segunda-feira, 23 de julho de 2012

Valente - Crítica

   Talvez eu esteja ficando louco, pois não consigo parar de pensar na possibilidade de decadência criativa nos longas do estúdio da PIXAR, graças ao temível domínio da Disney. Valente (Brave) é bastante diferente das demais animações do estúdio, assim como Carros 2, por não ter uma certa originalidade na história. Tal fato vem a ser bastante preocupante, pois a PIXAR costumava ser um estúdio cinematográfico bastante inovador e criativo. A nova animação não aborda um tema criativo, típico da casa, mas algo mais referente às animações de princesa da Disney (onde há uma grande semelhança com Enrolados), porém não decepciona, pois ainda está nas mãos (diria mais nos dedos) da PIXAR.

   Apesar da mediana história, Valente consegue ter um bom desenvolvimento e o famoso toque melancólico "pixariano" (algo que Carros 2 não apresentou), que é muito bem empregado, desde o início até o final da trama. O sentimentalismo do filme é abordado através da relação entre mãe e filha, nunca usado antes numa animação do estúdio, uma vez que Procurando Nemo abordou um leve conflito entre o pai e um filho deficiente.

   Valente foi descrito como o primeiro longa da Pixar voltado para o público feminino. Percebe-se isso logo quando o filme começa, ao mostrar uma princesinha curiosa brincando com a mãe e que, ao crescer, apresentaria um nobre espírito de bravura. Na história da nova animação, a princesa Merida (voz de Kelly Macdonald), uma habilidosa arqueira e filha do Rei Fergus (Billy Connolly) e da Rainha Elinor (Emma Thompson) determinada a conquistar seu próprio caminho na vida, desafia um antigo costume de seu povo, o que acaba despertando o caos e a fúria no reino. A história começa a ganhar alma (e a ficar mais "disneyficada") quando Merida pede ajuda para uma antiga Bruxa (Julie Walters), que joga uma maldição em sua família que há muito já fora usada para punir um príncipe. A ação impensada da protagonista acarretam em um grande perigo para o reino e, principalmente, para a família dela. Agora forçada, Merida terá de descobrir o significado da verdadeira bravura para que ela possa desfazerseu erro, antes que seja tarde.

  O típico clichê de filmes de animação, em que o personagem principal ao cometer uma atitude imprudente deve consertar antes que a situação piore não algo apropriado para se usar como tema central em uma animação da Pixar. Além de não ser novidade, tal temática não torna a história do filme interessante, e cabe aos personagens realizarem um bom desenvolvimento, conseguindo de maneira encantadora. Como todos os filmes de princesas, há personagens da corte, animais (que, graças a Deus, somente um fala, e bastante pouco) camareiras trapalhonas e bruxas. Todos estão muito bem caracterizados e bem explorados. A maioria dos personagens são significativos para atribuir um humor irreverente ao filme, sendo quase todos muito simpáticos e divertidos; tanto a criançada quantos os adultos adorarão as palhaçadas dos trigêmeos, os atos "brutos" e cômicas do Rei Fergus e dos Lords e as demais confusões ocorridas ao longo do filme
  A Pixar realmente meio que rendeu-se à forma Disney de contar histórias. Principalmente quando trata-se de um filme em que a protagonista é uma princesa. Há vários aspectos em Valente que o tornam a animação mais Disney da Pixar, como, por exemplo, sequências musicais totalmente desnecessárias, que torna-se ainda pior na versão dublada, a busca pelo misticismo e um certo toque de conto-de-fadas como tema, o famoso conflito entre princesa e rainha (porém em Valente, a rainha não é uma madrasta malvada, mas uma mãe preocupada com o bem estar da filha). O toque "pixariano" no longa vêm exatamente de tal conflito, onde uma relação entre mãe e filha é muito bem explorada e realista. Apesar de ser uma animação sem a criatividade Pixar de contar uma boa história, essa pelo menos possui aquela melancolia que nos emociona, diferente de Carros 2.

  O que surpreende no filme é a técnica de animação usada. O visual da mítica Escócia é o mais perfeito já criado para uma animação do estúdio. Detalhes impessionantes, movimentos, iluminação, cores, tudo muito bem caracterizado e surpreendentemente lindo são os principais pontos positivos do filme. Mas, o que realmente espanta na nova animação é a perfeição do cabelo da paersonagem, perfeitamente detalhado e com movimentos extremamente realistas. Cada fio de cabelo é percebível.

  Valente é, sem dúvida, a animação mais bem detalhada produzida pelos estúdios Pixar, porém poderia ter sido perfeita com um roteiro escrito com criatividade. É um ótimo filme, porém longe de ser um épico como Wall.E, UP e Toy Story 3. Esperamos que o próximo longa, Monsters University, não tenha que aderir a maneira Disney que fazer filmes, não que eu esteja criticando o estúdio, pelo contrário, o acho perfeito, só não concordo com a sua interferência nos roteiros da Pixar.

 

Nota: 7

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