sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge - Crítica

    Atenção: O conteúdo a seguir estava previsto pra ser postado desde a semana passada. Porém, devido a problemas técnicos, pessoais e até mesmo a preguiça do crítico, o texto foi concluído e divulgado apenas hoje. Lembramos ainda que fizemos de tudo para não escrever muitos spoilers, na crítica. Podem ler tranquilamente, pois não falaremos muito do desenvolvimento do longa, nem de seus acontecimentos principais.

Batman poster 21Mai2012     Em recente pronunciamento, Christopher Nolan declarou que seria um grande desafio realizar uma sequência para Batman Begins. O diretor considerava uma continuação algo bastante arriscado, pois nem sempre uma sequência de um filme considerado épico supera seu antecessor. Porém, Nolan conseguiu! Batman - O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight) foi um verdadeiro filmaço, digno de ser aplaudido de pé, pelo público, considerando o longa um dos melhores filmes baseados em HQs de todos os tempos. Tudo deu certo graças ao roteiro bem escrito, uma direção competente e, acima de tudo, pelo personagem destaque: o vilão Coringa, que foi interpretado de forma inesquecível pelo falecido ator, Heath Ledger. A melhor atuação do vilão, deu ao finado ator uma fama mundial, concedendo-lhe até o Oscar póstumo, de Melhor Ator Coadjuvante.

     Como o resultado final do segundo filme foi algo estrondoso, tanto público, crítico e financeiro, e o desejo de todo grande cineasta de querer fechar aquilo que começou de maneira épica coube ao Nolan tentar realizar outro desafio: Uma segunda sequência. O diretor chegou até a afirmar: "Existe uma segunda sequência boa?". Mas realmente, tentar superar The Dark Knight é uma tarefa difícil, arriscada e quase impossível. Porém, Nolan conseguiu, como alguns ou nem todos esperavam. Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises) supera seus antecessores, porém nem em todos os aspectos. Mas é uma prova de que Christopher Nolan é um diretor que cumpre o seu dever para com a sétima arte e o público, fechando sua trilogia da maneira mais impressionante possível.

     Superar algo praticamente insuperável foi um trabalho bastante difícil. Para realizar um filme melhor que seus antecessores foi necessário retomar os princípios anteriores e envolvê-los numa nova e complexa trama, apresentando um roteiro bem escrito e desenvolvido, grandes e épicas sequências de ação e um vilão à altura do Coringa de Heath Ledger. Bane (Tom Hardy), vilão que surgiu nos quadrinhos em 1993 e é mundialmente conhecido por "quebrar" o Homem Morcego, logicamente não é o inesquecível vilão que o Coringa foi, até porque, como muitos dizem, "Coringa é Coringa". Mas, o novo inimigo consegue ocasionar o caos e botar medo, tanto nos personagens do filme quanto no público. Diferente do Coringa, Bane não é um grande estrategista, mas um cara extremamente frio e cruel que gosta de agir.

      A trama de The Dark Knight Rises é passada 8 anos após os incidentes envolvendo o Coringa e ocasionando a morte de Harvey Dent, na qual Batman assume a culpa e, devido a isso, torna-se perseguido pela lei. Gothan vive dias de paz e o Homem Morcego está desaparecido, até um novo mal surgir, ocasionando o verdadeiro caos na cidade. Sabendo da gravidade da situação, Bruce Wayne (Christian Bale), sofrendo com dificuldades físicas e financeiras, tem que voltar a fazer o que deve ser feito, vestir a armadura e reassumir sua identidade de Cavaleiro das Trevas. Para não divulgar muitos spoilers, vou parar de resumir a sinopse por aqui. Porém, é importante que o público saiba que o filme não é baseado em uma HQ específica, pois contem momentos semelhantes a várias.

     Além de Bane, outros novos personagens tem grande destaque no filme. A inimiga, e de vez em quando parceira do morcegão, a sensualíssima Mulher Gato participa ativamente da trama e mostra-se uma ladra habilidosa, pouco confiável e extremamente inteligente. Na minha opinião, nenhuma outra atriz poderia desempenhar tão bem o papel da Selina Kyle, pois Anne Hathaway nasceu para interpretar essa personagem. É notável o potencial da atriz em desempenhar um papel tão importante logo na sua primeira cena, quando transforma-se de boa moça para uma bandida. Hathaway consegue ser sensual, inteligente, má e mesmo sem grandes ações que relembrem felinos (como um "miau" ou uma lambida), supera a Mulher Gato interpretada pela Michelle Pfeiffer, de Batman Returns do Tim Burton, em 1992. Podemos considerar que os dois grandes vilões memoráveis na antiga franquia e interpretados inesquecivelmente por cultuados artistas , foram superados pelos jovens, da maneira mais incrível possível. Outra grande novidade é o detetive John Blake (Joseph Gordon-Levitt) que, assim como Gordon (Gary Oldman) ajuda o Batman ao longo do filme e mostra-se um herói, determinado e pronto para proteger principalmente as crianças do orfanato onde fora criado. Gordon-Levitt, que demonstrou talento ao atuar em filmes de ação, como A Origem, repete e aperfeiçoa a dose, sendo muito bem aceito pelo público e crítica especializada. Seu personagem, um dos mais importantes do filme, está muito bem desenvolvido na trama e é tão heróico quanto o Homem Morcego. O mesmo não se pode dizer da personagem de Marion Cotillard, nem de sua atuação. Sabemos que a atriz tem um grande potencial artístico, porém pouco foi explorado seu talento. Sua personagem (que, para evitar spoilers, não direi) participa e está encaixada na trama, mas os fãs dos quadrinhos do Homem Morcego talvez se decepcionarão com tal fato, mas isso não altera na qualidade do filme.

      Claro que há pequenos erros no novo longa. Talvez, um dos problemas de The Dark Knight Rises tenha sido fugir um pouco da premissa realista, imposta por Nolan nos primeiros filmes. Não que o filme não tenha realismo, mas há uma pequena ausência. O longa segue uma premissa mista de surrealismo com realismo, que até se encaixou bem com a história. Há também longas sequências de efeitos visuais computadorizados, pois foram precisos. Nolan, apesar de preferir o uso de efeitos práticos, mostrou que, nas cenas do Tumbler Voador, tem capacidade de dominar a computação gráfica em sequências de voo magníficas.

      Qualquer fã, ao assistir a épica conclusão da trilogia, poderá até se emocionar e sentir saudades. Não é todo dia que vemos uma franquia tão inteligente e bem desenvolvida quanto essa e, com certeza, jamais farão filmes de super-heróis nesse nível. Aconselho a assistirem os dois primeiros filmes, antes de conferir o 3, pois, como já afirmei antes, o novo longa retoma seus princípios para realizar sua conclusão. Talvez, o final do filme abra as portas para uma nova franquia ou até mesmo outra sequência, pois, como em quase todos os filmes do Nolan, há perguntas que ainda precisam de respostas e um final um tanto surpresa, que nos dá aquele gostinho de "quero mais". Quando o Batsinal será ativado novamente? Ainda não sei, mas, com certeza, não irá demorar. Pois não é um filme que merecemos, mas que precisamos. 



  Nota: 9,0 (Excelente)

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