“Agoniante”, “surpreendente”, “original” e “tenso” são
palavras que melhor descrevem o longa-metragem Gravidade (Gravity), a nova produção do mexicano
Alfonso Cuarón (E Sua Mãe Também, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban).
Na sua semana de estreia nos EUA, o filme arrecadou nada menos que US$ 55,5
milhões, tornando-se sucesso imediato.
Considerado por
muitos o melhor filme de ficção científica dos últimos anos (o cineasta James
Cameron particularmente adorou o filme, fazendo-lhe altos elogios) e já cotado
para as indicações de melhor filme e diretor no Oscar 2014, Gravidade
conta com uma história que não necessita de reviravoltas enigmáticas, frases
marcantes (apesar dos ótimos diálogos) e complexidades na trama, mas de outros
elementos essenciais para chamar atenção do público, como: surpresas, aflições,
tensões e, claro, o terror dos personagens e o incrível desenvolvimento da
protagonista. Na trama: A cientista médica Ryan Stone (Sandra Bullock) está em
sua primeira missão espacial, ao lado do veterano astronauta Matt Kowalsky (George
Clooney) e os outros tripulantes da nave Explorer. Quando Russos atiram em um
dos seus satélites para destruí-lo, seus estilhaços provocam um desastre que
destrói a nave, deixando Stone e Kowalsky como únicos sobreviventes. Os
astronautas ficam, então, à deriva no espaço, ligados um ao outro apenas por um
cabo. Uma história simples? De fato. Original? Muito. Um filme em que a
história é o elemento que menos importa? Por incrível que pareça, sim!
A silenciosa imensidão do espaço, a distância da Terra, a falta de oxigênio e, principalmente, a impossibilidade viver em órbita são desafios enfrentados não somente pelos personagens, mas também pelo público. A perfeição visual e sensitiva de Gravidade permite a quem assiste sentir-se, de fato, no filme. O competente trabalho do diretor Alfonso Cuarón permitiu a realização do filme de ficção científica mais realista desde 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1969), de Stanley Kubrick. Em alguns momentos do longa, me veio em mente possíveis referências ao clássico de Kubrick que revolucionou o gênero e quem acreditou que Avatar (2009), de James Cameron, revolucionaria novamente o gênero para uma nova era de filmes com a temática espacial, pode estar enganado; felizmente, esse fato só aconteceu em 2013. O que deixa Gravidade com mais realismo é o bom uso da câmera em primeira pessoa, durante os melhores momentos de tensão; a ausência de som, que, apesar de ser acompanhada com uma trilha sonora assustadoramente eletrizante de Steven Pride, não era realmente necessária (apenas os gritos e barulhos de respiração seriam suficientes para deixar as sequências mais épicas, mas a trilha não altera a qualidade destas) e as excelentes atuações.
A silenciosa imensidão do espaço, a distância da Terra, a falta de oxigênio e, principalmente, a impossibilidade viver em órbita são desafios enfrentados não somente pelos personagens, mas também pelo público. A perfeição visual e sensitiva de Gravidade permite a quem assiste sentir-se, de fato, no filme. O competente trabalho do diretor Alfonso Cuarón permitiu a realização do filme de ficção científica mais realista desde 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1969), de Stanley Kubrick. Em alguns momentos do longa, me veio em mente possíveis referências ao clássico de Kubrick que revolucionou o gênero e quem acreditou que Avatar (2009), de James Cameron, revolucionaria novamente o gênero para uma nova era de filmes com a temática espacial, pode estar enganado; felizmente, esse fato só aconteceu em 2013. O que deixa Gravidade com mais realismo é o bom uso da câmera em primeira pessoa, durante os melhores momentos de tensão; a ausência de som, que, apesar de ser acompanhada com uma trilha sonora assustadoramente eletrizante de Steven Pride, não era realmente necessária (apenas os gritos e barulhos de respiração seriam suficientes para deixar as sequências mais épicas, mas a trilha não altera a qualidade destas) e as excelentes atuações.
Sandra Bullock
enfrenta boa parte do filme sozinha, apreensiva em sua primeira missão fora da
Terra, o que fez de sua personagem uma pessoa assustada que faz o possível para
sobreviver. Bullock desempenhou um dos melhores papéis de sua vida, não só pela
interpretação de uma “personagem assustada”, mas por seu desenvolvimento. Ao
longo da trama, é visível uma transformação de sua personagem, tanto no caráter
físico quanto psicológico. George Clooney interpreta o veterano astronauta
calmo e sarcástico, contador de histórias e desafiador de recordes, admirador da
paisagem que muda de um homem com caráter bonachão e tranquilo para preocupado
e estimulador, quando a acontece o acidente durante a missão. No começo, o
público deve achar que o personagem de Clooney é apenas um alívio cômico, mas
isso não é verdade; no final do filme, é notável que Kowalsky, apesar de
aparecer menos que a dra. Stone, fora tão importante quanto a personagem
principal.
Voltando aos recursos
técnicos, apesar do perfeccionismo de Cuarón, era impossível um filme como Gravidade
não deixar deter alguns erros científicos. Alguns deles foram detectados pelo
astrofísico norte-americano Neil deGrasse Tyson, que fez críticas à vários
filmes de ficção científica; o físico, após assistir o filme, publicou em seu
twitter: “Por que Bullock, uma médica, trabalha na manutenção do Telescópio
Espacial Hubble?” “Por que o cabelo de Bullock não flutua sobre sua cabeça em
algumas cenas convincentes de gravidade zero?”, entre outras coisas. Apesar dos
12 tweets sobre o filme, Tyson alegou ter gostado de Gravidade. Claro que tais
deslizes científicos não tiram a perfeição do longa; seu gênero já diz tudo: FICÇÃO-científica,
que procura misturar o imaginário com o real. No caso da produção de Cuarón, o
real, apesar das falhas apontadas por Tyson, é o ponto mais valorizado.
O belíssimo 3D é
também um dos fatores que permite o público entrar no filme. Se o tradicional
3D foi uma experiência incrível, não consigo imaginar a sensação de agonia do
começo ao fim do filme na sala IMAX. A ótima fotografia presente no longa,
feita pelo computador, provavelmente, também é um belo recurso acompanha as
melhores cenas de voo e destruição em órbita. Falando em cenas de voo, os atores
tiveram de fazer treinos específicos para astronautas para encarar com
perfeição o papel, simulando da melhor maneira um astronauta girando em órbita.
Sandra Bullock teve de gravar a maioria das cenas em uma caixa vazia durante
horas. Os excelentes efeitos visuais darão, com certeza, à Gravidade prêmios na
categoria de melhores efeitos ou fotografia, além de outras indicações.
No final, Gravidade
mostra que é possível encarar a paisagem além de admirá-la, pois a
persistência da dra. Stone para voltar para Terra é o momento em que a
personagem atinge seu nível máximo de maturidade e desenvolvimento, sendo o
fato de ficar praticamente sozinha no espaço e lutar para retornar pra casa um
desafio que, futuramente, contribuísse para uma ação de alta dificuldade. A perfeita
mistura de ação, drama e ficção científica, momentos de extremo espanto e
angústia protagonizados por ótimos artistas em mais filme com o inquestionável
talento de Alfonso Cuarón na direção. De fato, Gravidade fará, não só
seus olhos saltarem das órbitas, mas os pulmões e coração saírem pela boca.
Gravidade (Gravity)
Direção: Alfonso Cuarón.
Produção: David Heyman, Alfonso Cuáron.
Roteiro: Alfonso Cuáron, Jonás Cuarón.
Trilha Sonora: Steven Price.
Elenco:
Sandra Bullock, George Clooney, Ed Harris, Paul Sharma, Amy Warren.
Nota: 9
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