Homem de Ferro 3 (Iron Man 3) é o longa que dá início à fase
2 do Universo Marvel no cinema, sendo o primeiro filme produzido pelo estúdio
após Os Vingadores (The Avengers). Dirigido por Shane Black (Beijos e Tiros),
Jon Favreau retorna apenas na produção executiva e em seu papel do guarda
costas Happy Hogan, a nova aventura do bilionário de lata parece deixar do lado
as histórias baseadas nos quadrinhos, que obviamente podiam ser muito bem
aproveitadas, e forcar-se em uma que procura originalidade, fazendo apenas
menções ao universo das HQs. Claro que tal fato deixou o filme com pontos
negativos e positivos.
A franquia de filmes
do Homem de Ferro fez com que o herói se tornasse bastante popular entre o
público e, enfim, ganhasse o reconhecimento que tanto merecia. O fascínio do
público por Tony Stark dá-se principalmente pelo extremo carisma do ator Robert
Downey Jr. Nas telas que, de fato, está fazendo a melhor interpretação de um
super-herói no cinema. Provavelmente, ator nenhum fará um trabalho de qualidade
como o de Downey Jr. em um longa-metragem da Marvel Studios. Não acredito que,
se houver uma nova franquia de filmes do herói, outro artista consiga dar
conta. Em Homem de Ferro 3, Robert Downey Jr. interpreta um Stark ansioso,
ocupado, nervoso e até mesmo mais humano. Seus “ataques” de ego são
substituídos pela exploração de sua fragilidade psicológica, precária desde o “acontecimento
em Nova York”. Sendo assim, o novo longa não tem aquele excesso de humor do
segundo filme, mas não deixa de ser divertido. Há uma ótima dosagem de humor,
ação e momentos dramáticos que, pelos primeiros trailers, pareciam fazer parte
de toda a história, mas não foi esse o caso.
Ainda sobre a história, Tony Stark passa a maior parte do
tempo em sua oficina, criando novas tecnologias e armaduras, que em ação
parecem nem um pouco resistentes (tal fato está virando motivo de piadas entre
os fãs), e não mais consegue dormir ou controlar suas crises de ansiedade.
Enquanto a psicologia de Tony está em crise, uma nova ameaça surge para
atormentar o mundo, colocando em risco também a vida do herói e seus projetos:
o terrorista Mandarim, vivido por Ben Kingsley. Para não divulgar spoilers,
decido falar apenas que o vilão não é exatamente o que todos estavam esperando
e sua mudança pode causar tamanha decepção entre os fãs das histórias em
quadrinhos. Confesso não ter ficado decepcionado, mas um tanto surpreso, assim
como muitos, talvez, por ter sido completamente enganado pela publicidade do
novo longa. A mudança na história e o meio como o clássico vilão é utilizado
não foi incluída no filme de maneira prudente e muitos fãs irão considerar isso como
ridículo. O verdadeiro antagonista em destaque é Aldrich Killian, vivido por
Guy Perace, criador da tecnologia Extremis que faz parte de uma saga do
universo do Homem de Ferro. Este, porém, não consegue surpreender o público,
nem mesmo dar ao filme um vilão digno e memorável, como podia ter sido o
Mandarim. O uso dos elementos da saga Extremis em HF3 tornam o filme menos
tecnológico e mais fantasioso que os antecessores, por ter vilões, metade
humanos e máquinas, que cospem fogo. Há uma carência de melhor explicação de
tal tecnologia surreal.
Definitivamente, é difícil que uma adaptação de quadrinhos
para o cinema seja 100% fiel às obras. Particularmente, até gosto de certas
mudanças que dão originalidade à história, sem repetição daquilo que já tantos
sabemos e com novas “surpresas”. Porém, nem sempre tais alterações são
prudentes. No caso de Homem de Ferro 3, há, obviamente, uma frustração, que
irritará os leitores cultos dos quadrinhos, e uma surpresa. Digamos que o novo
longa-metragem foi realizado para conquistar novos fãs, indivíduos
que estão começando a entrar no mundo dos super-heróis e pouco entendem de quadrinhos,
e um público mais jovem, devido a um pequeno toque “Disney” presente na trama e
a ausência de um tema mais político, deixando o filme mais movimentado e
divertido que o segundo.
Quanto ao elenco
coadjuvante, Gwyneth Paltrow interpreta agora uma Pepper Potts que deixa de ser
a mocinha da história e ganha total importância para o desenvolvimento do
filme; Don Cheadle retorna como James Rhodes (Patriota de Ferro) que, apesar de
aparecer pouco, tem seus bons momentos; Jon Fevreau está de volta como Happy
Hogan, como foi dito anteriormente, que é ferido em um atentado provocado pelo “Mandarin”;
Rebecca Haal interpreta uma doutora que contribuiu para a criação da tecnologia
Extremis, ao lado de Guy Pearce. Os antigos personagens secundários participam
ativamente da trama, com ótimo desempenho dos atores. O mesmo não se pode
afirmar dos novos (Haal e Pearce).
HF3 não teve seus
efeitos-visuais realizados pela Industrial Light & Magic, ao contrário dos
primeiros filmes, mas por várias empresas de efeitos, entre elas a Weta
Digital, de Peter Jackson. As cenas de ação e efeitos especiais estão melhores que
os do primeiro filme muito mais bem distribuídos que o segundo. O novo longa
não foi filmado em 3D, apenas convertido para tal formato. Não vale a pena pagar
o dobro do preço para ver apenas um pouco de fumaça afastada da tela e as legendas
(caso você queira assistir legendado).
Portanto, a fase 2
dos filmes do Universo Marvel começou com o pé esquerdo, por enquanto, mas
nenhum ponto negativo de Homem de Ferro 3 pode interferir nos próximos projetos
do estúdio. Agora, para realizar um quarto filme, é preciso tirar toda a
ferrugem, consertar os amassados e procurar refazer aquilo não foi realizado da
maneira correta. Esperamos que Robert Downey Jr. vista a armadura novamente e
retorne em um Homem de Ferro 4 menos fantasioso, mais maduro e com
originalidade, porém sem cometer desastrosos erros outra vez.
Nota: 7,0
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