todos os outros prêmios, inclusive o de Melhor Diretor e Trilha Sonora. Não que Cabaret seja ruim, pelo contrário, mas não merecia os prêmios citados.

 A memorável e stupenda trilha sonora, composta pelos mestres Nino Rota e Carmine Coppola, é considerada um temas principais do cinema, sendo bastante copiada ou servido de inspiração para outros compositores. Destaca-se o perfeito encaixe da trilha nas cenas de drama, violência, festa, romance, respeitando os momentos em que deve haver o uso de um determinado gênero de trilha em um determinado tipo de cena e a junção da música italiana, utilizando dos mais populares instrumentos e estilos, com a americana.

 O que mais chama atenção no filme é por este ter um tema direcionado à uma família e ser, parcialmente, produzido por uma família. Coppola afirmou que "Um filme sobre família deve ser feito por uma". O maestro responsável pela regência da trilha sonora inesquecível (criada por Nino Rota) é Carmine Coppola, pai de Francis e de Talia Shire (irmã de Coppola que interpreta Connie Corleone). A mãe do diretor aparece como figurante em diversas cenas, bem como os filhos e primos do cineasta.

 São 40 anos de uma verdadeira obra de arte. Um marco para a história do cinema, venerado, e, muitas vezes, servido de inspiração para outros cineastas. O filme que praticamente estreou Al Pacino nas telonas. Este desempenhou seu papel de forma tão magnífica e competente quanto Marlon Brando. Todo o elenco, sejam os atores principais ou coadjuvantes, desempenharam um trabalho tão perfeito que lhe renderam elogios, aplausos, prêmios e venerações até os dias de hoje.

 O Poderoso Chefão é um filme que deu início a uma das trilogias mais respeitadas da história da sétima arte. Um típico filme que prende o telespectador durante 2 horas e 57 minutos, sem que este se canse. Pelo contrário, a trama é tão interessante (ou até viciante) que você não sente o tempo passar lentamente. A ousadia em mostrar violência explícita também vira destaque no desenvolvimento da obra, sendo essa mostrada em cenas que, atualmente, são consideradas antológicas da história do cinema.

 Agradeço ao Coppola e, principalmente, ao Puzo por criarem e desenvolverem algo que marcou minha visão artística e cinematográfica. O Poderoso Chefão é um filme que poderia assistir até minha vida acabar.


Nota: 10






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