Às vezes, eu olho para trás e reflito: “Great Scott! Como assim, eu não
era nascido em 1985?”. De tanto que eu assisti – e ainda assisto, obviamente –
a trilogia “De Volta Para O Futuro”, uma das obras mais sensacionais que a
sétima arte já viu e que jamais será substituída por outros filmes com a
temática “viagem no tempo”, sinto como se tivesse vivido, não só os anos 80,
mas a década de 50 e o final do século XIX. O futuro nós estamos vivendo hoje,
mesmo que o nosso 2015 não seja tão... espetacular quanto a visão de Robert
Zemeckis, Bob Gale e Steven Spielberg.
Neste ano de 2015, porém, temos que concordar que há uma
coisa realmente espetacular que deve ser comemorado: o fato de o filme original
de 1985 e suas sequências continuarem atemporais! Ou seja, a inexistente
possibilidade de haver um remake ou coisas do tipo que só provam o despeito
hollywoodiano pelas obras cinematográficas originais. Hoje em especial, dia 3
de julho de 2015, são comemorados os 30 anos do lançamento de “De Volta Para O
Futuro” nos cinemas americanos, coisa que parece ter acontecido ontem... o que
pode, de fato, ter mesmo ocorrido.
Na matéria especial dos 30 anos de um dos filmes mais
importantes de todos os tempos (é melhor se acostumarem com as brincadeirinhas
que envolvem tempo, pois essa matéria terá várias delas), fiz uma lista com
curiosidades e fatos sobre o primeiro longa da trilogia.
Portanto, recarreguem
a câmara de plutônio para chegar a 1,21 gigawatts, ligue os motores ajuste os
circuitos de tempo para 1985 e atinja 88 milhas por hora!!!!
O INÍCIO
A ideia de De Volta Para o Futuro veio das mentes
absurdamente criativas de Bob Gale e Robert Zemeckis, no início dos anos 80,
após este primeiro ter encontrado no porão de sua casa um anuário da época do
colégio de seu pai, descobrindo que ele havia sido presidente de classe; Gale,
então, ficou se perguntando se seria amigo de seu próprio pai no colégio, se
vivesse naquela época passada.
Após o roteiro ter
sido recusado por 40 vezes (sério!), a Universal Pictures aceitou desenvolver o
projeto devido o sucesso de “Tudo Por Uma Esmeralda”, de Zemeckis, colocando
Steven Spielberg como produtor executivo. O resultado, vocês já viram, reviram,
estão vendo e irão rever.
PRIMEIRAS IDEIAS
O ano de 1955 foi
atribuído à história por Gale e Zemeckis, pois, de acordo com os cálculos dos
cineastas, um jovem de 17 anos de 1985 viajando para encontrar seus pais na
mesma idade significaria viajar para a década de 50 (30 anos atrás). A época
também foi escolhida por ter sido um marco da ascensão da juventude elemento
cultural, destacando-se os rebeldes e os mocinhos, o nascimento do rock n'
roll, a expansão dos subúrbios, sem falar que a década de 50 ficou conhecida
como “Os anos dourados”.
A ideia inicial da
trama possuía duas coisas meio que absurdas: Marty McFly seria um tipo de empregado
do Doc. Brown e a máquina do tempo um dispositivo laser que ficava instalado
numa sala que seria anexado a uma geladeira e levado para o deserto de Nevada
para um teste atômico onde, preso à traseira de um caminhão, era conduzido para
a explosão para aproveitar seu poder nuclear. A ideia foi logo vetada, pois Spielberg
temia que crianças entrassem na geladeira de suas casas para fazer alguma
bobagem - porém, o produtor utilizou uma "geladeira atômica" em Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, como uma referência a ideia original de Back to the Future -. Aconteceram várias modificações até a famosa frase do Doc. Brown surgir na
mente de Gale, Zemeckis e Spielberg: “Se vamos fazer uma máquina do tempo, por quê não fazer com
estilo?!”, então, surgiu a ideia do Delorean.
Vocês sabiam que o
título “De Volta Para o Futuro” (Back To The Future) foi considerado ruim pela
Universal? O estúdio achou que o tal nome não chamaria atenção do público e
cogitaram mudar para “O Astronauta de Plutão” (Spaceman from Pluto).
Felizmente, o título original permaneceu.
ELENCO
Michael J. Fox, nosso eterno Marty McFly, não foi o primeiro
a atuar como o icônico viajante do tempo. Apesar de J. Fox ter sido a
primeira escolha, este não estava com tempo disponível (que ironia, não?) na
sua agenda, devido a série “Family Ties” (Caras e Caretas). As segundas opções
de Spielberg e Zemeckis eram C. Thomas Howell e Eric Stoltz. Esse último foi
escolhido para o papel e chegou a gravar várias cenas; porém, o ator não tinha
o carisma que os produtores queriam para Marty. Após várias negociações com a produtora
de Family Ties, Zemeckis e Spielberg conseguiram Michael J. Fox para o filme! Ah,
Ralph Macchio, o Karatê Kid (de verdade), recusou interpretar Marty McFly.
Eric Stoltz como Marty McFly |
Christopher Lloyd foi
o segundo ator a ser escolhido para interpretar o excêntrico Doc. Emmett L.
Brown, após John Lithgow ter ficado indisponível para o papel. Originalmente,
Lloyd havia recusado interpretar o Doutor, mas, após ler melhor o roteiro a
pedidos de sua esposa, o ator achou interessante a proposta do filme e sua
personagem, aceitando a oferta. Lloyd acabou fazendo um dos melhores trabalhos
de sua carreira, se inspirando no maestro Leopold Stokowski e no cientista
Albert Einstein para criar os trejeitos do Doutor Brown. Chegando até a
pronunciar “gigawatts” da maneira como os cientistas pronunciam: “jigowatts”.
Os pais de Marty, George
e Lorraine, foram respectivamente interpretados por Crispin Glover e Lea
Thompson. Crispin é 3 anos mais jovem que seu “filho” e improvisou bastante
para incorporar o pai nerd e desajeitado de Marty; não retornou nos filmes
anteriores devido a um desacordo no contrato. Thomas F. Wilson, o Biff, foi
perfeitamente escolhido para interpretar o vilão que atormentaria a família
McFly na trilogia. As maquiagens de Lea, Crispin e Thomas no futuro levavam
cerca de 3 horas para ficarem prontas.
Claudia Wells neta do
cultuado escritor de ficção científica H.G.Wells, interpretou Jennifer,
namorada de Marty, apenas no primeiro filme, pois sua mãe estava doente e
preferiu passar mais tempo com ela. Foi substituída por Elisabeth Shue nas
partes II e III.
MELHORES CURIOSIDADES REFERÊNCIAS DE TODOS OS TEMPOS
Além das diversas curiosidades
presentes no filme, há também muitas referências ao universo da ficção
científica. Vamos ver se vocês lembram ou conhecem algumas delas?
- Logo nos créditos de abertura, um dos relógios do Doutor
Brown mostra um homem pendurado no ponteiro de um relógio, referência clara a
uma cena do filme “O Homem Mosca” (1923), com Harold Lloyd. A cena ganhou outra
homenagem quando o Doc. – interpretado por outro Lloyd – fica pendurado no
relógio da torre.
- A data em que Marty volta para 1955, 5 de novembro, é a
mesma data da viagem no tempo mostrada no filme “Um Século em 43 Minutos”
(1979).
- Hill Valley é uma
cidade fictícia, mas a locação usada para representar o lugar é a cidade
californiana de Petaluma, a mesma usada em Gremlins, lançado 1 ano antes.
- O nome completo do Doc é Emmet Lahtrop Brown. Lendo ao
contrário Emmet Lahtrop, terá algo que lembra “portal” (porthaL) e “time”
(temmE).
- A cena em que Marty McFly se passa por Darth Vader (Star Wars) do
planeta Vulcano (Star Trek) – com direito a saudação da raça de Spock - era para ser bem
maior do que a mostrada no filme. Por questão de tempo (outra ironia), a sequência
foi quase toda cortada. Na cena alternativa, Marty saca um secador de cabelo
como arma capaz de derreter cérebros.
- O nome do fazendeiro Peabody, que criava dois pinheiros, é
uma referência a um desenho educativo da década de 60 sobre viagens no tempo , ”
The Bullwinkle Show”. Mr. Peabody era um cachorro que viajava com seu humano
Sherman entre o tempo e espaço.
- Coisa que todo mundo em sã consciência sabe: Os cachorro
do Doutor em 1955 chama-se Copérnico, em homenagem a Nicolau Copérnico (não
diga!), e o de 1985 chama-se Einstein (não consigo imaginar por qual motivo).
- Marty McFly foi o responsável pela “criação” do rock. Na
clássica cena em que o personagem toca “Johnny B. Good”, o músico do baile
Marvin Berry liga para o seu primo Chuck e pede para ele escutar o som. Chuck
Berry é uma das lendas vivas do rock, responsável pela música original.
- Há uma singela homenagem ao diretor Stanley Kubrick no primeiro
filme. No laboratório de Doc. Brown, quando Marty conecta sua guitarra em um
amplificador, aparece um aviso com os dizeres "CRM-114". CRM 114 é o
nome do decodificador de mensagens de Dr. Fantástico (1964) e 114 o número
serial da exploração em Júpiter, de 2001 - Uma Odisséia no Espaço (1968).
- Quando Marty chega em 1955, ele mata acidentalmente um dos
pinheiros de Peabody. Em 1985, há um shopping no lugar onde ficava a fazenda,
chamado “Twin Pines Mall” (Shopping Pinheiros Gêmeos). Quando Marty volta de
1955 para 1985, o shopping passou a se chamar “Lone Pine” (Pinheiro Solitário).
Tadinho...
A PRODUÇÃO
As cenas de 1955 foram gravadas primeiro, devido ao cenário
construído nos estúdios da Universal, que devia se aparentar bonito durante os
anos 50 e desgastado nos 80. O que os produtores fizeram? Filmaram todas as
cenas externas que mostrava a praça do Relógio da Torre e depois bagunçaram
tudo para parecer que o lugar estivesse velho e mal tratado. Ao todo, foram 100
dias de filmagem, só que só terminou em abril de 1985; devido a isso, quase que
o filme teve de ser adiado para agosto. Para que o tempo cooperasse com um
filme que mais abordou conceitos temporais, editores de vídeo e som tiverem que
dar duro trabalhando 24 horas por dia.
A famosa trilha sonora do filme ficou sob a responsabilidade
de Alan Silvestri. Inicialmente, Spielberg não ficou muito satisfeito com a
trilha que Silvestri havia feito, pois o cineasta prefere composições com temas
épicos e que fiquei na cabeça das pessoas. Aconselhado por Zemeckis para
impressionar Spielberg, Silvestri refez o tema principal do filme duas semanas
antes da pré-estreia. O resultado, todos nós conhecemos. Por sugestão do
compositor, a banda Huey Lewis and the News criou duas canções tema para o
filme: “The Power of Love”, indicada ao Oscar de Melhor Canção Original, e “Back
in Time”. Huey Lewis até fez uma participação no filme, como o professor que critica a banda de Marty, alegando que eles tocam "alto demais".
LANÇAMENTO E LEGADO
Quando finalmente lançado, em 3 de julho de 1985, De Volta
Para O Futuro estreou em 1.200 salas nos EUA. Michael J. Fox não pôde
participar das premières do filme, pois estava gravando um especial de Family
Ties em Londres, nem mesmo pôde promover o filme e isso fez com que Zemeckis
achasse que De Volta Para O Futuro seria um fracasso comercial. Apesar disso, o
longa-metragem passou 11 semanas em primeiro lugar nas bilheterias dos EUA.
O filme acabou
arrecadando US$ 210.609.762 na América do Norte e US$ 170.500.000 em outros países,
acumulando um total mundial de US$ 381.109.762, sendo a maior arrecadação do
ano de 1985.
O legado de De Volta
Para o Futuro é, de fato, gigantesco e pesado (no bom sentido). É um filme que,
depois de 30 anos, consegue ser aclamado tanto pelo público quanto pela crítica
por ter a incrível capacidade de sempre permanecer atual. Tanto os 3 filmes da
trilogia tem suas sequências icônicas que serviram de inspiração para muitos
filmes e séries, principalmente o primeiro. Temos: logo no início, a abertura
ao som de “The Power of Love”, com Marty andando de skate pela cidade de Hill
Valley; a clássica cena da primeira experiência com a viagem no tempo com o
cachorro Einstein (que nas cenas internas do Delorean era um ser humano vestido
de cachorro); a clássica chegada de Marty a 1955; a confusão que o personagem
faz na história de seus pais; a épica sequência de perseguição com Marty no
skate – o skate tornou-se mais popular depois do lançamento do filme, isso é um
fato -; o baile e a famosa sequência em que o Doutor fica pendurado no relógio.
Atire a primeira pedra aquele que desconhece qualquer uma dessas sequências!
De Volta Para O
Futuro, felizmente, jamais precisará passar pelo vexame de ter uma refilmagem.
Os próprios Gale e Zemeckis já confirmaram, para a alegria dos verdadeiros fãs da
saga, que só haverá um remake quando eles morrerem (e espero que isso leve
muito tempo). Não há como reinventar um verdadeiro clássico, coisa que a
trilogia já se tornou.
Nessa longa estrada
da vida, gerações futuras perceberão que para onde eles forem jamais precisarão
de estradas, tampouco de remakes desnecessários, e, assim, colocarão seus
óculos futuristas (que deviam ter sido lançados esse ano) e assistirão De Volta
Para O Futuro original como um presente atemporal.
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