sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Insanidades de Família (Parte III)

   Quando finalmente entrou na suíte do casal Negromonte, não havia ninguém na cama, tampouco no quarto, mas o banheiro estava ocupado. O barulho da chuva estava intenso e Tobias não pôde saber se havia alguém tomando banho de chuveiro. Quando a figura alta e robusta do senhor Negromonte saiu do sanitário, Tobias não pensou duas vezes e avançou contra o homem. Este revidou, empurrando o garoto para o lado. Tobias atacou novamente o assustado senhor Negromonte que estava de pé sem entender o que havia acontecido com aquele rapaz.

 O senhor Negromonte, após conseguir derrubar Tobias novamente, correu assustado para fora do quarto. Ao chegar no corredor, deparou-se com a terrível cena de sua mulher carregando o corpo de seu filho para coloca-lo dentro de um saco escuro. A senhora Negromonte olhou para o seu marido com um sorriso extremamente diabólico. O grito de horror do homem jamais saiu, pois fora interrompido pelo barulho do pedaço pontudo de pedra perfurando sua cabeça. 

  Tobias tenha certeza de uma coisa: matou, limpou. Ao limpar o local e retirar o corpo do senhor Negromonte, olhava sua ajudante fazendo o mesmo com o corpo de seu filho.

- Você realmente odiava esses dois, não é? – Perguntou Tobias.

Brenda Negromonte deu uma gargalhada e respondeu:

- Meu marido também vivia me traindo, não me dava atenção, coisa e tal. E esse moleque nem era meu filho, adotamos ele quando perdi meu segundo bebê. Tudo que eu sempre quis foi me livrar dessas duas pedras de sapato e passar a viver com você, meu melhor aluno de medicina.

- Acho que não devemos voltar para a faculdade. Vamos ter que ganhar a vida por aqui mesmo. Fiz o que você pediu, não matei sua filha.

- Mas tirou a virgindade dela, seu animal! Ela podia ser uma prostituta virgem, mas não! Você tinha que arrombar aquela que seria futuramente arrombada! 
  
  Houve uma pausa, depois os dois caíram na gargalhada devido a última frase de Brenda e se beijaram loucamente. Após terminarem a limpeza, os dois foram verificar se a garota estava acordando após a dose de clorofórmio que havia inalado. Ela seria a mina de ouro da “família”.  Tudo que Tobias e Brenda haviam planejado há quase 6 meses estava finalmente funcionando. O rapaz era nada mais do que um psicopata de longa data que havia conquistado sua professora de medicina da faculdade devido a sua inteligência e caráter exótico. Brenda, uma mulher frustrada com o emprego, casada de conviver a rotina com a família e com desejo de “trocar o carro antigo por um mais novo”, acabou revelando sua verdadeira identidade e estava mais que feliz por isso.


  Mais tarde, quando a filha de Brenda acordou, Tobias fora ao seu quarto levar-lhe uma bandeja com seu jantar. A garota perguntou:

- Pra quê isso?

- Você comeu pouco durante o almoço, achei que estivesse com fome. – Respondeu o rapaz, empurrando a bandeja para a garota. – Quantos anos você tem? 18? 19?

- Ela tem 17. – Respondeu Brenda, que observava tudo pela porta. – 17 anos, idade de começar a trabalhar. Certo querida?

- Oxente! – Exclamou Tobias. – 17 anos? Com essa idade eu já trabalhava. 

- Filha, você me deixa limpar sua boca com esse meu pano? – Perguntou a mãe quando a filha sujou-se com o molho do sanduíche.

 A garota nem respondeu e Brenda esfregou o pano cheio de clorofórmio em seu rosto. Tobias, sem entender, perguntou:

- Pra quê isso, de novo?

- Ela não percebeu que estava sem roupa, nem você.

  Novamente, os dois caíram na gargalhada, mortal, diabólica e um tanto cativante.

- Vamos prendê-la na cama e espera-la acordar para contar-lhe como será sua vida, de agora em diante. – Disse Brenda, com crueldade.

  Assim, a loucura e insanidade tomará conta de outro cidadão habitante do lugar de onde veio seu amigo narrador.

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