domingo, 26 de julho de 2015

Homem - Formiga: Crítica

A Marvel está de fato vivendo sua melhor era cinematográfica, sendo uma das principais responsáveis pela grande década do cinema voltado para a cultura nerd. Mais uma vez, o estúdio que nos presenteou com as fantásticas adaptações “Homem de Ferro”, “Guardiões da Galáxia”, “Os Vingadores” e “Capitão América: O Soldado Invernal”. Em mais uma aposta de risco da Marvel Studios, assim como as duas primeiras produções citadas, um herói pouco conhecido pelos fãs mais jovens e pouco venerado pelos mais velhos, porém extremamente importante no universo dos quadrinhos, ganha um filme solo sob a mesma responsabilidade de ser algo grandioso.

 Como sempre, a Marvel possui ideias e táticas inegavelmente brilhantes para inserir novos personagens em seu universo cinematográfico. Porém, talvez seja essa a primeira vez que percebemos que nem tudo que reluz no estúdio é ouro. Homem-Formiga (Ant Man), apesar de toda a tentativa da Marvel de trazer algo desconhecido às telonas e fazer dessa ideia de risco alguma coisa incrível, está muito longe de se igualar às produções anteriores que fizeram jus ao nome da empresa que criou alguns dos melhores heróis da cultura pop.

 No filme, o Dr. Hank Pyn (Michael Douglas) tenta esconder uma experiência que criou de mãos erradas. Quando descobre que seu pupilo Darren Cross (Corey Stol) está desenvolvendo o projeto “Jaqueta Amarela”, baseado nos experimentos do seu mentor, Pyn sente uma ameaça e resolve contratar um exímio ladrão, Scott Lang (Paul Rudd), recém-saído da prisão, para se infiltrar no laboratório da Pym Technologies e roubar o protótipo do projeto de Cross, antes que este possa levar o mundo ao caos.
 Tanto a história do primeiro Homem-Formiga (Pyn) quanto do segundo (Lang) possuem suas semelhanças e diferenças com os quadrinhos. De um lado, vemos o Dr. Pyn, que usara o traje de encolhimento do super-herói nas décadas de 70 e 80, afastado dos Vingadores e seguindo seu caminho só; vale lembrar que o primeiro Homem-Formiga foi um dos fundadores e principal membro do grupo de heróis, ao lado de sua esposa, Janet Van Dyne, a Vespa (que é brevemente citada no filme, e deverá ser melhor explorada nos próximos). De outro, vemos um Scott Lang não especialista em engenharia eletrônica (como nas HQs), mas um exímio ladrão sem más intenções, que, ao sair da cadeia, tenta abandonar a vida de crime e arranjar um emprego para ter permissão de fazer visitas à filha (uma das personagens mais fofas e divertidas do filme) que está sob a guarda da mãe e o padrasto. Porém, o que mais pode decepcionar os fãs do universo dos quadrinhos é o fato de o herói do filme não ser primeiramente o original, o que poderá ser prejudicial às futuras continuações.

 Não que Scott Lang seja um mau Homem-Formiga – muito pelo contrário, pois o personagem de Paul Rudd consegue, de fato, ser bastante carismático e cativante, apesar de não muito inteligente -, mas, o mais prudente a um filme de origem seria inserir na trama a verdadeira história do herói com seu principal alter ego, em vez de apresenta-lo no universo cinematográfico como um quase coadjuvante, levando em conta também as incríveis histórias de Hank Pyn e suas habilidades, como diminuir, comunicar-se com as formigas e controla-las e espichar de tamanho – tornando-se o herói “Gigante” ou “Golias”-.

 O desenvolvimento da trama não empolga. Apesar de Edgar Wright ter escrito boa parte do roteiro, antes de ser demitido como diretor do longa-metragem, a história não possui uma trama inovadora, tampouco profunda e abrangente, como a de Capitão América 2, não explora bem seus personagens coadjuvantes e peca bastante por exagerar no humor, chegando a ser engraçado e, ao mesmo tempo, irritante e fora do contexto. Em resumo, o roteiro se perde em demasia, tendo ação onde não deve, humor em momentos inoportunos e um melodrama forçado – apesar de compreensível e necessário – que não fora bem dosado.

 Claro que nem tudo foi mal aproveitado nessa produção que, infelizmente, devo classificar como a mais fraca dos estúdios Marvel. Há referências importantes a respeito do herói e do universo dos quadrinhos que foram bem inseridos à trama, além das cenas pós-créditos que darão um gostinho de “quero mais” para quem espera desesperadamente por “Guerra Civil”. As cenas de ação estão divinamente bonitas e eletrizantes, assim como os cenários gigantes dos momentos que em Scott diminui, o que devo admitir ter inovado no quesito de sequências de ação dos filmes de super-heróis.  
 Sendo o primeiro filme da “Fase 3” da Marvel, Homem-Formiga decepciona a quem pretende ver um filme de super-herói, principalmente do personagem cuja importância é fundamental nos Vingadores, mas é divertido e empolgante para quem pretende assistir a um bom filme-pipoca para relaxar e esquecer os problemas que a vida proporciona, sejam eles gigantes ou minúsculos.


HOMEM-FORMIGA (Ant-Man)

Direção: Peyton Reed
Produção: Kevin Feige
Roteiro: Edgar Wright, Paul Rudd, Adam McKey e Joe Cornish (baseado em "Homem-Formiga", de Stan Lee e Jack Kirby)
Trilha Sonora: Christopher Beck
Elenco: Paul Rudd, Michael Douglas, Evangeline Lilly, Michael Peña, Corey Stoll, Hayley Atwell, entre outros.
EUA, 2015 - 1h 52 minutos

Nota: 5,5

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