segunda-feira, 29 de abril de 2013

Adaptação de Macbeth terá Michael Fassbender

   A nova adaptação de Macbeth, tragédia escrita por William Shakespeare, para os cinemas terá Michael Fassbender (Bastardos Inglórios, X-Men Primeira Classe, Prometheus) no elenco. O filme será dirigido por Justin Kurzel, que está envolvido também na adaptação de Our Kind of Traitor, livro de John Le Carré.

   Na obra de  Shakespeare, Macbeth é um general do exército escocês que influenciado pela profecia de três bruxas e por influência da esposa, Lady Macbeth, assassina o rei Duncan e desencadeia tragédias e reviravoltas na corte.

  A nova versão tem roteiro de Todd Louiso e Jacob Koskoff.

Ringo Starr confirma shows no Brasil

  O ex-baterista da banda britância The Beatles, Ringo Starr, confirmou seu retorno ao Brasil. O músico e sua All Starr Band se apresentam no país em outubro somente nos estados de São Paulo, no dia 29 (Credicard Hall), e Curitiba 31 (Teatro Positivo).

    A apresentação de Ringo e a All Starr Band faz parte da turnê sulamericana, que ainda passará por outros dez lugares como Uruguai, Paraguai, Argentina, Peru e México.

   Ainda não há informações sobre o preço dos ingressos e início das vendas.


terça-feira, 23 de abril de 2013

Thor 2 ganha primeiro trailer

  Foi divulgado hoje o primeiro trailer do filme Thor 2 - O Mundo Sombrio. O vídeo está mais para um trailer teaser, monstrando rápidas passagens da história do novo longa e algumas cenas de ação. Confira abaixo:



   Dirigido por Alan Taylor, a sequência de Thor estreia em 8 de novembro.

domingo, 21 de abril de 2013

Paul McCartney em Recife - 1 ano

   Há exatamente um ano, a capital Pernambucana sediava o primeiro show do eterno Beatle (aqui não será usado o termo “ex-Beatle”, pois, ao meu ver, um Beatle é e não pode deixar de ser) Paul McCartney na região Nordeste. Tal espetáculo, na qual tive a honra de presenciar no primeiro dia, provavelmente já entrou para a história da grande Recife.

   Um ano após o primeiro show da turnê On The Run, que comemorava o aniversário de 40 anos do clássico álbum de McCartney com os Wings, Band on the Run, muitos fãs recordam-se dos agradáveis e ansiosos momentos que passaram na fila esperando os portões do Estádio José do Rêgo Maciel (Estádio do Arruda) abrirem e da tão esperada hora que o Beatle subiu no palco, começando a tocar seus maiores sucessos. 

   Lembro-me de ter acordado antes do romper da aurora naquele 21 de abril de 2012 para poder chegar cedo no Estádio e pegar um bom lugar na fila. Chegando lá, deparei-me com uma pequena multidão, animada e simpática, sentada nas calçadas e conheci pessoalmente amizades que havia feito pela internet. Era incrível ver tanta gente de quase todos os Estados do Nordeste, como também muitos fãs extremamente simpáticos do Sudeste e Centro-Oeste.

   A longa espera de 12 horas na fila, apesar de cansativa, não fora desgastante. Não havia calor escaldante, fome, sede ou desconforto com o local (que fica próximo de um canal a céu aberto) que tirasse o entusiasmo do povo. Nunca presenciei uma espera tão animada, com direito até a covers, coros de música e entrevistas para o noticiário local.

  Porém, nem tudo saiu conforme o planejado. Houve um infeliz atraso de exatamente uma hora para os portões abrirem e a falta de organização do local, assim como sua estrutura, era preocupante. Um grupo de pessoas, sem entender o porquê de a segurança não liberar a passagem para a entrada da frontstage e, assim, causaram um pequeno tumulto, avançando para o portão e forçando a passagem das pessoas. O pessoal responsável pelos portões não queria confusão e acabou aceitando. No final, porém, tudo acabou sem mais preocupações.

  A incrível pontualidade do Beatle, que subiu no palco exatamente às 21 horas daquela tão esperada noite, deixou a todos de queixo caído, assim como sua energia e carisma em meio a um local bastante quente. Paul saudou seu público falando inglês, português e até gírias usadas no Nordeste; deixando a plateia eufórica e emocionada.  McCartney abriu o espetáculo com a canção Magical Mystery Tour, dos Beatles, seguindo com Junior’s Farm, dos Wings. Após as canções de abertura, conversou novamente com o povo e criou um novo nome para os habitantes de Recife: “Recifianos”.

   Durante um breve intervalo, Paul fez algo que jamais fizera no outros Estados brasileiros: ao invés de entrar no palco bandeira do país e levantá-la, ergueu a de Pernambuco e do Reino Unido. Tive a sorte de registar o momento que "McCa" levantou a bandeira de meu Estado, a foto pode ser vista ao lado. O “povo arretado”, obviamente, pareceu surtar nesse momento que, juntamente com a hora da canções Something, Here Today e Maybe I’m Amazed (homenageando George, John e Linda, respectivamente), foi uma das mais emocionantes do show. 

  Após 3 horas, Paul fechou o espetáculo com chave de ouro, cantando Golden Slumbers, Carry That Weight e The End, todas do álbum Abbey Road, dos Beatles, e despediu-se em português no primeiro dia de show na capital Pernambucana. Não pude presenciar o espetáculo no dia 22, que conseguiu ser tão entusiasmante quanto o do primeiro dia, porém mais curto e até mesmo com algumas (e boas) alterações na setlist, mas pude ver McCartney saindo do hotel com sua esposa Nancy. O espetáculo do dia 22, apesar da menor quantidade de pessoas, foi de fato tão bom quanto o primeiro, com direito de ouvir o Beatle dizer em português: “Salve a Terra de Luiz Gonzaga!”.

   Apesar de vários repórteres (extremamente incompetentes e desinformados, em minha humilde opinião) terem afirmado que a plateia nos shows estava apática, os espetáculos foram verdadeiros sucessos entre o público, a crítica especializada e até mesmo entre os membros da banda do Beatle que divulgaram em seus twitters terem adorado tocar pela primeira vez no Nordeste. Críticas mal escritas à parte, não há do que reclamar das apresentações de Paul McCartney no Recife, a não ser, claro, pelo local que esteva um pouco mal cuidado e da pequena desorganização nos portões da frontstage. É impossível algum Beatlemaníaco “recifiano” que tenha assistido aos shows esquecer aqueles momentos. Tudo para mim parece que ocorreu ontem e espero que um dia o grande McCa volte com sua banda, ou até mesmo acompanhado de Ringo Starr, para nossa cidade saudar novamente seu "povo arretado".

sábado, 20 de abril de 2013

Black Sabbath no Brasil - Datas

   A banda de hard Rock britânica Black Sabbath anunciou 3 shows no Brasil em outubro, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Ontem foram anunciadas as datas dos espetáculos: dia 9 de outubro em Porto Alegre (RS), dia 11 em São Paulo (Campo de Marte) e no dia 13 no Rio de Janeiro. Os preços serão anunciados em breve.

   O Black Sabbath vem ao país para promover o lançamento do primeiro disco com Ozzy Osbourne desde 1978, 13. O disco será lançado em junho.


Remake de O Corvo pode ter Tom Hiddleston

    Após boatos de que o remake de O Corvo, clássico dos anos 90 com Brandon Lee, teria James McAvoy (X-Men Firts Class), há um novo ator (também no Universo Marvel) cotado para viver o personagem: Tom Hiddleston, o Loki de Thor e Os Vingadores.

   De acordo com o site The Wrap, Hiddleston teria se reunido com os produtores da nova adaptação e está tão interessado no papel que enviou fotos suas maquiado como o anti-herói Eric Draven. Na trama, Draven, um roqueiro que é morto enquanto tentava salvar sua noiva de bandidos, retorna do Além sob a identidade do Corvo para se vingar. A HQ com a história original foi criada em 1989 por James O'Barr. O The Wrap também afirmou que um teste oficial com o ator será realizado nos próximos dias.

   F. Javier Gutierrez permanece como diretor de O Corvo, que terá roteiro de Jesse Wigutow. Ainda não há previsão de início das filmagens.

Thor 2 ganha primeiro cartaz

   Thor 2 - O Mundo Sombrio, umas das novas produções da Marvel Studios em 2013, ganhou seu primeiro cartaz oficial. O trailer do longa será divulgado na semana que vem. Confira a imagem abaixo:


Thor 2 Mundo Sombrio teaser poster


    Alan Taylor dirige o roteiro escrito por Robert Rodat (O Resgate do Soldado Ryan). A sequência de Thor estreia em 8 de novembro.


Fonte: Omelete.

terça-feira, 16 de abril de 2013

O Grande Gatsby - Confira cartazes do filme

  O Grande Gatsby, adaptação cinematográfica do livro escrito por F. Scott Fritzgerald, em 1925, ganhou uma série de cartazes e banners, inclusive nacionais. Confira abaixo:


O Grande Gatsby poster nacional 01
Poster nacional 1

O Grande Gatsby poster nacional 02
Poster nacional 2

O Grande Gatsby poster nacional 03
Poster nacional 3


O Grande Gatsby poster nacional 04
Banner nacional 1


O Grande Gatsby poster nacional 05
Banner nacional 2


O Grande Gatsby poster nacional 06
Banner nacional 3



   Estão no elenco: Leonardo DiCaprio, como Jay Gatsby; Carey Mulligan;Tobey Maguire. Completam o elenco Jason Clarke; Isla Fisher; Joel Edgerton; Elizabeth Debicki e Amitabh Bachchan.

  O longa em 3D, dirigido por Baz Luhrmann (Moulin Rouge), abrirá o Festival de Cannes desse ano e estreia em 10 de maio nos EUA e em 7 de junho no Brasil.


Fonte: Omelete.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

MTV Movie Awards 2013 - Vencedores

   A premiação da MTV para os filmes de 2012 de maior sucesso entre o público e que se destacaram na cultura pop aconteceu ontem. Além da entrega de prêmios, houve também uma série de homenagens a alguns artistas: Emma Watson (que faz aniversário hoje) foi homenageada com o prêmio "Trailblazer"; Will Farrel recebeu o título de "Gênio da Comédia" e Jamie Foxx foi prestigiado com o prêmio "Generation".


Confira a lista de vencedores do MTV Movie Awards 2013 abaixo:


- Filme do ano

   Os Vingadores (The Avengers)
   Django Livre (Django Unchained)
   O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook)
   Ted
   Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises)


- Melhor Performace Feminina

 Jennifer Lawrence — O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook)
 Anne Hathaway — Os Miseráveis (Les Miserables)
 Mila Kunis — Ted
 Emma Watson — As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower)
 Rebel Wilson — A Escolha Perfeita (Pitch Perfect)


- Melhor Performace Masculina

 Bradley Cooper — O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook)
 Ben Affleck — Argo
 Daniel Day-Lewis — Lincoln
 Jamie Foxx — Django Livre (Django Unchained)
 Channing Tatum — Magic Mike


- Melhor Dupla

Mark Wahlberg e Seth MacFarlane — Ted
Leonardo DiCaprio e Samuel L. Jackson — Django Livre (Django Unchained) Bradley Cooper e Jennifer Lawrence — O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook)
Robert Downey Jr. e Mark Ruffalo — Os Vingadores (The Avengers)
Will Ferrell e Zach Galifianakis — Os Candidatos (The Campaign)


- Melhor Performace Sem Camisa

Taylor Lautner — A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2 (Breaking Dawn – Part 2)
Christian Bale — Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises)
Daniel Craig — 007 – Operação Skyfall (Skyfall)
Seth MacFarlane — Ted
Channing Tatum — Magic Mike


- Melhor Beijo

 Jennifer Lawrence e Bradley Cooper — O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook)
  Kerry Washington e Jamie Foxx — Django Livre (Django Unchained)
  Kara Hayward e Jared Gilman — Moonrise Kingdom
  Mila Kunis e Mark Wahlberg — Ted
  Emma Watson e Logan Lerman — As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower)


- Revelação

Rebel Wilson — A Escolha Perfeita (Pitch Perfect)
Ezra Miller — As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower)
Eddie Redmayne — Os Miseráveis (Les Miserables)
Suraj Sharma — As Aventuras de Pi (Life of Pi)
Quvenzhané Wallis — Indomável Sonhadora (Beasts of the Southern Wild)     


- Melhor Performace Assustada

 Suraj Sharma — As Aventuras de Pi (Life of Pi)
 Jessica Chastain — A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty)
 Alexandra Daddario — O Massacre da Serra Elétrica 3D (Texas Chainsaw 3D)
 Martin Freeman — O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (The Hobbit: An Unexpected Journey)
 Jennifer Lawrence — A Última Casa da Rua (House at the End of the Street)
       





- Melhor Luta

 Robert Downey Jr., Chris Evans, Mark Ruffalo, Chris Hemsworth, Scarlett Johansson e Jeremy Renner vs. Tom Hiddleston — Os Vingadores (The Avengers)
 Jamie Foxx vs. Candieland Henchmen — Django Livre (Django Unchained)
 Daniel Craig vs. Ola Rapace — 007 – Operação Skyfall (Skyfall)
 Mark Wahlberg vs. Seth MacFarlane — Ted
 Christian Bale vs. Tom Hardy — Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises)


- Melhor Momento WTF?

   Jamie Foxx e Samuel L. Jackson — “Candieland Gets Smoked” em Django Livre (Django Unchained)
   Denzel Washington — “Final Descent” em O Voo (Flight)
   Anna Camp — “Hack-Appella” em A Escolha Perfeita (Pitch Perfect)
   Javier Bardem — “Ooops… There Goes His Face” em 007 – Operação Skyfall (Skyfall)
   Seth MacFarlane — “Ted Gets Saucy” em Ted











- Melhor Vilão

 Tom Hiddleston — Os Vingadores (The Avengers)
 Javier Bardem — 007 – Operação Skyfall (Skyfall)
 Leonardo DiCaprio — Django Livre (Django Unchained)
 Marion Cotillard — Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises)
 Tom Hardy — Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises)
       

- Melhor Momento Musical

Anna Kendrick, Rebel Wilson, Anna Camp, Brittany Snow, Alexis Knapp, Ester Dean e Hana Mae Lee — A Escolha Perfeita (Pitch Perfect)
Anne Hathaway — Os Miseráveis (Les Miserables)
Channing Tatum, Matt Bomer, Joe Manganiello, Kevin Nash e Adam Rodriguez — Magic Mike
Bradley Cooper e Jennifer Lawrence — O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook)
Emma Watson, Logan Lerman e Ezra Miller — As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower)


domingo, 14 de abril de 2013

Fúria



 [Parte I] 

   Acabando-se de ódio por dentro, porém trazendo um calmo, falso e enorme sorriso por fora, Janet aguardava seus pais terminarem de se arrumar para leva-los ao aeroporto, onde iam embarcar numa viagem de quase um mês para o exterior. 

  Janet era um projeto de mulher que acabara de completar 18 anos, porém era mais independente do que qualquer garota de sua idade; sabia dirigir desde os 15 e gostava de andar sozinha, até pelo fato de não ter muitos amigos. Era quieta e sempre muito fria; sempre estivera acima do peso, o que lhe fazia principal alvo de brincadeiras maldosas no colégio, em seus tempos de criança, e agora na universidade. Gostava raramente de sair com suas duas únicas amigas, quando estava muito deprimida ou entediada. Em casa, passava momentos infelizes, por nunca ter recebido atenção dos pais, que davam mais ao seu irmão autista de 8 anos, e desde a morte de seu avô, talvez seu único melhor amigo em toda a vida, a garota caiu em um eterno estado de melancolia. Janet não gostava de morar com sua família pois ninguém a entendia e ela não entendia ninguém e seu sério problema de se relacionar com as pessoas, que enfrentava desde pequena, era forte.

   Quando seus pais enfim terminaram de se arrumar e levar suas malas para o carro, Janet pôde levá-los ao aeroporto, deixando seu irmão com a enfermeira. A garota realmente odiava a ideia de seus pais viajarem após menos de um ano da morte do avô, além do fato de eles a deixarem sozinha com seu irmão doente em casa. Maldito período que meus pais resolveram tirar férias, pensava Janet de instante em instante. Suas preocupações iam além da família; sua faculdade havia entrado em greve há mais de duas semanas e não tinha previsão de quando as aulas recomeçariam e a garota acabara de perder seu primeiro emprego. Janet enviou currículos para vários e bons lugares de sua cidade, mas não foi aceita neles. Resolveu deixar de correr atrás de emprego e dedicar-se aos estudos, que agora haviam sido interrompidos por professores que começaram uma greve estúpida que atrasava a vida dos estudantes. Em outras palavras, Janet estava ociosa. 

   Ao chegar no aeroporto, ajudou seus pais com as malas e ouviu suas últimas advertências antes de embarcarem.

- Lembre-se que Isabel não poderá cuidar do seu irmão nos dias 13 e 14. – Alertou sua mãe. – Ela fará duas provas para um concurso público.

 Ouvir aquilo deixava Janet morrendo por dentro. Até uma enfermeira que cuidava de crianças autistas poderia ter mais sorte que ela na vida.

  Ao se despedir dos pais, Janet sentiu uma raiva que jamais sentira antes por eles e aquilo a deixava mal. Preferiu esquecer tal raiva e deixar as coisas como eram. Quando seus pais finalmente embarcaram, a garota preferiu não voltar imediatamente para casa, mas dar uma volta pela cidade, já que ficaria a maior parte do tempo em casa, ajudando a cuidar do irmão e fazendo as tarefas do lar. Suas duas amigas prometeram lhe visitar nesse período de tédio e marcar alguma programação, o que deixava Janet um pouco contente. Apesar de não gostar muito de sair com pessoas, a companhia de suas parceiras de infância lhe era agradável pois essas eram as únicas que não lhe tiravam sarro por causa do peso e a expressão de melancolia que a garota sempre trazia no rosto.
    

  Quando cansou de circular pela cidade, foi para o prédio que residia. Chegando no apartamento da família, deparou-se com seu irmão gritando, dizendo estar vendo uma pessoa com um martelo ensanguentado e que precisava fugir. A enfermeira Isabel estava tentando controlar o menino, mas este gritava cada vez mais alto e começou a sacudir-se no chão. Janet não queria dar atenção para aquilo, pois já achava normal seu irmão ter certos ataques e depois se acalmar. Passado um tempo, a garota foi ver como estava o pequeno. Jânio, como era chamado, estava sentado numa almofada de frente para a parede com a cabeça baixa e se balançando de um lado para o outro. Quando Janet chegou perto dele, o menino começou a murmurar com sua voz baixa:

- É você. É você. É você. – A casa frase, sua voz mudava de tom discretamente. 

  Janet não estava assustada com aquilo, porém achava estranho seu irmão começar a falar aquilo justamente quando ela estava por perto. “O que será que fiz para ele?” pensava a garota.

  Passados os dias, Janet não recebera notícias da faculdade, não conseguiu um trabalho temporário em alguma loja, nem fora visitada pelas amigas que haviam prometido uma programação, sem falar na eterna dor de cabeça que enfrenta em casa diariamente. A enfermeira do pequeno Jânio não era paga pra fazer serviços domésticos, apenas cuidar do garoto, e era ela que mais causava bagunça na casa, por incrível que parecesse. Janet definitivamente não estava aguentando viver aquilo. Pela primeira vez na vida, sabia que precisava de alguém para conversar ou desabafar o que sentia.  A garota sentia-se mal e presa. Toda vez que faltava algo para Jânio, a enfermeira, que estava começando a ser odiada por Janet, pedia à garota ir ao mercado comprar alimentos específicos que seu irmão comia, apesar de tantas exigências por parte dele quanto a cor, tamanho e quantidade da comida.

   A tal obsessão de Jânio pelo indivíduo com um martelo ensanguentando na mão que iria visita-lo a qualquer instante durou mais alguns dias e sumiu da pobre mente do garoto. Tirando seus tantos problemas decorridos com o autismo, Jânio estava parcialmente bem. O mesmo não podia se dizer de Janet que estava completamente tomada pelo ócio, isolamento, cansaço de não fazer nada e a raiva que crescia cada vez mais em seu psicológico. A garota nem mesmo acreditava que suas amigas lhe esqueceram, não cumprido a promessa de visita-la e chama-la para sair. 

    Foi numa tarde de quinta-feira que Janet não mais aguentou e começou a cabeça chegando até mesmo a empurrar a enfermeira de seu irmão para o lado quando essa lhe parou para perguntar sobre o aumento de salário. Janet não tinha intenção machuca-la, mas afastou- a de sua frente para poder passar para o seu quarto, onde ia se arrumar para finalmente sair para se distrair um pouco naquele final de tarde. A enfermeira Isabel não reclamou nem ameaçou contar para os pais da garota o tal empurrão, fez somente uma cara feia e saiu para vigiar Jânio que falava sozinho na sala de estar. Janet vestiu sua roupa normal de sair, isto é, uma blusa branca, sua jaqueta de couro e calças jeans, calçou seu tênis Converse, pegou suas coisas (chaves, celular, dinheiro e cartões) e saiu sem se despedir do irmão.   A garota resolveu não descer de elevador e foi de escadas até o térreo. Chegando na rua, resolveu caminhar até um cinema há 3 quarteirões que estava exibindo um filme interessante que estava louca para assistir.


[Parte II]
 

     Ao caminhar rumo ao cinema, Janet procurou esquecer o ódio que estava sentindo desde a viagem de seus pais, porém a voz do seu subconsciente não a permitia. Havia ainda uma raiva evoluindo dentro da garota e uma inacabada vontade de fazer algo imprudente para sentir-se bem. Não sabia ela se assistir um filme naquele momento era o melhor que podia fazer, porém fez o possível para desligar a mente de coisas insanas durante algumas horas para aproveitar um pouco a tarde, após semanas de tédio e infortúnios. 

  Chegando ao cinema/teatro, Janet comprou seu ingresso, pegou um refrigerante e entrou na sala escura. Arranjou um bom lugar não tão perto nem distante da enorme tela e acomodou-se para esperar o filme começar. De repente, Janet ouviu duas garotas que conversavam um tanto alto e de forma extravagante entrando na sala e sentando-se nas poltronas que estavam atrás da sua. A garota logo percebeu que as duas meninas eram aquelas que se diziam suas amigas. Uma raiva quase que incontrolável tomou conta de sua pessoa, porém resolveu falar nada por enquanto, apenas escutar a conversa e ter um pouco de controle. Quando finalmente as garotas começaram a mencionar seu nome nos papos, prestou mais atenção.

- Ô, Vera. Não acha que fomos grosseiras por não convidar a Janet pra sair conosco nesses últimos dias? Poxa, nós sempre saímos juntas. – Disse a menina que se chamava Patrícia.

- Sei lá! Ultimamente a Janet andava muito caladona. Deve ser por causa do avô que morreu. Ah, e ela jamais gostou tanto de sair com a gente. – Respondeu Vera.

- Mas nós nos conhecemos desde a educação infantil. 

- E daí? Conheço meu pai desde que nasci e mesmo assim não consigo aturá-lo. Janet é uma garota problemática. Até acho que ela tem mais problemas que o irmão. Ela não passa de uma gorda sem futuro que acha tudo na vida e no mundo ruim. Sinceramente, andar com ela nunca me foi agradável. Acho que todo esse tempo sentia pena dela. Talvez, quando o filme terminar, eu passe em seu apê pra dar um “alô”, pra não dizer que sou ruim.

  Ao ouvir tamanha falsidade, Janet engoliu o choro por estar magoada e controlou-se para ali mesmo não revelar-se para as garotas e começar uma confusão. Ficou ainda mais abismada quando Patrícia disse concordar com as palavras de Vera e, com isso, sentiu-se traída e ainda mais sozinha. 

  Faltava ainda 20 minutos para o filme começar e Janet não sabia se acertava as contas com suas “colegas” lá na sala de cinema ou esperava o filme terminar. Milagrosamente, ouviu Vera falar para Patrícia:

- Vou lá no banheiro passar um pouco de pó na cara. Você vem?

- Não. Tenho alergia a pó-de-arroz e você sabe muito bem disso. – Respondeu Patrícia inocentemente.

- Ah, é mesmo. – Disse Vera fingindo que iria mesmo passar produtos de beleza no nariz.  – Então eu vou e volto num instante.


    Janet não pensou duas vezes e com todo cuidado seguiu Vera até o banheiro que ficava no andar superior, onde havia escada para o acesso. A garota esperou um tempo até entrar no WC e fazer uma “surpresa” para Vera que no momento estava com a cabeça enfiada na pia, inalando o pó branco que a fazia se sentir bem; por sorte, ou não, o banheiro estava completamente vazio. Quando enfim resolveu entrar silenciosa e calmamente, Janet percebeu que a “amiga” estava ainda com a cara quase enfiada dentro de uma das pias e caminhou lentamente até ela. Quando Vera levantou a cabeça, ainda um pouco fora de si devido à inalação da forte substância, limpou o excesso de pó do nariz e abriu os olhos; quando olhou a imagem de Janet acabando-se de ódio atrás dela refletida no espelho, tentou gritar, porém fora silenciada com uma violenta chave de braço dada pela amiga que disse sarcasticamente: 

- Que coisa, queridinha! Fui eu quem acabou te fazendo uma visitinha. 

  Janet então largou Vera que caiu no chão tossindo e sem ar. Depois, puxou a garota pelos longos cabelos loiros e bateu sua cabeça contra a quina do balcão das pias. Batia a cabeça da colega cada vez mais forte, até abrir um ferimento que espirrava sangue para todos os lados, chegando até a manchar a branca de Janet. Quando enfim sentiu o crânio de sua adversária partir-se, largou o corpo sem vida e ensanguentado na garota no chão. Por um tempo, Janet ficou lá observando, acreditando que havia feito o que era certo e riu pela primeira vez após muito tempo. Um pequeno sorriso frio formou-se em sua boca que não mais tremia de raiva, mas de uma certa satisfação.


[Parte III]
      


   Quando de repente a porta do banheiro feminino abriu-se e Patrícia antes de entrar revelou-se estar observando tamanha violência desde o início, paralisada, com a boca e olhos bem abertos e uma assustadora expressão de horror no rosto, Janet levantou-se para vingar-se também da outra “melhor amiga” que não teve tempo de correr. Patrícia foi arremessada por Janet escada a baixo, tendo o pescoço quebrado e, assim, um encontro instantâneo com a morte. 

  Todos que estavam no pequeno saguão do cinema, funcionários, seguranças e pipoqueiros, foram ver o que estavam acontecendo e tentar remover o corpo dali com cuidado até a ambulância chegar. Janet sabia que não conseguiria sair de lá pela porta da frente, então saiu por uma das janelas do banheiro que dava acesso a uma escada de emergência. Sua gordura não facilitou a passagem pela janela, e quando ouviu passos vindos em direção ao banheiro, espremeu-se ainda mais para poder passar, conseguindo com muita sorte e esforço. Para descer a pequena escada de incêndio, a garota levou tempo e ao chegar finalmente no chão correu para seu prédio. As pessoas na rua não paravam de olhar aquela figura correndo desesperadamente, com a camiseta suja de sangue. Muitos chegaram até a tentar abordá-la e chamar a polícia, mas Janet afastava-os com socos e empurrões. 

   Quando finalmente chegou ao prédio, a garota, suada, ofegante e com a blusa completamente manchada de sangue, esbarrou-se acidentalmente no porteiro que, preocupado, perguntou-lhe o que havia acontecido. Janet, porém, não respondeu e foi correndo em direção às escadas para enfim subir até seu apartamento.


  Lá chegando, abriu a porta apressadamente e foi direto para a cozinha tomar um copo d’água com açúcar. Não viu ela que a enfermeira Isabel estava dando o jantar do seu irmão no mesmo local. Isabel, então, levantou-se assustada da mesa para perguntar a Janet o que lhe havia acontecido. Obviamente, a garota sequer deu-lhe atenção, continuava bebendo sua água e vasculhando uma gaveta de ferramentas que ficava ao lado do bebedouro. A enfermeira, mesmo vendo aquele estado horrível na qual Janet encontrava-se, começou a falar: 

- Lembre-se que amanhã é dia 13. Será meu primeiro dia de prova para o concurso. Portanto, poderei vir somente no domingo, se não estiver muito cansada. – Concluiu, percebendo que a garota não lhe dava o mínimo de atenção.

  Ao terminar de falar, virou-se para terminar de dar o jantar do pequeno Jânio justamente quando um martelo atingiu-lhe em cheio no rosto, fazendo com que cinco dentes do seu lado direito da mandíbula pulassem para fora de sua boca juntamente com litros de sangue. Para finalizar com a tão odiada enfermeira aproveitadora e sortuda, Janet ajoelhou-se junto ao seu corpo caído no chão, gritando de dor, e bateu fortemente o martelo contra sua cabeça. A garota sabia que o irmão, apesar de todo seu desligamento do mundo, estaria observando aquela cena abominável e resolveu lhe falar o que estava acontecendo:

- Nós estamos brincando de “carpinteiro”, Jânio. – Disse Janet ao irmão que não sabia se olhava pra comida no prato ou para a irmã. - A Isabel era um pedaço de madeira.

- É. – Concordou.

   Janet então levantou-se e começou a andar lentamente até seu irmão. Suas mãos estavam tão sujas de sangue quanto sua blusa que já foi branca. 

- A Isabel era a madeira. Sabe quem é a carpinteira na brincadeira? – Perguntou a garota.
 
- É você! – O menino olhava agora somente para a irmã. – É você!

- Sim! – Janet estava gargalhando sarcasticamente. – Imaginei que você diria isso, seu retardadinho de merda! Sabe você quem é agora a madeira?

- É você.

- Pare de dizer isso, cacete!

- É você!

  Janet não mais estava sorriso. Sentia um inacabado ódio do irmão e desejava acabar com ele naquele mesmo instante. Quando chegou perto o suficiente de atacar o garoto com o martelo, percebeu que ele não se movia, nem mesmo mostrava estar com medo, apenas dizia sua tradicional frase, cada vez mais alto. Janet, então, ergueu o martelo, ameaçando acertar em cheio a cabeça do irmão, porém, nesse momento, o porteiro do prédio havia entrado preocupado no apartamento por ter visto a garota ensanguentada no hall de entrada e ter escutado os gritos da enfermeira.

  Paralisado com o que estava presenciando, o porteiro gaguejou: 

- J-Janet, por favor, la-largue esse martelo. Largue!



  Janet de repente não quis mais ouvir seu subconsciente maligno. Largou imediatamente o martelo no chão enquanto olhava para o irmão e o porteiro com as calças provavelmente sujas. A garota, então, deu um grito muito alto e desafinado, correu em direção a uma das janelas de vidro da cozinha e atravessou o vidro, encontrando-se forte e violentamente com o chão após uma queda de 13 andares. A força do impacto fê-la perder um olho, quebrar a mandíbula, além de costelas e diversas partes do corpo e ter a cabeça completamente arrebentada, formando uma enorme poça de sangue no local. 

   Após tamanha desgraça que ocorrera com a família de Janet, seus pais foram processados por abandonar um menor de condições precárias com uma garota que apresentava um certo tipo de psicopatia e após diversos processos, acabaram perdendo a guarda do pequeno Jânio. O garoto nunca mais teve a capacidade de falar, depois do que havia presenciado. Jânio, então, fora mandado para um centro especial para pessoas com autismo, local onde morou até os 18 anos. Ao atingir a maior idade, foi transferido para a casa de um tio e acabou morrendo lá, vítima de uma forte martelada na cabeça dada pelo próprio.