domingo, 26 de julho de 2015

Homem - Formiga: Crítica

A Marvel está de fato vivendo sua melhor era cinematográfica, sendo uma das principais responsáveis pela grande década do cinema voltado para a cultura nerd. Mais uma vez, o estúdio que nos presenteou com as fantásticas adaptações “Homem de Ferro”, “Guardiões da Galáxia”, “Os Vingadores” e “Capitão América: O Soldado Invernal”. Em mais uma aposta de risco da Marvel Studios, assim como as duas primeiras produções citadas, um herói pouco conhecido pelos fãs mais jovens e pouco venerado pelos mais velhos, porém extremamente importante no universo dos quadrinhos, ganha um filme solo sob a mesma responsabilidade de ser algo grandioso.

 Como sempre, a Marvel possui ideias e táticas inegavelmente brilhantes para inserir novos personagens em seu universo cinematográfico. Porém, talvez seja essa a primeira vez que percebemos que nem tudo que reluz no estúdio é ouro. Homem-Formiga (Ant Man), apesar de toda a tentativa da Marvel de trazer algo desconhecido às telonas e fazer dessa ideia de risco alguma coisa incrível, está muito longe de se igualar às produções anteriores que fizeram jus ao nome da empresa que criou alguns dos melhores heróis da cultura pop.

 No filme, o Dr. Hank Pyn (Michael Douglas) tenta esconder uma experiência que criou de mãos erradas. Quando descobre que seu pupilo Darren Cross (Corey Stol) está desenvolvendo o projeto “Jaqueta Amarela”, baseado nos experimentos do seu mentor, Pyn sente uma ameaça e resolve contratar um exímio ladrão, Scott Lang (Paul Rudd), recém-saído da prisão, para se infiltrar no laboratório da Pym Technologies e roubar o protótipo do projeto de Cross, antes que este possa levar o mundo ao caos.
 Tanto a história do primeiro Homem-Formiga (Pyn) quanto do segundo (Lang) possuem suas semelhanças e diferenças com os quadrinhos. De um lado, vemos o Dr. Pyn, que usara o traje de encolhimento do super-herói nas décadas de 70 e 80, afastado dos Vingadores e seguindo seu caminho só; vale lembrar que o primeiro Homem-Formiga foi um dos fundadores e principal membro do grupo de heróis, ao lado de sua esposa, Janet Van Dyne, a Vespa (que é brevemente citada no filme, e deverá ser melhor explorada nos próximos). De outro, vemos um Scott Lang não especialista em engenharia eletrônica (como nas HQs), mas um exímio ladrão sem más intenções, que, ao sair da cadeia, tenta abandonar a vida de crime e arranjar um emprego para ter permissão de fazer visitas à filha (uma das personagens mais fofas e divertidas do filme) que está sob a guarda da mãe e o padrasto. Porém, o que mais pode decepcionar os fãs do universo dos quadrinhos é o fato de o herói do filme não ser primeiramente o original, o que poderá ser prejudicial às futuras continuações.

 Não que Scott Lang seja um mau Homem-Formiga – muito pelo contrário, pois o personagem de Paul Rudd consegue, de fato, ser bastante carismático e cativante, apesar de não muito inteligente -, mas, o mais prudente a um filme de origem seria inserir na trama a verdadeira história do herói com seu principal alter ego, em vez de apresenta-lo no universo cinematográfico como um quase coadjuvante, levando em conta também as incríveis histórias de Hank Pyn e suas habilidades, como diminuir, comunicar-se com as formigas e controla-las e espichar de tamanho – tornando-se o herói “Gigante” ou “Golias”-.

 O desenvolvimento da trama não empolga. Apesar de Edgar Wright ter escrito boa parte do roteiro, antes de ser demitido como diretor do longa-metragem, a história não possui uma trama inovadora, tampouco profunda e abrangente, como a de Capitão América 2, não explora bem seus personagens coadjuvantes e peca bastante por exagerar no humor, chegando a ser engraçado e, ao mesmo tempo, irritante e fora do contexto. Em resumo, o roteiro se perde em demasia, tendo ação onde não deve, humor em momentos inoportunos e um melodrama forçado – apesar de compreensível e necessário – que não fora bem dosado.

 Claro que nem tudo foi mal aproveitado nessa produção que, infelizmente, devo classificar como a mais fraca dos estúdios Marvel. Há referências importantes a respeito do herói e do universo dos quadrinhos que foram bem inseridos à trama, além das cenas pós-créditos que darão um gostinho de “quero mais” para quem espera desesperadamente por “Guerra Civil”. As cenas de ação estão divinamente bonitas e eletrizantes, assim como os cenários gigantes dos momentos que em Scott diminui, o que devo admitir ter inovado no quesito de sequências de ação dos filmes de super-heróis.  
 Sendo o primeiro filme da “Fase 3” da Marvel, Homem-Formiga decepciona a quem pretende ver um filme de super-herói, principalmente do personagem cuja importância é fundamental nos Vingadores, mas é divertido e empolgante para quem pretende assistir a um bom filme-pipoca para relaxar e esquecer os problemas que a vida proporciona, sejam eles gigantes ou minúsculos.


HOMEM-FORMIGA (Ant-Man)

Direção: Peyton Reed
Produção: Kevin Feige
Roteiro: Edgar Wright, Paul Rudd, Adam McKey e Joe Cornish (baseado em "Homem-Formiga", de Stan Lee e Jack Kirby)
Trilha Sonora: Christopher Beck
Elenco: Paul Rudd, Michael Douglas, Evangeline Lilly, Michael Peña, Corey Stoll, Hayley Atwell, entre outros.
EUA, 2015 - 1h 52 minutos

Nota: 5,5

O Exterminador do Futuro: Gênesis - Crítica

Ele voltou! Depois de 12 anos longe do personagem que praticamente o lançou para o estrelato hollywoodiano, Arnold Schwarzenegger está de volta como o Exterminador T-800 em mais um filme da franquia “O Exterminador do Futuro”, criada por ninguém menos que James Cameron (Aliens, Titanic), para fazer a alegria – ou, pelo menos, tentar– dos fãs depois do descartável Exterminador do Futuro 4 – A Salvação.

 Esse quinto longa-metragem da franquia, porém, pode também ser considerado descartável por quem considera os clássicos de 1984 e 1991 os únicos filmes dignos do nome “Exterminador do Futuro”. Mas, por outro lado, “O Exterminador do Futuro: Genesis” (Terminator: Genisys), pode ser ao mesmo tempo desnecessário e interessante para aqueles que gostam da premissa do universo Terminator e para quem quer explicações a respeito da viagem no tempo, fator fundamental para todos os filmes da saga. Na verdade, o filme ora parece uma continuação dos 3 primeiros – o quarto é completamente descartado -, ora um remake feito às pressas dos dois primeiros, feito para atrair um novo público.

 A história do filme começa em 2029, seguindo a linha ideológica do primeiro filme, com Kyle Reese (Jai Courtney) sendo enviado para o ano de 1984 por John Coonor (Jason Clarke) a fim de proteger a futura mãe do líder da resistência, Sarah Connor (Emilia Clarke), do Exterminador. Até aí, nada é diferente. A história do Exterminador do Futuro: Genesis começa de verdade quando um acontecimento inesperado ocorre no exato momento em que Reese é transportado para o passado, mudando, assim, a realidade; quando o personagem chega em 1984, ele encontra uma Sarah Connor madura e independente de sua proteção, por ser, nessa realidade protegida por um velho T-800 (Schwarzenegger), chamado pela garota de “Papi” (Pops).

 O desenrolar da trama torna-se confuso ao usar em demasia a questão de viagem no tempo, por amis que tal recurso seja fundamental para o desenvolvimento da história, o que torna o novo filme da franquia do Exterminador um tanto complicado de se entender e, diferente dos anteriores, complexo a ponto de deixar várias perguntas na cabeça de quem assiste. Ao mesmo tempo que o filme não traz grandes novidades, principalmente por mais parecer um “filme-homenagem” - assim como fora Jurassic World - aos clássicos de 1984 e 1991, o longa possui ótimas referências e perfeitas reconstruções de cenas do primeiro longa, ao brincar com a viagem no tempo. Talvez, o momento mais impressionante do filme e que, pelo trailer, seria o que realmente faria o público mais velho vibrar é a cena em que o T-800 velho enfrenta o jovem que acabara de chegar em 1984; a sequência de ação, de fato, empolga, porém o mais legal dela é o fato de acontecer em um determinado momento inesperado do novo longa-metragem.
 Todo o conceito de tempo, porém, como já foi dito, perde a linha da meada, criando uma situação, ora inteligente, ora exagerada, que reconstrói a história da franquia de uma maneira um tanto inusitada, colocando Kyle Reese como o herói protagonista e John Connor o vilão da história. Talvez essa bagunça de viagem no tempo, que deixará muita gente confusa (recomendo que vocês assistam ao filme mais de uma vez), seja fundamental pelo fato dela ter sido ocasionada por ninguém menos que Matt Smith, nosso eterno 11th Doctor (Doctor Who), que interpreta a inteligência artificial Skynet.

 Apesar de escorregar no roteiro, o filme tem um desenvolvimento bem movimentado, o que garante diversão, apesar das dores de cabeça devido à história. Jai Courtney não é muito carismático, mas consegue ter ritmo ao interpretar seu personagem, assim como Emilia Clarke. Jason Clarke interpreta um John Connor antagonista pouco assustador como os demais vilões da franquia, mas consegue fazer o público sentir raiva de sua personagem e torcer para Schwarzenegger que retorna no seu icônico T-800, agora com mais emoções “humanas”. Arnold está velho, porém não obsoleto, como diz a nova frase de feito do filme que substitui “Hasta la vista, baby!”, e isso é mostrado da melhor maneira das cenas de ação com bastante pancadaria e efeitos visuais sem exageros.

 Concluindo, O Exterminador do Futuro: Gênesis não é um filme realmente necessário, tampouco uma obra inovadora cinematográfica que deixará a todos os fãs do gênero ficção científica com os cabelos em pé, mas é sim uma boa tentativa de reconstruir uma das franquias mais importantes da sétima arte. É recomendado que vocês fiquem para ver os créditos, pois no meio desses há uma cena extra indicando a possibilidade de que o Exterminador voltará.


O EXTERMINADOR DO FUTURO: GÊNESIS (Terminator: Genisys)

Direção: Alan Taylor
Produção:  Megan Ellison e David Ellison
Roteiro: Laeta Kalogridis e Patrick Lussier
Trilha Sonora: Lorne Balfe/Hans Zimmer
Elenco: Arnold Schwarzenegger, Jai Courtney, Emilia Clarke, Jason Clarke, Matt Smith, J.K. Simmons, Lee Byung-hun, entre outros
EUA, 2015 – 2h 06 min

Nota: 7

domingo, 12 de julho de 2015

Batman Vs Superman e Esquadrão Suicida na Comic-Con

 Ontem, 11 de julho, foi o melhor dia da San Didego Comic-Con 2015 para os fãs da DC Comics!

Além da Warner divulgar e liberar na rede o fantástico trailer de Batman Vs Superman: A Origem da Justiça, o estúdio também liberou o teaser de mais um aguardado filme baseado nas clássicas HQ's da DC: Esquadrão Suicida.

 Esse último, porém, ainda não foi liberado em HD, mas podemos ver graças a um cinegrafista amador que estava no lugar certo e na hora certa. O vídeo, ao som da canção "I Started a Joke" (escolha sensacional), mostra aos poucos cada integrante do grupo de vilões, dando mais destaque a Arlequina (Margot Robbie) e Pistoleiro (Will Smith). No final, temos uma célebre aparição de... bom, se eu disser, posso estragar a piada.

 Confira os dois espetaculares trailers:


BATMAN V SUPERMAN (LEGENDADO)






ESQUADRÃO SUICIDA



 Que 2016 chegue logo, pois as emoções e expectativas são gigantescas. Batman V Superman estreia no dia 24 de março do ano que vem, e Esquadrão Suicida em 4 de agosto.


sexta-feira, 3 de julho de 2015

De Volta Para o Futuro - 30 anos que talvez tenham passado em 30 segundos

 Às vezes, eu olho para trás e reflito: “Great Scott! Como assim, eu não era nascido em 1985?”. De tanto que eu assisti – e ainda assisto, obviamente – a trilogia “De Volta Para O Futuro”, uma das obras mais sensacionais que a sétima arte já viu e que jamais será substituída por outros filmes com a temática “viagem no tempo”, sinto como se tivesse vivido, não só os anos 80, mas a década de 50 e o final do século XIX. O futuro nós estamos vivendo hoje, mesmo que o nosso 2015 não seja tão... espetacular quanto a visão de Robert Zemeckis, Bob Gale e Steven Spielberg.

 Neste ano de 2015, porém, temos que concordar que há uma coisa realmente espetacular que deve ser comemorado: o fato de o filme original de 1985 e suas sequências continuarem atemporais! Ou seja, a inexistente possibilidade de haver um remake ou coisas do tipo que só provam o despeito hollywoodiano pelas obras cinematográficas originais. Hoje em especial, dia 3 de julho de 2015, são comemorados os 30 anos do lançamento de “De Volta Para O Futuro” nos cinemas americanos, coisa que parece ter acontecido ontem... o que pode, de fato, ter mesmo ocorrido.

 Na matéria especial dos 30 anos de um dos filmes mais importantes de todos os tempos (é melhor se acostumarem com as brincadeirinhas que envolvem tempo, pois essa matéria terá várias delas), fiz uma lista com curiosidades e fatos sobre o primeiro longa da trilogia.

 Portanto, recarreguem a câmara de plutônio para chegar a 1,21 gigawatts, ligue os motores ajuste os circuitos de tempo para 1985 e atinja 88 milhas por hora!!!!

O INÍCIO

A ideia de De Volta Para o Futuro veio das mentes absurdamente criativas de Bob Gale e Robert Zemeckis, no início dos anos 80, após este primeiro ter encontrado no porão de sua casa um anuário da época do colégio de seu pai, descobrindo que ele havia sido presidente de classe; Gale, então, ficou se perguntando se seria amigo de seu próprio pai no colégio, se vivesse naquela época passada.  
 Após o roteiro ter sido recusado por 40 vezes (sério!), a Universal Pictures aceitou desenvolver o projeto devido o sucesso de “Tudo Por Uma Esmeralda”, de Zemeckis, colocando Steven Spielberg como produtor executivo. O resultado, vocês já viram, reviram, estão vendo e irão rever.


PRIMEIRAS IDEIAS

 O ano de 1955 foi atribuído à história por Gale e Zemeckis, pois, de acordo com os cálculos dos cineastas, um jovem de 17 anos de 1985 viajando para encontrar seus pais na mesma idade significaria viajar para a década de 50 (30 anos atrás). A época também foi escolhida por ter sido um marco da ascensão da juventude elemento cultural, destacando-se os rebeldes e os mocinhos, o nascimento do rock n' roll, a expansão dos subúrbios, sem falar que a década de 50 ficou conhecida como “Os anos dourados”.

 A ideia inicial da trama possuía duas coisas meio que absurdas: Marty McFly seria um tipo de empregado do Doc. Brown e a máquina do tempo um dispositivo laser que ficava instalado numa sala que seria anexado a uma geladeira e levado para o deserto de Nevada para um teste atômico onde, preso à traseira de um caminhão, era conduzido para a explosão para aproveitar seu poder nuclear. A ideia foi logo vetada, pois Spielberg temia que crianças entrassem na geladeira de suas casas para fazer alguma bobagem - porém, o produtor utilizou uma "geladeira atômica" em Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, como uma referência a ideia original de Back to the Future -. Aconteceram várias modificações até a famosa frase do Doc. Brown surgir na mente de Gale, Zemeckis e Spielberg: “Se vamos fazer uma máquina do tempo, por quê não fazer com estilo?!”, então, surgiu a ideia do Delorean.

 Vocês sabiam que o título “De Volta Para o Futuro” (Back To The Future) foi considerado ruim pela Universal? O estúdio achou que o tal nome não chamaria atenção do público e cogitaram mudar para “O Astronauta de Plutão” (Spaceman from Pluto). Felizmente, o título original permaneceu.


ELENCO

Michael J. Fox, nosso eterno Marty McFly, não foi o primeiro a atuar como o icônico viajante do tempo. Apesar de J. Fox ter sido a primeira escolha, este não estava com tempo disponível (que ironia, não?) na sua agenda, devido a série “Family Ties” (Caras e Caretas). As segundas opções de Spielberg e Zemeckis eram C. Thomas Howell e Eric Stoltz. Esse último foi escolhido para o papel e chegou a gravar várias cenas; porém, o ator não tinha o carisma que os produtores queriam para Marty. Após várias negociações com a produtora de Family Ties, Zemeckis e Spielberg conseguiram Michael J. Fox para o filme! Ah, Ralph Macchio, o Karatê Kid (de verdade), recusou interpretar Marty McFly.


Eric Stoltz como Marty McFly
 Christopher Lloyd foi o segundo ator a ser escolhido para interpretar o excêntrico Doc. Emmett L. Brown, após John Lithgow ter ficado indisponível para o papel. Originalmente, Lloyd havia recusado interpretar o Doutor, mas, após ler melhor o roteiro a pedidos de sua esposa, o ator achou interessante a proposta do filme e sua personagem, aceitando a oferta. Lloyd acabou fazendo um dos melhores trabalhos de sua carreira, se inspirando no maestro Leopold Stokowski e no cientista Albert Einstein para criar os trejeitos do Doutor Brown. Chegando até a pronunciar “gigawatts” da maneira como os cientistas pronunciam: “jigowatts”.

 Os pais de Marty, George e Lorraine, foram respectivamente interpretados por Crispin Glover e Lea Thompson. Crispin é 3 anos mais jovem que seu “filho” e improvisou bastante para incorporar o pai nerd e desajeitado de Marty; não retornou nos filmes anteriores devido a um desacordo no contrato. Thomas F. Wilson, o Biff, foi perfeitamente escolhido para interpretar o vilão que atormentaria a família McFly na trilogia. As maquiagens de Lea, Crispin e Thomas no futuro levavam cerca de 3 horas para ficarem prontas.

 Claudia Wells neta do cultuado escritor de ficção científica H.G.Wells, interpretou Jennifer, namorada de Marty, apenas no primeiro filme, pois sua mãe estava doente e preferiu passar mais tempo com ela. Foi substituída por Elisabeth Shue nas partes II e III.


MELHORES CURIOSIDADES REFERÊNCIAS DE TODOS OS TEMPOS

 Além das diversas curiosidades presentes no filme, há também muitas referências ao universo da ficção científica. Vamos ver se vocês lembram ou conhecem algumas delas?

- Logo nos créditos de abertura, um dos relógios do Doutor Brown mostra um homem pendurado no ponteiro de um relógio, referência clara a uma cena do filme “O Homem Mosca” (1923), com Harold Lloyd. A cena ganhou outra homenagem quando o Doc. – interpretado por outro Lloyd – fica pendurado no relógio da torre.



- A data em que Marty volta para 1955, 5 de novembro, é a mesma data da viagem no tempo mostrada no filme “Um Século em 43 Minutos” (1979).

 - Hill Valley é uma cidade fictícia, mas a locação usada para representar o lugar é a cidade californiana de Petaluma, a mesma usada em Gremlins, lançado 1 ano antes.

- O nome completo do Doc é Emmet Lahtrop Brown. Lendo ao contrário Emmet Lahtrop, terá algo que lembra “portal” (porthaL) e “time” (temmE).

- A cena em que Marty McFly se passa por Darth Vader (Star Wars) do planeta Vulcano (Star Trek) – com direito a saudação da raça de Spock - era para ser bem maior do que a mostrada no filme. Por questão de tempo (outra ironia), a sequência foi quase toda cortada. Na cena alternativa, Marty saca um secador de cabelo como arma capaz de derreter cérebros.

- O nome do fazendeiro Peabody, que criava dois pinheiros, é uma referência a um desenho educativo da década de 60 sobre viagens no tempo , ” The Bullwinkle Show”. Mr. Peabody era um cachorro que viajava com seu humano Sherman entre o tempo e espaço.

- Coisa que todo mundo em sã consciência sabe: Os cachorro do Doutor em 1955 chama-se Copérnico, em homenagem a Nicolau Copérnico (não diga!), e o de 1985 chama-se Einstein (não consigo imaginar por qual motivo).

- Marty McFly foi o responsável pela “criação” do rock. Na clássica cena em que o personagem toca “Johnny B. Good”, o músico do baile Marvin Berry liga para o seu primo Chuck e pede para ele escutar o som. Chuck Berry é uma das lendas vivas do rock, responsável pela música original.




- Há uma singela homenagem ao diretor Stanley Kubrick no primeiro filme. No laboratório de Doc. Brown, quando Marty conecta sua guitarra em um amplificador, aparece um aviso com os dizeres "CRM-114". CRM 114 é o nome do decodificador de mensagens de Dr. Fantástico (1964) e 114 o número serial da exploração em Júpiter, de 2001 - Uma Odisséia no Espaço (1968).

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- Quando Marty chega em 1955, ele mata acidentalmente um dos pinheiros de Peabody. Em 1985, há um shopping no lugar onde ficava a fazenda, chamado “Twin Pines Mall” (Shopping Pinheiros Gêmeos). Quando Marty volta de 1955 para 1985, o shopping passou a se chamar “Lone Pine” (Pinheiro Solitário). Tadinho...



A PRODUÇÃO

As cenas de 1955 foram gravadas primeiro, devido ao cenário construído nos estúdios da Universal, que devia se aparentar bonito durante os anos 50 e desgastado nos 80. O que os produtores fizeram? Filmaram todas as cenas externas que mostrava a praça do Relógio da Torre e depois bagunçaram tudo para parecer que o lugar estivesse velho e mal tratado. Ao todo, foram 100 dias de filmagem, só que só terminou em abril de 1985; devido a isso, quase que o filme teve de ser adiado para agosto. Para que o tempo cooperasse com um filme que mais abordou conceitos temporais, editores de vídeo e som tiverem que dar duro trabalhando 24 horas por dia.

A famosa trilha sonora do filme ficou sob a responsabilidade de Alan Silvestri. Inicialmente, Spielberg não ficou muito satisfeito com a trilha que Silvestri havia feito, pois o cineasta prefere composições com temas épicos e que fiquei na cabeça das pessoas. Aconselhado por Zemeckis para impressionar Spielberg, Silvestri refez o tema principal do filme duas semanas antes da pré-estreia. O resultado, todos nós conhecemos. Por sugestão do compositor, a banda Huey Lewis and the News criou duas canções tema para o filme: “The Power of Love”, indicada ao Oscar de Melhor Canção Original, e “Back in Time”. Huey Lewis até fez uma participação no filme, como o professor que critica a banda de Marty, alegando que eles tocam "alto demais".


LANÇAMENTO E LEGADO

Quando finalmente lançado, em 3 de julho de 1985, De Volta Para O Futuro estreou em 1.200 salas nos EUA. Michael J. Fox não pôde participar das premières do filme, pois estava gravando um especial de Family Ties em Londres, nem mesmo pôde promover o filme e isso fez com que Zemeckis achasse que De Volta Para O Futuro seria um fracasso comercial. Apesar disso, o longa-metragem passou 11 semanas em primeiro lugar nas bilheterias dos EUA.

 O filme acabou arrecadando US$ 210.609.762 na América do Norte e US$ 170.500.000 em outros países, acumulando um total mundial de US$ 381.109.762, sendo a maior arrecadação do ano de 1985.

 O legado de De Volta Para o Futuro é, de fato, gigantesco e pesado (no bom sentido). É um filme que, depois de 30 anos, consegue ser aclamado tanto pelo público quanto pela crítica por ter a incrível capacidade de sempre permanecer atual. Tanto os 3 filmes da trilogia tem suas sequências icônicas que serviram de inspiração para muitos filmes e séries, principalmente o primeiro. Temos: logo no início, a abertura ao som de “The Power of Love”, com Marty andando de skate pela cidade de Hill Valley; a clássica cena da primeira experiência com a viagem no tempo com o cachorro Einstein (que nas cenas internas do Delorean era um ser humano vestido de cachorro); a clássica chegada de Marty a 1955; a confusão que o personagem faz na história de seus pais; a épica sequência de perseguição com Marty no skate – o skate tornou-se mais popular depois do lançamento do filme, isso é um fato -; o baile e a famosa sequência em que o Doutor fica pendurado no relógio. Atire a primeira pedra aquele que desconhece qualquer uma dessas sequências!

 De Volta Para O Futuro, felizmente, jamais precisará passar pelo vexame de ter uma refilmagem. Os próprios Gale e Zemeckis já confirmaram, para a alegria dos verdadeiros fãs da saga, que só haverá um remake quando eles morrerem (e espero que isso leve muito tempo). Não há como reinventar um verdadeiro clássico, coisa que a trilogia já se tornou.


 Nessa longa estrada da vida, gerações futuras perceberão que para onde eles forem jamais precisarão de estradas, tampouco de remakes desnecessários, e, assim, colocarão seus óculos futuristas (que deviam ter sido lançados esse ano) e assistirão De Volta Para O Futuro original como um presente atemporal.  





quinta-feira, 2 de julho de 2015

Top 10 - Tim Burton

 Há algum tempo, não muito distante dos tempos atuais - qual foi dessa parada dramática? -, escrevi um “Top 5” dos melhores filmes do Tim Burton. Agora, depois de mais análises críticas e conhecimentos a respeito das obras do grande mestre do cinema moderno, resolvi reescrever essa lista, acrescentando mais cinco filmes e trocando alguns de suas posições.

 Portanto... aí vai o “Top 10 – Melhores filmes dirigidos por Tim Burton”, do Aluado – vale lembrar que são somente os filmes DIRIGIDOS pelo cineasta. Então, por mais que eu goste de “O Estranho Mundo de Jack”, dirigido por Henry Sellick, este não está na lista -.


10 – A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005)

 Talvez seja esse um dos únicos remakes realmente bons já feitos. A versão mais recente de “A Fantástica Fábrica de Chocolate” é, curiosamente, menos tensa que o clássico de 1971, dirigido por Mel Stuart e estrelado por Gene Wilder. Sim, mesmo sendo um filme de Tim Burton, o filme de 2005 é mais “light” que o original, que ainda consegue assustar tanto crianças quanto adultos. Fora isso, Burton fez um ótimo trabalho no longa-metragem, inserindo seus elementos típicos, como gigantescos e belos cenários distorcidos, personagens sarcasticamente simpáticos e uma ótima trilha sonora de Danny Elfman (ótima mas não tão marcante quanto a trilha de Anthony Newley). Há cenas nesse remake mais fieis ao livro de Roald Dahl, como a ótima sequência na sala de seleção de nozes, onde foram usados mais de 40 esquilos de verdade treinados.







9 – A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999)

 Essa interessante adaptação do conto de Washington Irving possui um dos visuais mais impressionantes que já vi em um filme (até pelo fato de ter sido um dos primeiros do Burton que assisti). Diferente do conto original, o filme possui uma história mais extensa, para dar uma trama a mais. É estrelado por Johnny Depp, Christina Ricci, entre outros astros e estrelas famosos. Sucesso de público e crítica especializada, o filme foi indicado a 3 Oscars, porém venceu apenas na categoria de Melhor Direção de Arte.









8 – Batman (1989)

 Estrelado por Michael Keaton, no papel do homem morcego, e Jack Nicholson, atuando brilhantemente como o Coringa, o filme foi bastante diferente da cômica série de televisão, pois Burton optou por fazer algo semelhante às antigas HQs, com o clima mais sombrio e adulto. O resultado foi um grande sucesso financeiro e crítico, arrecadando mais de US$ 400 milhões de bilheteria. Pode-se dizer que Batman de Tim Burton revolucionou os filmes de super-heróis, que não faziam sucesso desde Superman de Richard Donner (1978). O filme venceu um Oscar na categoria de Melhor direção de Arte.











7 – Batman: O Retorno (1992)

 A única sequência dirigida por Burton – única ainda, pois nunca mais tocaram no assunto da continuação de Beetlejuice – jamais foi planejada pelo cineasta. Tim não gosta de continuações, porém, devido ao estrondoso sucesso do primeiro Batman, a Warner Brothers exigiu novos filmes do Morcegão. E o resultado foi: o melhor filme do Homem-Morcego feito até agora, na minha humilde opinião. A brilhante atmosfera “Burtoniana” misturada com as das clássicas HQ’s mais sombrias do Homem Morcego retornam fortemente nesse novo filme, além da ótima escolha dos vilões: Pinguim e Mulher Gato, que jamais serão superados no cinema por ninguém além de Danny DeVito e Michelle Pfeiffer.










6 – Beetlejuice: Os Fantasmas Se Divertem (1988)

 O primeiro grande sucesso de Tim Burton foi o filme que deixou o estilo único do cineasta registrado até hoje. Quando o casal Maitland morre em um acidente de carro, os espíritos destes ficam presos na sua antiga casa. Quando novos moradores chegam, os dois pedem ajuda ao “exorcista de humanos” Besouro Suco, brilhantemente interpretado por Michael Keaton, para expulsar as entidades vivas do lar. Beetlejuice é uma ótima mistura de comédia, terror, bizarrices e diversão, servida ao peculiar estilo Burton para adultos e crianças de várias gerações. O sucesso do filme foi tão grande que, em 1989, ganhou uma série animada produzida por Burton. Ainda aguardo ansiosamente uma possível continuação de Os Fantasmas Se Divertem.








5 – Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (2007)
 Considerado por muitos fãs do cineasta seu melhor trabalho já feito, esse perturbador e brilhante longa-metragem é baseado no musical da Broadway de Patrick Quentin, que estreou no final da década de 70 e está nos palcos até os dias de hoje. O filme tem as músicas e letras adaptadas de Stephen Sondheim, compositor da peça original, com brilhantes performances, principalmente de Helena Bonham-Carter e Johnny Depp; este último foi indicado ao Oscar de Melhor Ator, em 2008, pelo seu papel do injustiçado e vingativo barbeiro. O filme ganhou um Oscar na categoria de Melhor Direção de Arte.








4 – A Noiva Cadáver (2005)
 Nessa brilhante e bizarra animação stop-motion, acompanhada com o tão perfeito visual à lá Tim Burton, o Joven Victor Van Dort (voz original de Johnny Depp) casa-se acidentalmente com Emily, a Noiva Cadáver (voz original de Helena Bonham Carter), e, com isso, é levado do mórbido mundo dos vivos para o submundo dos mortos, onde tudo é festa e diversão. O filme conta com uma belíssima trilha sonora de Danny Elfman (que “novidade”), onde o piano tem destaque. Foi indicado ao Oscar de Melhor Filme de Animação, porém não levou o prêmio.











3 – Ed Wood (1994)

 A cinebiografia do excêntrico diretor hollywoodiano, Ed Wood, considerado o pior cineasta de todos os tempos, é focado nos projetos de seus filmes de maiores "sucessos", como: Glen ou Glenda, A Noiva do Monstro e Plano 9 do Espaço Sideral. O longa-metragem, que possui uma excelente fotografia em preto e branco, também mostra a grande amizade entre o diretor com o ator Béla Lugosi, interpretado por Martin Landau, que recebeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, pelo seu papel. Johnny Depp interpreta perfeitamente o bizarro cineasta em um dos melhores filmes do gênero biografia. Além do prêmio de Melhor Ator Coadjuvante, Ed Wood venceu também na categoria de Melhor Maquiagem.











2 – Edward Mãos de Tesoura (1990)

 Uma história de amor simples, porém extremamente cativante e inesquecível. Considerado um dos longas-metragens mais bonitos do cinema da década de 90, o primeiro filme da parceria entre Johnny Depp e Tim Burton é um moderno conto de fadas que aborda e critica os convívios e diferenças sociais. Inspirado no clássico The Cabinet of Dr. Caligari (de Robert Wiene), Depp desempenhou perfeitamente o seu papel, tornando-se ícone mundial; no filme, seu personagem diz apenas 169 palavras. Também estão no elenco: Winona Ryder e Vincent Price, interpretando seu último papel no cinema, pois veio a falecer 3 anos depois do filme. A maquiagem do personagem de Depp demorava 1 hora e 45 minutos pra ficar pronta. Tal recurso deu ao filme uma indicação ao Oscar de Melhor Maquiagem, em 1991.








1 – Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas (2003)

  Sim! Não foi com Edward Mãos de Tesoura que eu me desabei em lágrimas, apesar de ter expelido suor dos olhos fortemente quando o assisti pela primeira vez. Se não aconteceu um tsunami quando conferi o belíssimo Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas, não sei explicar o que houve, então. Baseado no livro Big Fish: A Novel of Mythic Proportions, de Daniel Wallace, o filme conta a história (quer dizer, as histórias) de um pai a beira da morte que conta para o seu filho, com quem não tem um bom relacionamento, as loucas histórias da sua vida, que mesclam realidade com fantasia. Só assistindo até o final – se sobreviver à enchente de lágrimas que você irá expelir, se for fã do cineasta ou cinéfilo de coração mole – que você vê se as histórias eram reais ou não (ou, dependendo do seu ponto de vista também). O filme trás grandes nomes no elenco, como Ewan McGregor e Albert Finney, que interpretam respectivamente Ed Bloom (o contador de histórias que não é Forrest Gump) jovem e idoso, Helena Bonham Carter, Jessica Lange, Danny DeVito, entre outros. O filme foi indicado ao Globo de Ouro de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Trilha Sonora e Canção, mas, infelizmente, recebeu nenhum dos prêmios.  




Menção Honrosa

Grandes Olhos (2014)


 O mais recente longa-metragem de Tim Burton não podia faltar nessa lista. Grandes Olhos – prefiro chamar pelo título original, Big Eyes – conta a história real da pintora americana Margaret Keane, interpretada brilhantemente por Amy Adams, que pintava quadros peculiares de crianças tristes com olhos gigantescos – Burton se inspirou nos quadros da artista para criar suas personagens de animações como Vincent, O Estranho Mundo de Jack, A Noiva Cadáver e Frankenweenie -. Sua arte, porém, levava o nome de seu marido manipulador, Walter Keane (Christoph Waltz), que se dizia artista, mas nunca estudou arte na vida e roubava obras de artistas franceses desconhecidos para colocar seu nome. O filme é um ótimo drama bibliográfico misturado com terror psicológico. Apesar da temática mais “séria”, é possível ver rapidamente em algumas cenas a marca registrada de Burton: uma boa bizarrice.