quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Planeta dos Macacos - O Confronto ganha trailer

  Planeta dos Macacos - O Confronto, continuação de Planeta dos Macacos - A Origem, ganhou seu primeiro teaser trailer. O vídeo tem menos de dois minutos e mostra poucas cenas do novo filme, porém dá uma ideia de que pode ser tão épico quanto o longa-metragem anterior, que foi o maior sucesso da Fox em 2011.

Confira o vídeo:



  O filme mostrará César (Andy Serkis), líder da nação cada vez mais crescente de macacos geneticamente evoluídos, e um grupo de humanos sobreviventes da devastação virótica. Embora macacos e humanos tenham estabelecido uma trégua, ela não vai durar para sempre. Também estão no elenco: Gary Oldman, Jason Clarke, Keri Russell, entre outros.

 Veja também 4 cartazes individuais de macacos com pintura de guerra, do filme:

Planeta dos Macacos O Despertar poster 11dez2013 01       Planeta dos Macacos O Despertar poster 11dez2013 02

Planeta dos Macacos O Despertar poster 11dez2013 03       Planeta dos Macacos O Despertar poster 11dez2013 04


 Dirigido por Matt Reeves (Cloverfield - O Monstro) o novo filme dos símios estreia em 25 de julho no Brasil.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Ben Whishaw confirmado na cinebiografia de Freddie Mercury

  O ator britânico Ben Whishaw (007: Operação Skyfall) vai mesmo estrelar a cinebiografia do músico Freddie Mercury, vocalista da banda Queen. O ator era o favorito dos outros 3 integrantes da banda. Sacha Baron Cohen foi o primeiro nome ligado ao projeto, mas deixou o filme por "diferenças criativas" com os músicos.

  O longa se passará nos anos de formação do Queen, até o show no Live Aid, em 1985, deixando de fora a doença e os últimos anos de Mercury.

  O filme, ainda sem título definido, tem o roteiro de Peter Morgan (Rush). O produtor Graham King tem o direito de uso das músicas "Bohemian Rhapsody", "We Will Rock You", "We Are the Champions", "Another One Bites The Dust" e "You're My Best Friend". Dexter Fletcher assumirá a direção.

Globo de Ouro 2014 - Indicados

  Foi divulgada ontem, pela Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood, a lista de indicados ao prêmio Globo de Ouro. A cerimônia de entrega será apresentada pelas atrizes Tina Fey e Amy Poehler e acontecerá no dia 12 de janeiro, premiando os sucessos do cinema e da TV de 2014.

Os filmes 12 Anos de Escravidão e Trapaça lideram com 7 indicações. Na lista do prêmio de Melhor Filme Dramático, estão, junto com os dois anteriormente citados: Gravidade, Capitão Phillips, Philomena e Rush - No Limite da Emoção.

Veja a lista completa, abaixo:

Melhor filme (drama)

12 Years a Slave
Capitão Phillips
Gravidade
Philomena
Rush - No Limite da Emoção


Melhor filme (musical / comédia)

Trapaça
Ela
Inside Llewyn Davis
Nebraska
O Lobo de Wall Street


Melhor ator (drama)

Chiwetel Ejiofor - 12 Years a Slave
Idris Elba - Mandela: Long Walk to Freedom
Tom Hanks - Capitão Phillips
Matthew McConaughey - Dallas Buyers Club
Robert Redford - All is Lost


Melhor atriz (drama)

Cate Blanchett - Blue Jasmine
Sandra Bullock - Gravidade
Judy Dench - Philomena
Emma Thompson - Walt nos Bastidores de Mary Poppins
Kate Winslet - Refém da Paixão


Melhor ator (musical / comédia)

Christian Bale - Trapaça
Bruce Dern - Nebraska
Leonardo Dicaprio - O Lobo de Wall Street
Oscar Isaac - Inside Llewyn Davis
Joaquin Phoenix – Ela


Melhor atriz (musical / comédia)

Amy Adams - Trapaça
Julie Delphy - Antes da Meia-Noite
Greta Gerwig - Frances Ha
Julia Louis-Dreyfus - À Procura do Amor
Meryl Streep - Álbum de Família


Melhor ator coadjuvante

Barkhad Abdi – Capitão Phillips
Daniel Bruhl – Rush - No Limite da Emoção
Bradley Cooper – Trapaça
Michael Fassbender –12 Years a Slave

Jared Leto – Dallas Buyers Club


Melhor atriz coadjuvante

Sally Hawkins - Blue Jasmine
Jennifer Lawrence - Trapaça
Lupita Nyong'o - 12 Years a Slave
Julia Roberts - Álbum de Família
June Squibb – Nebraska


Melhor diretor

Alfonso Cuaron - Gravidade
Paul Greengrass - Capitão Phillips
Steve McQueen -12 Years a Slave
Alexander Payne - Nebraska
David O. Russell – Trapaça


Melhor roteiro

Spike Jonze - Ela
Bob Nelson - Nebraska
Jeff Pope Steve - Philomena
John Ridley - 12 Years a Slave
David O. Russell – Trapaça


Melhor filme em lingua estrangeira

Azul é a Cor Mais Quente (França)
A Grande Beleza (Itália)
A Caça (Dinamarca)
O Passado (Irã)
Vidas ao Vento (Japão)


Melhor animação

Os Croods
Meu Malvado Favorito 2
Frozen - Uma Aventura Congelante


Melhor trilha sonora original

All is Lost
Mandela: Long Walk to Freedom
Gravidade
A Menina que Roubava Livros
12 Years a Slave


Melhor canção original

"Atlas" - Jogos Vorazes - Em Chamas
"Let it Go" - Frozen - Uma Aventura Congelante
"Ordinary Love" -Mandela: Long Walk to Freedom
"Please Mr Kennedy" - Inside Llewyn Davis

"Sweeter Than Fiction" - One Chance


Melhor série (drama)

Breaking Bad
The Good Wife
House of Cards
Masters of Sex
The Newsroom


Melhor atriz em série dramática

Tatiana Maslany - Orphan Black
Taylor Schilling - Orange is the New Black
Kerry Washington - Scandal
Robin Wright -House of Cards
Julianna Margulies - The Good Wife


Melhor ator em série dramática

Liev Schreiber - Ray Donovan
Bryan Cranston - Breaking Bad
Michael Sheen - Masters of Sex
Kevin Spacey - House of Cards
James Spader - The Blacklist


Melhor série (comédia / musical)

The Big Bang Theory
Brooklyn Nine-Nine
Girls
Modern Family
Parks and Recreation


Melhor atriz em série musical ou de humor

Zooey Deschanel - New Girl
Julia Louis-Dreyfus - Veep
Lena Dunham - Girls
Edie Falco - Nurse Jackie
Amy Poehler - Parks and Recreation


Melhor ator em série musical ou de humor

Jason Bateman - Arrested Development
Don Cheadle - House of Lies
Michael J. Fox - The Michael J. Fox Show
Andy Samberg - Brooklyn Nine-Nine
Jim Parsons - The Big Bang Theory


Melhor minissérie ou telefilme

American Horror Story: Coven
Behind the Candelabra
Dancing on the Edge
Top of the Lake
The White Queen


Melhor atriz coadjuvante em série, minissérie ou telefilme

Hayden Panettiere - Nashville
Monica Potter - Parenthood
Janet McTeer - The White Queen
Jacqueline Bisset - Dancing on the Edge
Sofia Vergara - Modern Family


Melhor ator coadjuvante em série, minissérie ou telefilme

Josh Charles - The Good Wife
Rob Lowe -Behind the Candelabra
Aaron Paul - Breaking Bad
Corey Stoll - House of Cards
Jon Voight - Ray Donovan


Melhor atriz em uma minissérie ou telefilme

Helena Bonham Carter - Burton and Taylor
Rebecca Ferguson - The White Queen
Jessica Lange -American Horror Story: Coven
Helen Mirren - Phil Spector
Elisabeth Moss -Top of the Lake


Melhor ator em uma minissérie ou telefilme

Matt Damon - Behind the Candelabra
Chiwetel Ejiofor - Dancing on the Edge
Idris Elba - Luther
Al Pacino - Phil Spector
Michael Douglas - -Behind the Candelabra

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Godzilla ganha trailer e cartaz

  O novo remake cinematográfico do clássico monstro japonês, Godzilla, teve seu primeiro trailer divulgado ontem. O vídeo, por ser um teaser, não mostra muita coisa mas já dá uma ideia do que vem por aí.

Confira abaixo:



 Veja também o novo e excelente cartaz do filme:


Godzilla poster 10Dez2013


  O longa, que ainda não tem uma sinopse definida, conta com Aaron Johnson (Kick-Ass), Elizabeth Olsen (Poder Paranormal), Bryan Cranston (Breaking Bad), David Strathairn (Lincoln), Juliette Binoche (Cosmópolis, Cópia Fiel), Ken Watanabe (A Origem) e Sally Hawkins (Simplesmente Feliz) no elenco.

  Dirigido por Gareth Edwards, Godzilla estreia em 16 de maio de 2014







sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Oscar 2014 - Lista de possíveis indicados ao prêmio de Melhores Efeitos Visuais

 Foi divulgada uma lista com 10 filmes que batalham pela na indicação do prêmio Oscar na categoria de Melhores Efeitos Visuais. Filmes como  O Homem de Aço, Wolverine - Imortal e Rush ficaram de fora.

Confira os filmes que ainda estão no páreo:

Elysium

Gravidade

O Hobbit - A Desolação de Smaug

Homem de Ferro 3

O Cavaleiro Solitário

Oblivion

Além da Escuridão - Star Trek

Thor - O Mundo Sombrio

Círculo de Fogo

Guerra Mundial Z

 
  Os finalistas (5, no máximo) serão divulgados no dia 16 de janeiro. A cerimônia do Oscar 2014 será apresentada por Ellen DeGeneres e acontecerá em 2 de março.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O Espetacular Homem-Aranha 2 - Trailer

 Foi divulgado hoje o primeiro trailer do novo filme do super-herói da vizinhança, O Espetacular Homem-Aranha - A Ameaça de Electro. O vídeo mostra diversos momentos da história e eletrizantes cenas de ação repletas de efeitos visuais. Além de Electro, o filme contará também com os vilões R.H.I.N.O. e o Duende Verde.

Assista abaixo:




 Confira também o primeiro banner do filme, que mostra o herói enfrentando os 3 vilões:


Cartaz com qualidade 03Dez2013



 Marc Webb dirige O Espetacular Homem-Aranha - A Ameaça de Electro que chega aos cinemas em 2 de maio de 2014.




segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Outro Conto Sobre Sereias e Mortes (Parte II)

  Então, após o incidente, Michael percebeu a verdade por trás da suposta loucura de seu irmão. Henry havia sido enfeitiçado pelos encantos da sereia e aquilo causara sua morte. A loucura da qual o garoto fora diagnosticado era resultante daquela maldita e assassina criatura do mar. Michael não sabia o que fazer, apenas sentia um ódio mortal daquele monstro e de si mesmo, por quase deixa-la acabar com sua vida também.

  O rapaz, então, resolveu não contar nada daquilo para os seus familiares, pois não sabia como interpretariam. Era, de fato, um fato impossível de ser contado à alguém, assim como muito difícil de engolir. “O que fazer?” pensava Michael. “O que Henry faria?”. Provavelmente, se houvesse acontecido o inverso, seu irmão iria atrás da sereia e teria sua vingança. Sendo aquela uma atitude adequada ou não, era justamente o que Michael iria fazer também.  O garoto vestiu roupas de frio, pegou um arpão e outros objetos cortantes, uma lanterna de vela para iluminar e, depois de muito tempo, saiu do seu quarto para encarar o mundo, ou o mar. Chegando ao ancoradouro da mansão, Michael desacorrentou seu barco e partiu para caçar a criatura que havia destruído sua família. Não sabia ao certo se teria sucesso, tampouco se iria encontrá-la, mas, para ele, aquela era uma oportunidade única. Não podia deixar de fazer aquilo, naquela madrugada de Lua cheia.

 A maré estava muito alta, logo Michael sentiu estar navegando em alto mar no seu pequeno, mas resistente, barco. O brilho lunar embelezava as águas marinhas, dando um tom azulado à escuridão e, apesar de estar vivendo um momento tenso, Michael não deixou de admirar o belo ambiente em que estava. Ao ouvir um estranho barulho, o garoto preparou um dos arpões e esperou algum movimento. Como a família era dona de uma das maiores companhias de pesca da Inglaterra, tanto no depósito da mansão como no ancoradouro havia objetos para pegar peixe de sobra. 

  Quando escutou um segundo barulho, vindo de trás, Michael tomou um leve susto, mas, mesmo assim, inclinou-se um pouco para fora do barco para conferir o que era. Temia que fosse um tubarão, a força do bicho destruiria sua embarcação, porém logo viu uma espécie de barbatana verde brilhando debaixo d’água. Logo, teve certeza de que a sereia assassina estava lá. Antes de preparar o arpão para jogá-lo, a sereia, mais rápida, saltou pra fora do mar, atingindo o barco com as mãos, quase fazendo virar. Michael estava segurando firme, mas a criatura parecia irritada; estava cada vez mais balançando o barco e gritando enquanto o fazia. Houve um momento em que a criatura conseguiu subir no barco e, com um forte ataque com os braços, tirar a arma das mãos de Michael e cortar seu peito com as garras. O garoto não caiu, apesar de tanta dor, mas conseguiu reagir e recuperar o arpão, perfurando a cauda da criatura e prendendo-a em um dos bancos de madeira da embarcação.

  A sereia gritava, gemia um desesperado grito de dor. O rapaz encarou a criatura por um tempo, não acreditando como uma coisa tão bela pudesse ser tão maligna. O coração juvenil e inocente de Michael amoleceu quando percebeu lágrimas caírem dos olhos, verdes como o oceano, da sereia; teve pena da dor que a criatura sentia, e isso o fazia sentir ódio mais ainda de si, pois não era prudente sentir algo, a não ser raiva, da coisa que matou seu irmão. Michael, então, sentiu que não conseguiria matá-la. Odiaria admitir aquilo, mas, tal criatura, ainda lhe encantava. Quando o rapaz tirou cuidadosamente o arpão da cauda da garota, que ainda sangrava um líquido preto, esta retribuiu, agarrando-se em seus braços e lhe dando um beijo, o primeiro beijo que Michael recebera na vida e, também, o último.

  O rapaz sentiu os afiados dentes da sereia entrando em seus lábios, jorrando rios de sangue, e, em seguida, toda sua face ser arrancada pela brutal força das unhas e dentes da criatura. A sereia, então, jogou o corpo de Michael para fora do barco e o arrastou para as profundezas do oceano, onde jamais nenhuma criatura humana encontraria seus vestígios. 


Fim.



Outro Conto Sobre Sereias e Mortes (Parte I)

   Desde a morte prematura de seu irmão gêmeo, Michael estava vivendo um profundo estado de melancolia e solidão. Henry era o seu único amigo, companheiro de brincadeiras na infância, pescas, navegações e aventuras na juventude. Os irmãos não tinham amigos, apesar da tamanha fortuna que sua família fizera na então pequena cidade de Liverpool, no noroeste da Inglaterra, quando, em 1790, seu pai fundara a primeira companhia de pesca da cidade. Para o maior infortúnio de Michael, assim como o de toda família McMillan, Henry foi encontrado morto logo abaixo da janela escancarada de seu quarto, que ficava no quinto andar da mansão à beira do mar. Seu corpo estava enganchado nos espinhos dos jardins, vários dos seus ossos estavam quebrados e o garoto veio a óbito de olhos abertos e, assustadoramente, com uma expressão de alguém que não estava acordado (ou dentro de si) quando cometera o suicídio.

  Michael e Henry eram rapazes extremamente corteses, filhos de uma influente e simpática família, porém tímidos e pouco sociáveis. Não frequentavam festas ou bailes da alta sociedade, não saiam com damas ou senhoritas de família, queriam saber “apenas” de viver, apesar de isso não agradar muito aos pais. Henry veio ao mundo poucos minutos depois de Michael e acreditava que esse fato lhe proporcionara uma vontade de viver intensamente para compensar os minutos perdidos que passara no ventre de sua mãe. Ninguém jamais imaginaria que aquele rapaz alegre, gentil e tímido ao mesmo tempo, e cheio de vida pudesse tirar a própria vida. Porém, antes de Henry partir, tanto Michael quanto os demais familiares notaram certa estranheza no garoto; o rapaz aparentava-se não estar mais dentro de si, vivia olhando para o leste e passava a maior parte do tempo admirando o oceano, com um olhar de aluado. Henry também estava falando muito de uma garota de longos cabelos castanhos claros que via todas as noites caminhando na praia, perto do mar; ele não fazia ideia de quem era e ninguém além do rapaz jamais havia vista tal senhorita caminhante. Segundo o garoto, a moça emitia um belo som em forma de canto, ao ver que estava sendo observada.

 Michael jamais entendeu aquilo. Por que seu irmão estava tão obcecado por uma mulher (que provavelmente não existia) sendo que ele jamais falara com uma, a não ser membro da família? Os dois irmãos jamais estiveram apaixonados por alguma garota e pouco entendiam das relações entre homem e mulher; porém, apesar da extrema timidez, Henry estava realmente interessado em saber mais sobre a moça que via caminhar todas as noites na praia. Saiu pela cidade perguntando sobre uma jovem de pele branca, cabelos castanho claro (quase avermelhados), vestido de peculiar coloração verde e que gostava de caminhar na praia durante a noite. Ninguém soube responder. A moça era uma desconhecida, fato que deixou os mais próximos a Henry desconfiados de sua sanidade mental. O garoto, porém, sabia que ela existia. Pouco tempo depois, em uma manhã nublada de maré cheia, seu corpo foi encontrado.

  Quando sua depressão chegou ao máximo, Michael não mais saia de casa. Passava o dia no quarto que dividia com seu irmão e lutava contra a própria mente para descobrir o que ocasionara a morte deste, sem falar na tentativa de encontrar uma explicativa para as visões do falecido. Não acreditava que seu irmão teria ficado louco, ou pior, não queria acreditar, pois, talvez, aquela fosse a infeliz verdade.

  Uma noite, aproximadamente às 23:00, quando todos da residência estavam dormindo e mais nada podia-se ouvir além do agradável barulho das ondas do mar, Michael despertou de um breve sono e não mais conseguiu dormir. Levantou-se da cama, vestiu um casaco, sentou-se na escrivaninha de madeira, pegou um pedaço de pergaminho e pena e pôs-se a escrever seu diário noturno. De repente, o garoto escutou um som agradável, mas estranho, vindo do lado de fora da casa. Quando se aproximou da janela para ver o que havia emitido aquele som, Michael não pôde acreditar: Lá estava a tal garota que hora era fruto da imaginação de seu falecido gêmeo. Os cabelos castanhos, a aparência jovem e delicada e a voz daquela senhorita logo encantaram também os olhos e a mente daquele pobre rapaz. 

  Logo, Michael também se obcecou por aquela bela moça que sempre cantava-lhe uma música sobre um velho pirata que havia perdido seu único e verdadeiro amor  e não era um navio cheio de ouro e rum, mas sua esposa.  Todas as noites, o pobre rapaz era seduzido por aquela criatura humana que passava lá por perto e sua timidez, assim como a de seu irmão, o impossibilitava de descer e falar com ela. Com o passar dos dias, porém, sua obsessão tornou-se maior, chegando ao ponto de ficar completamente alucinado pela garota.

  Quando uma noite de Lua cheia e maré alta caiu, Michael estava parado, em frente a janela de seu quarto, esperando a misteriosa garota surgir do nada e cantar-lhe mais uma canção. Quando ela finalmente surgiu do meio do oceano, o rapaz pôde perceber o que ela realmente era: Uma criatura do mar, meio humana, meio peixe... uma sereia! Michael não ficou assustado quando viu a barbatana verde da moça transformar-se em pernas, ao chegar à praia, porém ainda maravilhado ao extremo. Ao olhar aquela belíssima criatura iniciar seu canto, o rapaz, que já não tinha mais o controle sobre si, aproximou-se cada vez mais da janela aberta, para enfim encontrar-se com a senhorita. Não percebeu ele que tal ato lhe proporcionaria uma queda de 5 andares, resultando em uma morte semelhante da que seu irmão gêmeo tivera. Quando a música ficou mais alta e a aproximação de Michael para a morte certa maior, felizmente, ouviu-se o som do sinal de um navio que lá perto desembarcava. O soar do sino da embarcação fizera Michael acordar e a sereia pular de volta para o oceano, assustada. 


Continua...





terça-feira, 19 de novembro de 2013

Christopher Lloyd participará da serie de Michael J. Fox

  Acontecerá uma épica reunião na série The Michael J. Fox Show: Christopher Lloyd, astro da trilogia De Volta para o Futuro assim como J. Fox, fará uma participação do programa de TV.

 Segundo informações, o ator aparecerá como o excêntrico diretor da escola onde Annie (Betsy Brandt), esposa de Mike (Michael J. Fox) leciona e terá um conflito direto com o personagem de seu antigo colega de trabalho. Inicialmente, Lloyd aparecerá em apenas um episódio. Ainda não se sabe se haverá um melhor desenvolvimento de seu personagem, nos próximos episódios.

  As filmagens do episódio que contará com o eterno Doc. Emmett L. Brown começam essa semana em Nova York. Ainda não há previsão de exibição do capítulo.

  The Michael J. Fox Show começou a ser exibido em 26 de setembro, pela rede NBC, dos EUA. No Brasil, a série é exibida pelo canal pago Comedy Central, todas as segundas-feiras, às 20h.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Star Wars VII tem data oficializada

  A data do primeiro filme da nova trilogia Star Wars, o Episódio VII (ainda sem título definido), foi oficializada pela Disney. O filme será lançado em 18 de dezembro de 2015, em vez de maio, como era previsto. Tal afirmação desmente o boato de que o filme seria adiado para 2016.

 No final de outubro, J.J. Abrams assumiu também o roteiro do novo filme, juntamente com Lawrence Kasdan, o argumentarista de O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi, pois o que havia sido escrito por Michael Arndt não agradara o diretor.

"Ficou claro que, com o prazo e o processo que temos e do jeito que as coisas estavam, trabalhar com Larry [Kasdan] dessa forma seria a maneira de nos levar para onde precisávamos no tempo que precisávamos. Trabalhar com Larry Kasdan, especialmente em um filme de Star Wars, é imbatível" Afirmou Abrams.

 As filmagens do Episódio VII acontecerão na primavera de 2014.

RoboCop ganha novo trailer e cartaz

  O remake do clássico oitentista RoboCop, dirigido pelo brasileiro José Padilha (Tropa de Elite) ganhou um novo trailer repleto de ação e um novo pôster.

Confira o vídeo abaixo e a arte ao lado:




RoboCop poster 02
  Estão no elenco: Joel Kinnaman (Alex Murphy/RoboCop), Abbie Cornish (esposa de Murphy), Gary Oldman (como o cientista que cria a máquina), Aimee Garcia (cientista, assistente do personagen de Oldman), Michael Keaton (presidente da OCP), Samuel L. Jackson (um carismático megaempresário de televisão), Jay Baruchel  (diretor de marketing da OCP), Jackie Earle Haley (Maddox, o homem que dá um treinamento militar a RoboCop), Michael Keneth Williams (parceiro de Murphy), Jennifer Ehle (Liz Kline), Marianne Jean-Baptiste (uma oficial de polícia) e Douglas Urbanski (prefeiro de Detroit).

 O longa estreia no Brasil em 31 de janeiro de 2014.

domingo, 3 de novembro de 2013

Evil Dead 4 vai acontecer e será dirigido por Sam Raimi

 Foi oficialmente confirmado que Sam Saimi dirigirá o quarto filme da série Evil Dead, que faz ligação direta com o terceiro (Uma Noite Alucinante 3), Army of Darkness 2. A notícia, que deixou fãs da trilogia clássica de terror trash satisfeitos, foi confirmada por Fede Alvarez, diretor do remake de Evil Dead, em 2013.

 Sam Raimi vem especulando ha muito tempo dirigir outra sequência de Uma Noite Alucinante, estrelada por Bruce Campbell, o protagonista de todos os filmes. Em Uma Noite Alucinante 3, Ash (Campbell) é enviado acidentalmente para o século XIV e acaba liderando a batalha dos humanos contra os Deadites, seres da escuridão que estão atrás do Livro dos Mortos.

  Army of Darkness 2  seguirá paralelo ao remake, que ganhará uma continuação original, não se baseando no clássico. Alvarez e Campbell já sugeriram que as duas séries podem levar a um crossover, unindo Mia (Jane Levy), a protagonista do novo remake, e Ash.

 O filme ainda está sem um cronograma definido, porém é prioridade da franquia. 

Thor: O Mundo Sombrio - Crítica

  Interessantes são aqueles filmes em que uma personagem, sem ser a principal que dá nome à obra, torna-se o mais querido do público, por ser o mais carismático, interessante e, obviamente, por ter a melhor atuação de seu intérprete de todo o filme.


 No caso de Thor – O Mundo Sombrio (Thor: The Dark World), o personagem em destaque é novamente o vilão (que neste novo filme está mais para um herói, ou não) Loki, interpretado pelo ótimo ator britânico Tom Hiddleston. O personagem, apensar de já ter impressionado no primeiro filme, não teve muito destaque neste, mas foi em Os Vingadores (2012) que Loki mostrou todo o seu potencial e, assim, tornando-se o vilão mais famoso dos filmes da Marvel. No novo longa-metragem do super-herói nórdico, apesar de a atrama não ser completamente centralizada em Loki, o personagem consegue roubar a cena em todos os momentos em que aparece, fazendo o público praticamente esquecer que no filme existe um protagonista e outro vilão que ocasiona toda a nova história.

  O longa se passa após os acontecimentos de Os Vingadores, quando Loki é mandado para Asgard e lá é julgado pelos seus crimes. Quando a mortal Jane Foster (Natalie Portman) acidentalmente descobre uma arma mortal dos Elfos Negros, inimigos de Asgard, ha muito tempo perdida, a Terra e os Oito Mundos é ameaçada por essa força maligna que os Asgardianos consideravam extinta, liderada pelo vingativo Malekith (Christopher Eccleston). Cabe a Thor (Chris Hemsworth) reunir seus aliados, e até mesmo Loki, para proteger o universo do caos.

 A continuação de Thor é, de fato, superior ao primeiro em vários aspectos, entre eles a já mencionada melhor participação do antagonista Loki, e sua relação com o Deus do Trovão que fora bem mais proveitosa e com ótimos momentos. Além disso, percebe-se um bom equilíbrio entre as cenas de ação e a história, esta última mais interessante que o primeiro filme, que faz o público ficar realmente surpreso em várias cenas. Há também uma ótima química entre Thor e Jane Foster, que foi muito bem desenvolvida e interpretada por Hemsworth e Portman, respectivamente. Uma coisa que também chamou atenção nesse segundo filme de Thor foi a participação dos coadjuvantes terrestres e de Asgard; Heimdall (Idris Elba) finalmente teve seu momento que todos os fãs esperavam numa grandiosa sequência de ação, seguido de uma batalha; secundários quase que inúteis no primeiro longa tiveram participações importantes, como a estagiária Darcy (Kat Dennings), o Dr. Selvig (Stellan Skarsgård) e a asgardiana Lady Sif (Jaimie Alexander).

 O mesmo não pode ser dito do vilão, Malekith. O personagem não é carismático, não passa a ser odiado, ou amado por quem prefere os antagonistas, e parece só ter sido criado para completar a nova trama; suas origens também estão diferentes das mostradas nos quadrinhos, porém não é falso vilão que vimos em Homem de Ferro 3, apesar de, talvez, decepcionar alguns fãs que esperavam um melhor desempenho do personagem. Thor 2 é, portanto, um filme em que os coadjuvantes (contando com o personagem mais querido, Loki) dominam. As excelentes atuações, de Anthony Hopkins como Odin, Rene Russo (Frigga), Hiddleston, Portman, entre outros e as divertidíssimas participações especiais do criador Stan Lee e de um “vingador”, foi um ponto fundamental para o ótimo resultado do filme.

 Quanto aos recursos técnicos, os efeitos visuais de Asgard estão melhores e menos caricatos, sendo muito bem utilizados nas sequências de batalhas e, principalmente, na luta final, emocionante e cheia de reviravoltas. A fotografia está também muito bonita e fazendo jus aos tons do filme, ora sombrios, ora providos de luz. A trilha sonora de Brian Tyler está em ótima sincronia com o filme, dispondo de temas com tonalidades épicas.

 Thor – O Mundo Sombrio, que já bateu US$ 100 milhões no mundo todo, antes mesmo de estrear nos EUA, foi dirigido de forma competente por Alan Taylor, famoso pelos seus trabalhos na série Game Of Thrones. Taylor consertou alguns erros cometidos por Kenneth Branagh no primeiro filme, que estava mais para um filme de humor, com poucas cenas de ação e história. No segundo filme, o humor é o mesmo, porém mais divertido e acompanhado de um bom roteiro e ótimas sequências de ação.

  O final do filme, que, assim como nas HQs, fica aquele mistério que deixa a todos curiosos, faz o verdadeiro fã da Marvel ansioso para o próximo filme. Recomenda-se que, quem gosta das ligações com outros filmes, fique na sala para ver as cenas pós-créditos, que mostra um pequeno easter egg do próximo filme da Marvel Studios. Só nos resta esperar a próxima edição da revista cinematográfica.


Thor – O Mundo Sombrio (Thor: The Dark World)
Direção: Allan Taylor
Produção: Kevin Feige
Roteiro: Christopher Yost, Christopher Markus, Stephen McFeely (baseado na criação de Stan Lee e Jck Kirby)
Trilha sonora: Brian Tyler
Elenco: Chris Hemsworth, Natalie Portman, Tom Hiddleston, Anthony Hopkins, Jaimie Alexander, Idris Elba, entre outros.
Nota: 8

terça-feira, 29 de outubro de 2013

X-Men - Dias de um Futuro Esquecido ganha trailer

 O, sem dúvida, filme mais esperado de 2014, X-Men - Dias de um Futuro Esquecido, que juntará as gerações de mutantes depois de X-Men 3: O Confronto Final e X-Men Primeira Classe ganhou seu primeiro trailer.

 O longa  acontece cerca de dez anos depois de X-Men 3 e, no passado, também dez anos depois dos acontecimentos de Primeira Classe. Num futuro em que os mutantes foram dizimados pelos Sentinelas, Wolverine (Hugh Jackman) é enviado para o passado, para trabalhar em parceria com um reticente Charles Xavier (James McAvoy), em meio os anos 1970. É baseado na clássica série de HQs Dias de um Futuro Esquecido.

Assista ao trailer:




  Patrick Stewart (Xavier), Ian McKellen (Magneto), Jennifer Lawrence(Mística jovem), Michael Fassbender (Magneto jovem), Anna Paquin (Vampira), Ellen Page (Kitty Pride), Shawn Ashmore(Homem de Gelo),Evan Peters(Mercúrio), Halle Berry (Tempestade),  Omar Sy (Bishop), Peter Dinklage(Bolivar Trask) , entre outros, também estão no elenco de X-Men - Dias de um Futuro Esquecido, que estreia em 23 de maio de 2014.


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Capitão América 2 ganha trailer e cartaz

 Capitão América 2 - O Soldado Invernal, segundo filme do primeiro Vingador do Universo Marvel, ganhou um cartaz há alguns dias e teve seu primeiro trailer divulgado hoje. O vídeo, repleto de ação e momentos da trama, pode ser conferido abaixo:




  No filme, Steve Rogers (Chris Evans) continua sua colaboração com Nick Fury (Samuel L. Jackson) e a S.H.I.E.L.D. e luta para aceitar seu papel no mundo moderno, enquanto uma nova ameaça surge direto de seu passado.

Capitao America 2 poster 2 Também estão no elenco: Scarlett Johansson (Viúva Negra), Sebastian Stan (Bucky Barnes/Soldado Invernal), Anthony Mackie (Falcão), Cobie Smulders (Maria Hill), Frank Grillo (Ossos Cruzados), Georges St-Pierre (Batroc, o Saltador), Hayley Atwell (Peggy Carter), Toby Jones (Arnim Zola), Emily VanCamp  (Agente 13) e Maximiliano Hernández (Agente Jasper Sitwell) e Robert Redford (Alexander Pierce, o líder da S.H.I.E.L.D.).














 O filme estreia no Brasil no dia 11 de abril.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Ben Whishaw pode protagonizar cinebiografia de Freddie Mercury

 O ator britânico Ben Whishaw (A Viagem, 007: Operação Skyfall) é o novo favorito para interpretar Freddie Mercury, vocalista da banda Queen, na sua cinebiografia, segundo Roger Taylor, baterista da banda. Tudo indica que Whishaw protagonize o filme, assumindo o papel do cultuado músico tanzaniano.

 Sacha Baron Cohen foi o primeiro nome ligado ao projeto, porém deixou o filme por "diferenças criativas" com os integrantes do Queen. Baron Cohen queria fazer um filme polêmico, voltado para o homossexualismo de Mercury, enquanto os músicos da banda queriam um longa-metragem mais “família”. Foi dito que Daniel Radcliffe, astro da saga Harry Potter, poderia interpretar Freddie Mercury no cinema, devido a sua atuação no filme Kill Your Darlings (onde Radcliffe interpretou um poeta gay); o ator, por outro lado, negou o boato. Dominic Cooper (O Dublê do Diabo, Capitão América – O Primeiro Vingador) também estava entre os candidatos a interpretar Mercury.

 A trama se concentra nos anos de formação do Queen, até o show no Live Aid, em 1985. O filme, provavelmente, não mostrará a doença de Mercury e sua morte, em 1991.

 O produtor do filme, Graham King, tem os direitos de uso de músicas como "Bohemian Rhapsody", "We Will Rock You", "We Are the Champions", "Another One Bites The Dust" e "You're My Best Friend".

 Mais informações serão divulgadas em breve.

domingo, 20 de outubro de 2013

Conto - A Sereia do Agreste

 O crime que sujeitou o seu pobre narrador ao cárcere é realmente um fato que ainda me causa intensos calafrios. Sinto-me ainda perturbado pelo que vi, pelo que senti, pelo que pensei, pelo que fiz...

  Tudo teve início na última apresentação de meu “circo de horrores” numa cidade no agreste pernambucano. Sim, eu era dono de um circo com atrações um tanto assustadoras, que deixavam crianças e adultos com as calças borradas. Tamanhas bizarrices eram encontradas em minhas apresentações o que, de fato, interessava bastante o público. Tive a ideia de apresentar, pela primeira vez, minha mais nova atração em um lugar afastado do oceano: a cidade do Brejo da Madre de Deus, próximo ao povoado de Fazenda Nova, onde ocorre a maior apresentação ao ar livre do mundo (na qual muito invejo). Enfim, minha nova atração horripilante era nada menos que uma sereia verdadeira, que meus amigos e eu conseguimos capturar nas praias da capital. Sem dúvida, a melhor pescaria que já tivemos. Felizmente, a mídia ainda nada sabia da criatura, mas, após o espetáculo que aconteceria no Brejo, Deus e o mundo estariam perplexos em frente à folha do jornal.

 Meu circo era transportado em um trem de carga com vagões para cada tipo de criatura (gêmeos siameses ligados pelo tronco, ciclopes, um curupira de verdade, uma mulher que podia se transformar em macaco...) e um último que ninguém tinha a autorização de mexer, além de mim; era o local em que eu guardava objetos de valor e sentimentais, ou, mais ou menos, meu quarto, já que praticamente morávamos na estrada. Já passamos por diversos Estados brasileiros, famosas cidades, mas pouquíssimas vezes visitávamos o interior de nossa terra natal. Desembarcamos no Brejo no dia 29 de outubro, neste ano vitorioso de 1945. 

Quando lá chegamos, as crianças nos receberam com tamanho entusiasmo:

- Oba! O circo chegou! O circo chegou! – Vibravam elas.

- Eita! Não é um circo comum! É um circo dos horrores! Eles têm uma mulher macaco! – Exclamavam.

  E quando elas descobriram a tal “nova atração especial”, só faltaram pirar de vez. O espetáculo seria daqui a dois dias, e já havia pessoas querendo comprar logo suas entradas.

  Meu grupo e eu decidimos acampar fora da cidade, onde ainda havia trilhos de trem. Os organizadores do evento e as atrações montaram suas barracas nos arredores do veículo. Eu, por outro lado, decidi me aconchegar na cabine do maquinista, não no meu último vagão, por causa do calor. Na madrugada, fui acordado com uma voz. A mais bela voz que já ouvi em meus 35 anos de vida. Parecia um anjo que estava a cantar suas melodias celestiais. Não era, porém, um anjo, mas alguém mais interessante: era a sereia que, dentro da sua enorme caixa d’água, no penúltimo vagão, emitia sons semelhantes a um canto. Uma canção que talvez falasse de sua vida no oceano, de seus amores e ilusões perdias. Não pude deixar a curiosidade de lado e entrei no vagão para observá-la. Ao captura-la, do mar, percebi, juntamente com meus amigos, que a sereia não passava de uma criatura horrenda, com guelras em vez de um nariz, careca, com a pele coberta de escamas, os olhos sem pálpebras... era tipicamente um peixe humanoide; mas, quando entrei em seu vagão, naquela madrugada, deparei-me com uma moça jovem, de rosto angelical e inocente, cabelos longos e castanhos, olhos verdes como o oceano e, de fato, extremamente bonita, até mesmo com aquela cauda, ou barbatana, no lugar das pernas e o corpo escamoso.

  Claro, aquilo poderia ser apenas fruto da minha inesgotável imaginação. Não acreditei, porém, que aquilo era apenas um delírio. Eu estava lá, vendo a garota na caixa d’água cantar suas canções e olhando desconfiada para mim. Tentei me aproximar para iniciar uma conversa, porém ela se afastou assustada.  O que eu poderia dizer a ela? Pedir perdão, por tê-la tirado de seu lar? Mas, onde era seu lar? De onde ela veio? Existiam outros como ela? Foram essas e outras perguntas que, infelizmente, não conseguiram sair de minha boca. Eu estava completamente paralisado pela beleza daquela criatura. Não acredito que, no dia seguinte, o público chamaria aquela bela garota de “aberração”, ficaria com medo ou daria gargalhadas.
 Enfim, lá estava minha pessoa observando a moça que aprendeu a ignorar minha presença e voltar a cantar. Aquela doce voz me deixava tranquilo, porém estava começando a me perturbar um pouco. Decidi sair do vagão, deixa-la em paz. Quando o fiz, pude escutar do lado de fora o som de sua música; até na cabine do maquinista consegui escutá-la. “Por que aquilo não saia de minha cabeça?” pensei. Após muito tempo, com os olhos e ouvidos abertos, consegui dormir. Obviamente, tive sonhos estranhos com a sereia, mas isso não vem ao caso. Eu apenas percebi o quanto desejava aquela criatura para mim, mesmo ela aparentando ser terrível para as outras pessoas. Mas, mesmo se a sereia fosse um ser normal, eu não poderia me relacionar, novamente, com algum trabalhador do espetáculo. Já tive reações com algumas garotas da organização e até mesmo das apresentações de horror, e elas foram embora. Aquilo me deixara um bom tempo deprimido.

  Durante a manhã, os preparativos para o espetáculo foram realizados, as atrações ensaiaram pela última vez e a bilheteria teve todos seus ingressos esgotados. No fim da tarde, quando a apresentação começou, a tenda estava lotada de crianças, velhos e adultos, ansiosos pela “nova atração especial”.  

 A apresentação ocorreu muito bem. Cheia de sustos, risadas e surpresas. Quando chegou a hora da sereia, todos ficaram perplexos. Jornalistas locais, não paravam de escrever em seus blocos, contando o que estavam presenciando; havia até mesmo um fotografo batendo umas chapas. A sereia foi apresentada pelo proprietário do circo, isto é, seu humilde narrador. Confesso de também ter ficado boquiaberto, naquele momento, e, principalmente, quando a criatura começou a cantar, emitindo aquela suave voz que quase não me deixara dormir na noite passada. O público, obviamente, maravilhou-se com aquela apresentação. Quando todos aplaudiram, percebi que a sereia deu um leve sorriso. Foi a primeira vez que a vi sorrir.
 Quando o show terminou, os jornalistas que lá estavam correram em nossa direção para saber mais sobre a criatura. Lembro que eu e minha equipe acabamos dando uma pequena entrevista e, devido ao sucesso estrondoso da apresentação, confirmamos outra em dois dias.

 Sentindo-me cansado, fui tentar dormir, quando toda a confusão pós-espetáculo terminou. Fui acordado na madrugada novamente com aquela voz na cabeça. Aquele canto que me deixara encantado estava começando a me atormentar e eu, um homem particularmente fraco por mulheres, sentia-me enfeitiçado pela criatura que emitia aquele belo som. Levantei do meu colchão (havia resolvido acampar, em vez de ficar na cabine) e andei em direção ao vagão onde estava a sereia. Quando lá entrei, ela não se assustou com minha presença. Pelo contrário, sorriu ao olhar para mim. Retribuí o sorriso, me aproximei e fiquei surpreso por ela não ter recuado. Lá estava ela, com a cabeça para fora da caixa d’água, mostrando aquele rosto angelical nem um pouco monstruoso. De repente, a sereia abriu a boca e começou a cantar aquela doce canção para mim. Aproximei-me mais para poder tocá-la, porém mal conseguia andar de tão perplexo que eu estava. Aquela música, de alguma maneira, não estava me fazendo bem. Eu não conseguia entender aquilo: apreciava e não suportava ao mesmo tempo aquele som. Enfim, consegui chegar perto da moça, pus minha cabeça para dentro da caixa d’água e senti meus lábios encostar os dela. Quando fiz aquilo, aquela música entrou completamente em minha cabeça. Senti meu cérebro desembaralhando-se por aquela sonoridade bela e maldita ao mesmo tempo. Imediatamente, interrompi o beijo empurrando-a para baixo d’água. A sereia assustou-se e começou a ofegar quando apertei seu fino pescoço sob a água; ela não podia se mexer, para me impedir, o que resultou numa morte violenta e dolorosa para a criatura. Havia um sangue negro saindo de sua boca e suas guelras. A sereia não mais possuía aquela aparência humana, mas sua típica e monstruosa natureza.

 “O que eu fiz, meu Deus?!”, é um típico pensamento arrependido de alguém que se perdeu na louca obsessão acabou cometendo o maior crime da vida depois do nascimento. Nem mesmo eu acreditei em minha própria loucura repentina. Matei aquela bela criatura! Fiz com que aquela aparência jovem, e mais bela qualquer garota humana, deixasse de existir, na esperança de quem aquele som musical saísse de minha cabeça. Após o ocorrido, felizmente, deixei de imaginar aquela canção dos mares. Enfim, tinha de esconder o corpo da criatura. Como estava tudo escuro, lá fora, e todos dormiam, resolvi coloca-lo no último vagão, junto com as diversas tralhas. Nele não havia luz, tive de rezar para encontrar um lugar adequado para escondê-la naquele espaço completamente dominado pela escuridão. Não conseguia enxergar, mas botei o corpo ao lado de algumas coisas molengas que cheiravam mal. Após terminar o serviço, saí do vagão e tranquei, sem ninguém ter visto. Nos aposentos da sereia, limpei qualquer evidência do crime.

 Na manhã seguinte, inventei uma desculpa para os organizadores do espetáculo, alegando que a criatura havia ficado doente e ninguém podia entrar em seu vagão, nem mesmo o treinador, para deixa-la se recuperar. Meus companheiros ficaram preocupados com a criatura e com espetáculo. Prometi que ela ficaria bem até a noite da segunda apresentação. Porém, não tinha ideia do que fazer. Eu não poderia dizer que a sereia havia morrido precocemente, isso tiraria o interesse do público e faria do espetáculo um verdadeiro fracasso. Para piorar minha situação, aconteceu algo que me deixou mais uma vez terrivelmente perturbado: a voz e a música da sereia voltaram a atormentar minha mente. A cada minuto que passava, aquele som me enlouquecia. Como aquela coisa não parava? O que deveria fazer para parar com aquele inferno de uma vez por todas?!

 Tive de aturar meus colegas reclamando da suposta doença da sereia e o canto da falecida em minha mente, nada poderia piorar o meu dia, a não ser a chegada do dia seguinte, que teríamos a segunda apresentação. A situação melhorou um pouco dos males quando a noite caiu, pude tentar descansar, mesmo com aquela voz zumbizando em minha cabeça. Eu não conseguia decifrar o que aquela música dizia, era uma língua diferente; porém, ainda não sei a razão disso, sabia que ela estava me alertando a fazer algo.  
 Quando amanheceu, menti para demais organizadores, dizendo que a apresentação da sereia estava sob meu controle. Armamos a tenta do circo e resolvemos deixar pessoas se acomodarem no chão também, pois daria um maior número de gente para assistir ao “Circo dos Horrores do Dr. Abóbora”. De fato, pareceu toda a pequena cidade do Brejo estar no circo, naquela noite.

 Assim como na última apresentação, tudo ocorreu bem, no começo. Eu, por outro lado, não sabia o que fazer. Estava desesperado! O que eu faria para “cancelar” a apresentação da sereia? Quando, infelizmente, chegou meu momento de aparecer no picadeiro para apresentar a atração mais esperada, minha cabeça começou a explodir de dor, por da música que não parava de tocar. Aquilo já estava passando dos limites, eu não aguentaria até o fim do espetáculo.
 Quando apareci para agradecer ao respeitável público e, enfim, chamar a sereia para matar a curiosidade de muitos, senti-me tonto, perturbado com aquela voz que estava cada vez mais alta. Tudo que consegui dizer foi o que finalmente compreendi o que aquela cantoria estava me dizendo: “CONFESSE, SEU ASSASSINO COVARDE!”.

 Minha cabeça girava, eu gritava sem parar: “CONFESSE, SEU ASSASSINO COVARDE!”. Quando coloquei minhas mãos na cabeça para tentar amenizar a dor e me pus de joelhos no meio do picadeiro, finalmente, confessei meu crime. Logo em seguida, desmaiei.

 Então, acordei já na sela de prisão, onde estou relatando esse fato ocorrido aos meus caros leitores. Como se não bastasse, além do corpo da sereia, descobriram as outras trabalhadoras jovens do circo, que haviam “pedido demissão”, juntamente com outras criaturas que haviam “sumido”; suas carnes já se encontravam em estado de putrefação, naquele fétido último vagão. Das vítimas que fiz, devida a minha perturbadora fraqueza pelo sexo oposto, foi a sereia quem, de fato me enfeitiçou, a ponto de eu me incriminar pelos crimes.

 Apesar de ter feito o que a música me pedia para fazer, ela jamais deixou de me atormentar a mente. Aquela voz suave, perturbadora, meiga e assustadora ao mesmo tempo poderá me levar a óbito qualquer dia, ou para um sanatório, onde eu possa fazer amizade com algumas enfermeiras. 







domingo, 13 de outubro de 2013

Gravidade - Crítica

“Agoniante”, “surpreendente”, “original” e “tenso” são palavras que melhor descrevem o longa-metragem Gravidade (Gravity), a nova produção do mexicano Alfonso Cuarón (E Sua Mãe Também, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban). Na sua semana de estreia nos EUA, o filme arrecadou nada menos que US$ 55,5 milhões, tornando-se sucesso imediato.

 Considerado por muitos o melhor filme de ficção científica dos últimos anos (o cineasta James Cameron particularmente adorou o filme, fazendo-lhe altos elogios) e já cotado para as indicações de melhor filme e diretor no Oscar 2014, Gravidade conta com uma história que não necessita de reviravoltas enigmáticas, frases marcantes (apesar dos ótimos diálogos) e complexidades na trama, mas de outros elementos essenciais para chamar atenção do público, como: surpresas, aflições, tensões e, claro, o terror dos personagens e o incrível desenvolvimento da protagonista. Na trama: A cientista médica Ryan Stone (Sandra Bullock) está em sua primeira missão espacial, ao lado do veterano astronauta Matt Kowalsky (George Clooney) e os outros tripulantes da nave Explorer. Quando Russos atiram em um dos seus satélites para destruí-lo, seus estilhaços provocam um desastre que destrói a nave, deixando Stone e Kowalsky como únicos sobreviventes. Os astronautas ficam, então, à deriva no espaço, ligados um ao outro apenas por um cabo. Uma história simples? De fato. Original? Muito. Um filme em que a história é o elemento que menos importa? Por incrível que pareça, sim! 

 A silenciosa imensidão do espaço, a distância da Terra, a falta de oxigênio e, principalmente, a impossibilidade viver em órbita são desafios enfrentados não somente pelos personagens, mas também pelo público.  A perfeição visual e sensitiva de Gravidade permite a quem assiste sentir-se, de fato, no filme. O competente trabalho do diretor Alfonso Cuarón permitiu a realização do filme de ficção científica mais realista desde 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1969), de Stanley Kubrick. Em alguns momentos do longa, me veio em mente possíveis referências ao clássico de Kubrick que revolucionou o gênero e quem acreditou que Avatar (2009), de James Cameron, revolucionaria novamente o gênero para uma nova era de filmes com a temática espacial, pode estar enganado; felizmente, esse fato só aconteceu em 2013. O que deixa Gravidade com mais realismo é o bom uso da câmera em primeira pessoa, durante os melhores momentos de tensão; a ausência de som, que, apesar de ser acompanhada com uma trilha sonora assustadoramente eletrizante de Steven Pride, não era realmente necessária (apenas os gritos e barulhos de respiração seriam suficientes para deixar as sequências mais épicas, mas a trilha não altera a qualidade destas) e as excelentes atuações.

  Sandra Bullock enfrenta boa parte do filme sozinha, apreensiva em sua primeira missão fora da Terra, o que fez de sua personagem uma pessoa assustada que faz o possível para sobreviver. Bullock desempenhou um dos melhores papéis de sua vida, não só pela interpretação de uma “personagem assustada”, mas por seu desenvolvimento. Ao longo da trama, é visível uma transformação de sua personagem, tanto no caráter físico quanto psicológico. George Clooney interpreta o veterano astronauta calmo e sarcástico, contador de histórias e desafiador de recordes, admirador da paisagem que muda de um homem com caráter bonachão e tranquilo para preocupado e estimulador, quando a acontece o acidente durante a missão. No começo, o público deve achar que o personagem de Clooney é apenas um alívio cômico, mas isso não é verdade; no final do filme, é notável que Kowalsky, apesar de aparecer menos que a dra. Stone, fora tão importante quanto a personagem principal.

 Voltando aos recursos técnicos, apesar do perfeccionismo de Cuarón, era impossível um filme como Gravidade não deixar deter alguns erros científicos. Alguns deles foram detectados pelo astrofísico norte-americano Neil deGrasse Tyson, que fez críticas à vários filmes de ficção científica; o físico, após assistir o filme, publicou em seu twitter: “Por que Bullock, uma médica, trabalha na manutenção do Telescópio Espacial Hubble?” “Por que o cabelo de Bullock não flutua sobre sua cabeça em algumas cenas convincentes de gravidade zero?”, entre outras coisas. Apesar dos 12 tweets sobre o filme, Tyson alegou ter gostado de Gravidade. Claro que tais deslizes científicos não tiram a perfeição do longa; seu gênero já diz tudo: FICÇÃO-científica, que procura misturar o imaginário com o real. No caso da produção de Cuarón, o real, apesar das falhas apontadas por Tyson, é o ponto mais valorizado.

 O belíssimo 3D é também um dos fatores que permite o público entrar no filme. Se o tradicional 3D foi uma experiência incrível, não consigo imaginar a sensação de agonia do começo ao fim do filme na sala IMAX. A ótima fotografia presente no longa, feita pelo computador, provavelmente, também é um belo recurso acompanha as melhores cenas de voo e destruição em órbita. Falando em cenas de voo, os atores tiveram de fazer treinos específicos para astronautas para encarar com perfeição o papel, simulando da melhor maneira um astronauta girando em órbita. Sandra Bullock teve de gravar a maioria das cenas em uma caixa vazia durante horas. Os excelentes efeitos visuais darão, com certeza, à Gravidade prêmios na categoria de melhores efeitos ou fotografia, além de outras indicações.

 No final, Gravidade mostra que é possível encarar a paisagem além de admirá-la, pois a persistência da dra. Stone para voltar para Terra é o momento em que a personagem atinge seu nível máximo de maturidade e desenvolvimento, sendo o fato de ficar praticamente sozinha no espaço e lutar para retornar pra casa um desafio que, futuramente, contribuísse para uma ação de alta dificuldade. A perfeita mistura de ação, drama e ficção científica, momentos de extremo espanto e angústia protagonizados por ótimos artistas em mais filme com o inquestionável talento de Alfonso Cuarón na direção. De fato, Gravidade fará, não só seus olhos saltarem das órbitas, mas os pulmões e coração saírem pela boca.

Gravidade (Gravity)
Direção: Alfonso Cuarón.
Produção: David Heyman, Alfonso Cuáron.
Roteiro: Alfonso Cuáron, Jonás Cuarón.
Trilha Sonora: Steven Price.
Elenco: Sandra Bullock, George Clooney, Ed Harris, Paul Sharma, Amy Warren.
Nota: 9

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Lista do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro tem número recorde de países na disputa pela indicação

  Foi divulgado nesta segunda-feira (2) pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood que há 76 países na competindo pela indicação do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, sendo um número recorde que conta com países que participam pela primeira vez: Moldávia, Montenegro e a Arábia Saudita.

 “O Som Ao Redor”, produção pernambucana de Kleber Mendonça Filho (Recife Frio), está representando o Brasil na possível candidatura à estatueta. Entre os outros candidatos latino-americanos, estão: o argentino "Wakolda", de Lucía Puenzo; o chileno "Gloria", de Sebastián Lelio; o colombiano "La playa DC", de Juan Andrés Arango; o dominicano "¿Quién manda?", de Ronni Castillo; o equatoriano "The porcelain horse", de Javier Andrade; o mexicano "Heli", de Amat Escalante; o peruano "The cleaner"; o uruguaio "Anina", de Alfredo Soderguit, e o venezuelano "Brecha en el silencio", de Luis Alejandro Rodríguez e Andrés Eduardo Rodríguez.


 A lista dos indicados ao Oscar 2013 será divulgada no dia 16 de janeiro. A 86ª edição do prêmio mais famoso do cinema acontecerá em 2 de maio, no Teatro Dolby, de Hollywood. 

Resenha crítica do filme "A Guerra do Fogo"

Recentemente, assisti ao filme "A Guerra do Fogo" na Faculdade e, como trabalho para a aula de Humanidade, o professor pediu uma resenha crítica do filme. Decidi postá-la no blog, pois talvez seja interessante também para os leitores. Um aviso: "A Guerra do Fogo" é um daqueles filmes obrigatórios!


  Produzido em 1981, mas datado de milhões de anos atrás, o longa-metragem “A Guerra do Fogo”, dirigido por Jean-Jacques Annaud (O Nome da Rosa), mostra os primórdios da raça humana, logo após a descoberta do fogo, que é desejado por todas as tribos que o veem como símbolo de poder.

  O fogo era, então, a maior cobiça dos indivíduos e principal motivo de ataques e confrontos, e quando é roubado de uma comunidade por outra rival, cabe ao líder e seus dois companheiros partirem para recuperá-lo. Na busca pelo combustível, os homens passaram por diversas experiências fundamentais para o futuro processo de evolução; entre elas, a questão “homem x natureza (flora e fauna)”: há, no longa, uma cena em que os 3 homens, fugindo de tigres-dentes-de-sabre, procuram proteção em cima de uma árvore e um momento em que o líder procura estabelecer uma comunicação com um mamute, oferecendo-lhe comida, fazendo entender que o meio em que homens e animais vivem pode ter espaço suficiente para os dois e que uma forma de cooperação é possível. Mais tarde, o homem aprendera a domesticá-los.

 O comportamento racional humano em desenvolvimento também é colocado no filme, principalmente no momento em que um membro do grupo que parte pela busca do fogo cospe um pedaço de carne que comera, ao perceber que era humana; eles, portanto, tinha consciência de que o canibalismo, ou antropofagia, não devia ser praticado, diferente de outros grupos que aderiram o infeliz costume. Quanto ao comportamento sexual, as relações entre machos e fêmeas eram realizadas praticamente da mesma maneira que os outros animais, até o casal principal do filme criar uma maneira mais humana de praticar atos sexuais, “face a face”.

  Em “A Guerra do Fogo”, é notável que os grupos de humanos, apesar de primitivos, possuem um sistema de comunicação bem desenvolvido, para os seres pré-históricos, e, acima de tudo, uma cultura. Cada povo possuía sua forma de se expressar, costumes, maneiras de comunicação e técnicas que, com o tempo, foram passadas de indivíduo para indivíduo. Como exemplo, podemos citar a “receita” para fazer fogo, que era dominada apenas por um grupo, até o líder da tribo que buscava por fogo aprendera e, assim, não precisou mais guerrear pelo combustível. Fazendo o fogo, o homem poderia criar sua principal fonte de poder, sem auxílio de uma força maior, por assim dizer. Pode ser prudente afirmar que há características antropocêntricas no filme, ou, pelo menos, uma pequena introdução ao pensamento de o homem ser o centro de tudo.

  Quanto aos recursos técnicos, “A Guerra do Fogo” é um dos longas-metragens que melhor retrata a vida no tempo das cavernas, sendo muito elogiando por cientistas e historiadores, por possuir excelentes direções de arte, fotografia e maquiagem; este último recurso rendeu ao filme um prêmio Oscar, em 1983. Falando dos atores, todos parecem ter sido enviados de uma máquina do tempo, da pré-história para a atualidade. Ron Perlman (o Hellboy do cinema) atua como um membro do clã principal na sua estreia no cinema; mais tarde, em 1986, o ator voltaria a trabalhar com o diretor Jean-Jacques Annaud em “O Nome da Rosa”.

 No final, o filme nos faz refletir na cena de encerramento, em que o casal protagonista olha atentamente para a Lua, provavelmente pensando no que estava a vir pela frente, e a fêmea percebe que está grávida: Uma nova vida, para um possível novo mundo, com novas descobertas e tecnologias. Ao assistir “A Guerra do Fogo”, me perguntei: Será que também estamos próximos a evoluir para uma raça de inteligência superior? O que está por vir? Vamos ter uma descoberta tão importante quanto o fogo ou a eletricidade? É incrível como voltar ao passado, nos faz pensar tanto sobre o futuro.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Conto - A órbita vazia de Ernesto (Parte III)

 Assim que pus os pés na cozinha, recebi uma enorme carga do pior choque que alguém pode levar. Deparei-me como corpo de uma das cozinheiras estirado no chão, sobre uma poça de sangue que escorria devido um feito à faca na barriga, e um rasgo enorme na órbita direita, que já não possuía mais um olho. Acho que não preciso dizer quem, obviamente, havia feito aquilo. Agora tudo estava perdido para o velho empregado, tornara-se um assassino!  

 Ao ver o corpo da cozinheira, que fora uma das coisas mais terríveis que presenciei, meu grito de horror não saíra, pois ele fora interrompido por um forte golpe de um objeto metálico que senti na cabeça, deixando-me tonto. Caí no chão e agonizei de dor. Pude ver, de forma embaçada, Ernesto segurando um candelabro com a mão esquerda enquanto segurava uma faca ensanguentada, com um olho na ponta, com a direita. Sem mais nem menos, o velho afastou-se de mim, estava indo à escada. Ele sabia que minha namorada estava no segundo andar. Ernesto não queria meu olho direito, mas o dela.
 Eu estava tonto demais e lutei para levantar sem cair no chão ou mais próximo da poça de sangue que estava escorrendo pelos azulejos brancos da cozinha. Gritei por socorro, mas em vão, pois minha voz estava fraca, devido aos tamanhos choques e a dor insuportável que sentia na cabeça. Eu tinha deter Ernesto. Meu desespero ajudou-me esquecer do ferimento na cabeça que latejava, porém ainda me sentia tonto.

 Cambaleei até o hall da escada que dava acesso aos outros andares e vi o empregado subindo para atacar a senhorita Lisa. Apesar de estar enxergando tudo “girando”, lutei para permanecer de pé e não cair. Quando um grito desesperado veio da cozinha (alguém, finalmente, havia encontrado o corpo e chamaria os seguranças), Ernesto virou-se de costas assustado e se deparou comigo logo atrás, prestes a tentar mobilizá-lo. Ele foi mais rápido que eu, desferindo-me um golpe a faca, cortando meu rosto. De repente, senti minha visão direita tornar-se escura; a faca havia cortado minha córnea tão profundamente que me fizera perder a visão. O sangue jorrava.

 Quando o velho movimentou-se para me atacar novamente, Lisa aparece desesperadamente na escada, agarrando as mãos armadas de Ernie, impedindo-o de me esfaquear. Este, com uma força inacreditável, conseguiu livrar-se dela, atirando a garota para o lado. Fiquei com raiva e me joguei em frente ao velho para ataca-lo, alguma que nunca imaginei que fosse fazer um dia. Avancei, então, cheio de dor e tontura, para cima de Ernesto; travamos um violento confronto físico que nos fizera rolar escada abaixo.  Quando caímos no piso do hall, senti meus músculos moídos, ocasionando uma dor insuportável. O velho estava lá, deitado de barriga para baixo, tremendo. Fui verificá-lo e vi aquele fenômeno mais que estranho e perturbador, que já havia presenciado, porém jamais consegui explicar: lágrimas, vindas de sua órbita vazia, mesmo não tendo um órgão de visão, tampouco canal lacrimal, saiam por baixo de seu tapa-olho. Mesmo chorando e tremendo, Ernie pegou a faca numa fração de segundos e golpeou-me no olho esquerdo, sem mais nem menos. A dor me fizera perder os sentidos. Pude ouvir passos de pessoas armadas chegando ao local do incidente e, logo após, desmaiei.

 Quando acordei no hospital, descobri uma série de coisas: Assim que abri os olhos, percebi que agora poderia enxergar mais nada além de uma imensidão negra; Lisa, minha futura noiva, havia encontrado a chave dos aposentos de Ernesto e a polícia encontrara lá dentro potes com os olhos das aves e dos defuntos, ainda descobriram que, além da cozinheira, Ernie havia matado um dos jardineiros e escondera seu olho nos bolsos da calça; por último, descobri que o velho empregado havia morrido de um ataque cardíaco, após ter me atacado e recebido ordem de prisão.


 Fiquei muito triste quando soube da morte de Ernesto. Eu não pude sentir ódio daquele senhor que conhecia desde o dia que nasci, pois ele era apenas outra vítima das insanidades da mente humana. Sua loucura veio da obsessiva paixão e o desejo desesperado de possuir tal coisa que sempre desejara. Esse era o problema que incapacitava Ernesto de enxergar a razão e a triste realidade. 

  Apesar de eu não mais ter o privilégio de ver minha amada, nem meus entes queridos ou algumas outras pequenas coisas que me satisfaziam, acho que, na minha humilde opinião, mais vale perceber, sentir, ou até mesmo imaginar o mundo do que simplesmente ver suas tantas negatividades e os poucos atos que nos fazem ter menos esperanças nele. A realidade, porém, pode ser invisível para mim agora, mas deve ser encarada da mesma maneira como sempre fora. 




Conto - A órbita vazia de Ernesto (Parte II)

Após um tempo, todos os habitantes das terras de minha família notaram um acontecimento assustadoramente estranho: algumas aves, galinhas, gansos, patos e um pavão, que criávamos na pequena fazenda da propriedade, foram encontradas mortas nos arredores do local. Os pobres animais apresentavam a mesma mutilação que causara a morte: o olho direito arrancado da órbita. Jeito estranho de matar um animal, sem falar no, ainda mais estranho, fato de o assassino ter levado o órgão tirado do bicho e deixado o corpo lá. Se fosse algum ladrão, obviamente teria levado os restos da ave, ou sequer matado.

 Claro que eu sabia quem era o responsável pela morte das pobres aves, só não queria acreditar. Não podia acreditar! Ernesto jamais fez mal a uma mosca, nem mesmo matava os escorpiões ou cobras que apareciam nas pedras e jardins da propriedade. Porém, como eu estava presente naquele desagradável dia de pescaria e vi o que aconteceu, era impossível não tirar a ideia de que Ernie era o responsável pelas mortes da cabeça. Não podia comentar isso com alguém da família ou com outro empregado, pois julgariam a mim como o pobre insano, e não o velho.

 Tudo piorou quando a governanta da mansão faleceu. Velamos o corpo durante o dia, dentro de casa. Todos os empregados, cozinheiros e ajudantes estavam abalados, exceto Ernesto que sequer expressava-se, o que era estranho, pois ele sempre se relacionou muito bem com a falecida Senhorita Carter. Durante a tarde, enterramos o corpo no cemitério da vila local, onde estavam acontecendo mais dois enterros. Após depositarmos o caixão na cova, todos saíram para tomar seu rumo, menos Ernie, que ficou lá parado, observando o túmulo da velha governanta. “O que será que ele estava pensado?” me perguntei, até que resolvi tentar falar com ele:

- Ernie, - Chamei. – não acha melhor irmos embora?

 O velho tomou um pequeno susto quando o chamei de repente, abrindo um pequeno sorriso e respondendo:

- Sim, meu filho, Tem razão. Acho que não há mais nada para ver, por aqui.

 Sua resposta fora uma das coisas mais fingidas que já ouvira na vida. Finalmente, fomos para casa quando já estava prestes a anoitecer.

 Quando a noite caiu, minha família e eu fomos jantar. Comemos pouco e decidimos ir dormir mais cedo, exceto os empregados, que, ainda abalados com a morte da velha governanta e com a chacina que acontecera no galinheiro (na qual eu sabia quem era o responsável, porém tinha medo de dizer), estavam impossibilitados de sentir sono. Durante a noite, não vi Ernesto em lugar algum da propriedade. Resolvi verificar se ele estava em seus aposentos, mas a porta estava trancada, presumi que ele já estivesse dormindo. Eu me sentia cansado, porém ainda preocupado com o velho empregado; mesmo assim, decidi ir para cama.


 Fui despertado, na manhã seguinte, com uma notícia terrível! O túmulo da Senhorita Carter, nossa governanta, havia sido violado, assim como os outros dois recentes. Fiquei ainda mais aterrorizado quando me disseram o que roubaram dos túmulos: os olhos direitos dos defuntos. Roupas, joias, relógios, nada disso fora levado, somente o órgão que já não mais enxergava daquelas pessoas. Ernesto virou um ladrão de túmulos! Jamais pensei que uma das pessoas que mais tinha confiança pudesse fazer isso! Eu não podia fingir que nada havia acontecido. Precisava, urgentemente, denunciar o empregado. 

  Meus pais eram aquelas pessoas rígidas, que não aceitavam ouvir mentiras, e eu, que era apenas um garoto de 16 anos, tinha autoridade nenhuma, nem mesmo evidências que comprovassem que Ernie era o culpado pelos crimes. Como era de se imaginar, meus pais não acreditaram em mim e me mandaram não dizer mais aquelas bobagens. Mas, eu não conseguia tirar aquilo da cabeça.  O que diabos Ernesto seria capaz de fazer agora? Procurei o velho por todos os lugares, mas não o encontrei, o que me deixou com medo. “O que será que ele está fazendo?” me perguntava. Fui até seus aposentos, bati a porta e chamei seu nome... nada! Tentei abrir... trancada! Era domingo, seu dia de descanso, porém Ernie jamais respeitava essa regra. Queria chamar meu pai para tentar convencer o empregado a abrir a porta do quarto, mas imaginei que aquela seria uma péssima ideia. Até porque meus pais não estavam em casa, haviam saído para resolver assuntos no centro da vila. Fiquei lá parado, até escutar uma voz doce e suave chamar meu nome.

  Era minha namorada, a bela senhorita Lisa. Eu estava feliz em vê-la, mas, ainda assim, perguntei:

- O que estás fazendo aqui?

 A garota, antes de responder, agarrou-me para me dar um beijo. Em seguida, falou:

- Eu havia ligado para sua casa, de manhã cedo, mas você estava dormindo. Sua mãe disse que estavas com algum problema e me pediu para visita-lo, durante a tarde. Estive preocupado contigo! Não o veja há dias e sinto muito sua falta.

 É claro que eu também sentia falta da minha menina, mas não pude esconder dela minha obsessão pela ideia de que o velho Ernesto seria o responsável por aqueles crimes. Precisava contar à Lisa o que eu vi e imaginei, mas tive medo que ela me jugasse como uma pessoa de “imaginação delirante”, assim como meus pais. Enfim, contei.

 Graças aos céus, pelo menos Lisa pareceu acreditar em mim, querendo, de algum jeito, entrar nos aposentos do empregado para encontrar alguma evidência que comprovasse sua culpa pelos crimes. De repente, veio-me em mente uma ideia que já devia ter pensado há horas! Havia um quarto no final do corredor do segundo andar de minha casa que servia de depósito para gaveteiros. Com certeza, em uma das gavetas estariam guardadas todas as cópias das chaves dos cômodos da casa, ou até mesmo em uma das prateleiras da cozinha.

 Portanto, resolvemos nos separar par encontrar a maldita chave: Lisa fora procurar no quarto de depósito enquanto eu desci as escadas até a cozinha para a busca.


(Continua...)